quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Tempo perdido


   Se tem uma coisa que é quase impossível mensurar é o tempo em que nada acontece; aquele período em que tudo é inviável; aquele espaço de instantes em que nada condiz com as voltas que o ponteiro dá.   Para ser mais preciso quanto às incertezas do homem, voltemos ao tempo em que a areia escorria pelo funil da ampulheta, numa mostra do quanto já dura essas vacilações.
   Se outros eventos nos permite essa transposição, não é diferente em período eleitoral entrar nessa máquina do tempo e constatar as lacunas que ficam para trás na trajetória do homem público. É impressionante como o sujeito que é escolhido para representar perde a chance de um grande efeito perante a sociedade.
   Hoje é muito comum essas pessoas saírem da vida pública pela porta dos fundos, em vez de figurar na galeria das grandes personalidades. 
   Há uma gama de personagens que se perdem em seus próprios projetos de vida como quem tropeça em suas pernas, transformando seus ideais num verdadeiro cipoal.
  Se o fracasso do homem comum fica restrito a seu mundo particular, sua dores e revezes não fustigam ninguém além de si mesmo. Para o homem público suas limitações no trato com a coisa publica surtem efeito em outra dimensão porque habita o campo do interesse coletivo.
    Andando pelas ruas do Rio de Janeiro é fácil perceber que as promessas que foram feitas em prol de nossa cidade ficaram presas no discurso. O Rio que sempre teve o status de uma grande metrópole vai perdendo essa característica à medida vemos cada vez mais precários os principais serviços públicos.
   Nessa campanha, especificamente, vemos as figuras que tiveram a oportunidade de realizar grandes feitos na cidade maravilhosa em ocasiões anteriores, e agora surgem com as mesmas propostas em outras funções, passando despercebido para muita gente que eles podem frustar a população novamente, por, simplesmente, prometerem algo completamente fora da alçada do cargo que reivindicam ocupar.
   E com isso mais uma eleição com a expectativa de sempre, mas sem a garantia das mudanças necessárias, porque a ação do homem público é tímida por força de interesses e falta de coragem.
   Ao cidadão cabe sua cota de responsabilidade por insistir nesse modelo de administração que fica restrito à superficialidades, em que, não só a cidade como o estado e o país vão sendo maquiados apenas.
   Para não imperar mais essa sensação de tempo perdido, seria ideal que ficasse para a posteridade a marca dos grandes homens públicos estampada na transformação da cidade, em vez dessa eterna expectativa de dias melhores.
  

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