O Supremo Tribunal Federal deu um desfecho favorável à sociedade brasileira sobre um caso de uma jovem assassinada em 1958, em que a família da vitima vinha ao longo desses anos por meio jurídico tentando fazer com que o caso caísse no esquecimento, ou seja, impedir que os meios de comunicação tornassem público, trazendo à tona, ou melhor, à lembrança, um fato que certamente repercutiu bastante.
Nunca é demais lembrar que a imprensa é sempre o primeiro alvo quando se aventam a possibilidade de ocultar fatos, situações, realidade. Claro, a imprensa de uma maneira bem ampla mesmo, estendendo a tempos bem distantes, quando antes de Jornal, Rádio e Televisão, as artes e a literatura é que tinham essa função de divulgação universal de tudo que se inventava e jogasse pra rolo para as considerações da opinião pública.
Aqui a gente fala do esquecimento de uma forma conceitual, à margem de todo o processo natural em que a mente falha de fato, como ação daquele alemãozinho, o Alzheimer, que acelera naturalmente o enfraquecimento da mente humana, que mesmo em processo de degeneração ainda mantém acesos fatos bem distantes. É um outro mecanismo que reproduz, de repente de uma forma até mais eficaz, o expediente de apagar da memória as coisas, as pessoas, as histórias, enfim.
Eu não lembro porque eu ainda não vagava por aqui, mas me contaram que a Inquisição tinha essa agenda de isolar das pessoas trabalhos científicos, teses, tratados, lançando na fogueira criador e criatura, tudo junto e misturado pra que não houvesse chance de ressurgimento daquelas coisas hereges. Eu mesmo ficava chateado quando mamãe escondia ou jogava fora minhas revistinhas. Só sobravam os gibis, sobre os quais dona Zélia não via perigo algum, menos mal.
Quantos reis, imperadores, ditadores já apagaram registros importantes que só foram descobertos porque essa gente sempre deixava rastro? O próprio Hitler não tinha paciência pra esperar a fogueira arder até o fim, aí, sempre aparecia um desses garimpeiros de rua, catando latinha, que acabavam montando um sebo também, reforçando a tese de que o senso comum também contribuiu bastante pra que nada caísse no esquecimento.
Com o tempo foram surgindo novas modalidades de ocultação da realidade ao redor do mundo até o aprimoramento das mentiras disparadas em larga escala, depois que a invenção de Goebel caiu em domínio público.
Agora, quando a gente ouve a fala da ministra Cármem Lúcia do STF lembrando que há um esforço para que tudo seja lembrado no Brasil, é bem abrangente a explanação da magistrada com pitadas até de mea-culpa, pois, a própria instituição já proferiu sentença cerceando a liberdade da imprensa em prol de gente incomodada com a publicação de tretas de interesse público. Um caso recente são as rachadinhas do filho do homem, ninguém pode tocar no assunto.
Se duvidar, até a Lava Jato vai cair no ostracismo, quem diria, já até se descentralizou. Agora que o Centrão, na figura do Arthur Lira, cheio de processo nas costas, certamente não vai manifestar interesse algum, ainda mais que o presidente nem pensa nessa possibilidade, sei lá, com alguma PEC ou um projetozinho de lei sequer, mas, esquece, que essa gente de repente tem outros projetos para o Brasil.
Tanto no espectro da imprensa, do poder ou da justiça, não há garantia de que o melhor para a sociedade será revelado naturalmente ou oculto de propósito, vai depender do interesse de cada parte envolvida resolver o que você pode saber e o que você deve esquecer, vai vendo.
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