As modificações que o Felipão fez ao longo desse jogo contra Camarões era tudo que ele poderia fazer com o material humano de que a seleção brasileira dispõe no grupo.
Com o adversário do nível da equipe africana essa partida foi a oportunidade que o técnico tinha para testar outra formação visando os jogos decisivos na próxima fase do Mundial.
Para quem achava que seria um jogo fácil, as coisas só mudaram no segundo tempo, quando Luiz Felipe Scolari fez as modificações que se esperava.
E a seleção de Camarões até que se comportou como um belo sparring, cuja estratégia tinha nitidamente o dedo do técnico alemão Volker Finke que conseguiu fazer de uma equipe tecnicamente frágil um ensaio do que seu treinador poderia fazer se tivesse em mãos uma equipe com mais recursos.
Se em alguns momentos Camarões até iludiu a defesa brasileira, o desenho do único gol que os Leões africanos fizeram na Copa dá a dimensão do quanto a seleção brasileira precisa mudar para se adequar a um adversário com padrão diferente de evolução tática que já é uma tendência nessa Copa.
Para quem não se deu conta, o gol dos africanos siau de uma investida do lateral-direito Nyom pela esquerda, cruzando a bola para o zagueiro-central Joël Matip concluir para o gol, dentro da pequena área.
Já foi o tempo em que havia aquele jogador fixo atuando apenas dentro de seu setor. O novo xadrez do futebol desconstrói tudo aquilo que era formato dentro das quatro linhas, que ficou manjado, enfim. Por isso que vislumbramos nessa Copa resultados inusitados.
A entrada de Fernandinho no segundo tempo deu à seleção brasileira uma outra dinâmica, no momento em que as outras equipes também dispões de um coringa em campo, aquele que pode facilmente transitar entre todos os setores do campo, com a competência até de fazer gol, como fez o Fernandinho nessa partida.
O que se espera de uma grande técnico é justamente essa postura e essa competência de alternar algo que não funcional para alguma mais eficaz, que pelo menos deu certo contra Camarões.
O Chile certamente tem seus recursos para prosseguir na disputa, assim como acreditamos que o Felipão vai apresentar suas armas nessa guerra que vai começar na oitavas de final.
A capacidade de Felipão de evoluir na Copa é o seu próprio poder de matar um leão por dia até a grande final.