segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Vida longa aos contadores de história

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  De tanto a gente ver sumindo do mapa nossos registros antigos, não demora muito e vamos reivindicar aos céus vida eterna aos contadores de história, aqueles personagens que vão sempre espalhar por aí que um dia já tivemos um cérebro bem menor que hoje, mas que não adiantou nada essa mudança.
   Até os fofoqueiros, tão execrados pela vizinhança, ganharão status de celebridade e nesses tempos de redes sociais terão mais seguidores que políticos em propaganda eleitoral.
   Pela velocidade com que nossos vestígios vêm sendo deletados, não há garantias de que esse acervo ficará guardado por muito tempo. Assim, pode ser que não consigamos mais provar que já saímos da caverna faz tempo, o que pode, de repente, fazer surgir questionamentos sobre nossa própria existência.
   De qualquer forma, independente de os contadores de história ganharem ou não o reino dos céus, essa era contemporânea já pode ser considerada o período em que os tempos se confundem. Muito menos pela relatividade que o velho Einstein teorizou, mas sobretudo pela mudança de rumo que o homem dito moderno operou em sua própria história, desconstruindo o passado, o que, automaticamente, compromete o futuro.
    Não é de hoje que rola esse expediente de apagar os vestígios de quando tudo e as coisas engatinhavam. De tempo em tempo o que muda é a forma como a gênese das coisas vão de esvaindo como fumaça.
   Se hoje é um feito inédito queimar museus, em outros tempos a Inquisição e outros regimes totalitários já queimavam livros. O objetivo é o mesmo: frear a difusão do conhecimento.
    Aqui no Brasil, esse descaso com a cultura e seus elementos de maior valor não deixa de ser exclusão do saber da vida social. Não interessa que se saiba de onde viemos. Só importa traçar os rumos da humanidade e a dimensão de seu buraco, até que caibam todos dentro.

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