Depois do resultado das eleições o normal é uma certa tranquilidade, ainda mais com toda aquela efervescência de rivalidades e discussões ao longo da campanha. Mas eis que durante a fase de transição iniciada, quando tudo começa a entrar nos eixos, um novo governo ganhando formato, justamente o presidente eleito, Jair Bolsonaro, aviva o fogaréu que já estava quase brando.
Se a escolha dos integrantes do novo governo provocou as costumeiras discussões e especulações sobre um ou outro, a explanação de Bolsonaro sobre o fim do Programa Mais Médicos com a consequente saída dos médicos cubanos, além de realimentar o velho racha ideológico que norteou a disputa, ainda revelou o despreparo do presidente eleito com questão de alta relevância que é a saúde pública no Brasil.
Já é praxe no Brasil que o novo governo não prossiga com alguns projetos da gestão anterior, e o período de transição acaba por mostrar as mudanças que virão, e as decisões tomadas são sempre calcadas em ideias e projetos prontos, pelo menos é assim que a sociedade espera que aconteça, mas o futuro presidente resolveu quebrar o protocolo ao disparar contra o programa que é uma das marcas do governo petista, que de uma forma ou outra atingiu o objetivo que se pretendia de fazer chegar ás regiões mais necessitadas atendimento de saúde básica à população.
Mas parece que as consequências e efeitos na vida das pessoas com essa decisão ficaram em segundo plano no momento em que Jair Bolsonaro deu conotação ideológica, além do momento completamente inoportuno, provocando reações imediatas e as considerações sobre tão tresloucada decisão.
Para começo de conversa, nem o titular da pasta da Saúde foi escolhido. Era ele quem deveria anunciar o fim do programa, já com um plano pré-estabelecido dentro de todos os critérios técnicos que cercam a questão, mas só depois com todos já empossados.
Com relação ao programa que será interrompido, segundo o presidente eleito, é totalmente irrelevante discorrer sobre a forma como Cuba conduz esse projeto dentro de seus domínios. A soberania daquele país permite a qualquer nação reconhecer a seriedade com que é tratada a questão da saúde na Ilha, bem diferente daqui, obviamente.
Não interessa para nós brasileiros saber o destino que o governo cubano dá aos recursos pagos pelo Brasil. O importante é o resultado do projeto na área da saúde aqui no território brasileiro. E isso foi ignorado, tanto nessa discussão inútil nas redes sociais quanto por parte da imprensa em seu cotidiano.
Agora, é esperar o futuro governo preencher mais que imediatamente as lacunas que certamente ficarão com a interrupção do Programa Mais Médico. O mínimo que Jair Bolsonaro já pode fazer é adiantar o nome do titular da pasta da Saúde para traçar novas diretrizes para o setor, principalmente nas áreas que serão afetadas pelo fim do programa. Porque, com essa debandada dos cubanos, até que as vagas sejam preenchidas muita gente pode ficar sem atendimento, o que é inadmissível para uma causa das mais importantes.
Se o futuro presidente tratar a questão da saúde sem o viés ideológico com que poderá tratar outros assuntos certamente vai ver que a saúde dos brasileiros está acima tudo.
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