segunda-feira, 17 de setembro de 2018

A culpa é dos santinhos

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   Eu estava dia desses revirando coisas antigas guardadas e encontrei o título de eleitor de minha mãe. Automaticamente me reportei àquele tempo em que as ruas ficavam cheias daqueles papeizinhos de candidatos, os famosos santinhos, que certamente contribuíram muito mais para entupir bueiros do que convencer o eleitorado. 
  Pode ser, inclusive, que as ruas da cidade fiquem alagadas em boa parte por causa desses malditos panfletos. Mas isso é assunto para depois, até porque não está na pauta dos candidatos de agora.
  Voltei lá atrás, indo votar com a d. Zélia, naquela confusão nas ruas, e mamãe escrevendo o nome dos candidatos na cédula. Nossa... lá se vai tempo! E aquela mesma expectativa que se vê hoje, de discussões acaloradas e inúteis.
  Daquele tempo, de quatro ou cinco décadas atrás, até os dias de hoje, todas as mudanças no processo eleitoral não traduziram efetivamente um cenário adequado à realidade desses novos tempos.
  Ao longo dessas décadas, quem se propôs governar nossa cidade, o estado ou o país não operou as transformações necessárias. Houve mudança de regime, de tecnologia e tudo mais, mas sem, contudo, reverter o quadro geral em todas as esferas de governo.
   Assistindo agora a esses bate-bocas sem fim nas redes sociais, o eleitor mais antigo vai lembrar que essas brigas e discussões já existiam nos bares, nas praças, nos transportes, enfim, em qualquer lugar onde havia aglomeração de pessoas, como é hoje o ambiente virtual, mas que reproduz fielmente tudo aquilo que acontecia em período eleitoral naquela época.
  Não é verdade que aquele período foi melhor como afirmam muitos. Foi apenas diferente. A expectativa de dias melhores que marca os discursos e promessas em todos os pleitos é a prova de que tudo continua a mesma coisa, pois, todo mundo bate nessa tecla para atrair seus seguidores, usando a linguagem bem adequada aos tempos atuais de como se define os eleitores.
   Quem ainda vota hoje com a mesma esperança e euforia dos tempos de mamãe também nutre a frustração de outrora, e minha certamente estaria nesse rol.
  A continuar esse estado de coisa em todos os pleitos só nos resta reivindicar o fim dos santinhos. São eles os maiores culpados por comprometerem nosso futuro, entupindo nossos bueiros.
   

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