terça-feira, 11 de dezembro de 2018

A Lagoa é reluzente

  
 Houve um tempo em que a Lagoa Rodrigo de Freitas tinha um charme bem diferente de todo esse brilho que essa árvore desperta nessa época do ano.
    A Lagoa como um recanto original do Rio nunca precisou de outros elementos  para complementar a sua beleza projetada em seu próprio espelho d'água, porque, seja de dia ou à noite, há algo majestoso naquele manto que nem mesmo os passantes, muitos deles não percebem.
   Sou da época do Tivoly Park, que era um atrativo à parte, mas que não acrescentava nada à beleza da Lagoa. Nem mesmo o odor fétido dos peixes mortos naquele tempo não tirava o frescor da bela paisagem, pois a Lagoa já exalava sua própria fragrância e não era um fedor qualquer daqueles sazonais que iriam tirar-lhes a essência.
   Eu falo e refaço essa cena porque eu já vivi a atmosfera dali em tempos de outrora, quando eu  frequentava a rua Fonte da Saudade e sempre tirava um tempinho para ficar sentado na beira da Lagoa contemplando todo aquele cenário maravilhoso com o Morro Dois Irmãos ao fundo.
   Hoje, dificilmente essa árvore de brilho artificial torna a Lagoa mais feia ou bonita. Por mais reluzente que ela(a árvore) seja, dificilmente ela inspire os corações de quem já conhece não é de hoje a geografia da Lagoa, incluindo suas curvas, as gaivotas que nela sobrevoam, o rush dos carros, ciclistas e corredores.
    Se há um sopro de inspiração naquele pisca-pisca gigante, só se for para os forasteiros, aqueles que conhecem a Lagoa apenas pelo cartão-postal, porque para nós que já vimos a Lagoa tipo que nua em pelos, toda vez que passamos pela Curva do Calombo ou contornado pela Borges de Medeiros rola um misto de nostalgia e satisfação.
   Que a Lagoa Rodrigo de Freitas possa cada vez mais atrair e instigar olhares românticos, de preferência sem esses acessórios de ocasião, pois a nossa eterna e reluzente Lagoa não precisa de enfeites, ela tem brilho próprio.
 

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