quinta-feira, 13 de março de 2025

ALVORADA MUSICAL

  

    Não sei se essa dúvida é comum na humanidade, mas eu fico sempre dividido de manhã cedo entre ouvir música ou notícia.
     Nessa pressa por notícias que atormenta geral, há também novas formas de conexão com o mundo, sem que haja essa impregnação, digamos assim, de informação todo dia. São alternativas que ficam a cargo e ao sabor de cada um, vai depender da forma como cada um necessita de estar antenado.
    Mas começar o dia ouvindo música é também envolvente e revigorante, no momento em que você acorda já sabendo o status de notícias que a gente vê já de manhã cedo. Dá uma certa desanimada quando você está espreguiçando ainda e lembra do que ocorreu no dia anterior, só notícia ruim, que vai dar na tv, certamente. Então, pra quê ver tudo de novo?
   É nessa hora que botar uma musiquinha pra fluir o ambiente enquanto você se apronta para mais um dia traz uma energia diferente. E às vezes acontece de tocar justamente aquela música que traz boas lembranças, te lembra de um tempo que deixou marcas, volta no tempo por um instante naquela viagem relâmpago entre realidades diferentes em nossas vidas.
     É claro que não há mal algum em começar o dia bem informado, importante isso, mas ao longo do dia essas notícias chegam pelo celular, todo mundo fica sabendo de qualquer jeito, mesmo não assistindo pela televisão de manhã.
      E na moral, nunca é notícia boa, só treta, violência, acidente, trânsito ruim, roubo, morte. Parece que não dá muito lucro e audiência para anunciante buscar o lado bom das pessoas, das coisas, dos lugares. Só que não. Reunião de pauta dessa gente é ver onde o bicho tá pegando. E os repórteres já saindo pra rua com a faca nos dentes.
    E você que vai correndo ligar a televisão assim que levanta acaba fazendo parte desse cenário que a mídia constrói para você, na maioria das vezes tornando seu dia maçante antes mesmo de encarar o trânsito, suar a camisa e se estressar no trabalho.
    Ou de repente o seu dia seria até de paz e sossego, sem grandes alterações, mas uma notícia desses casos escabrosos por aí tira a alegria do que indicava ser um dia incrível.
    Então, o melhor de manhã é um fundo musical para embalar o seu dia e ao mesmo tempo se desapegar um pouco dessa rotina de redes sociais e televisão como despertador, tipo alvorada de quartel.
    Portanto, aquela música que massageia o seu ego pela manhã, enquanto você degusta seu café, é um bálsamo com a mesma essência de tudo que te alimenta verdadeiramente.
    Porque, é sempre melhor quando o dia já começa com uma trilha sonora.

segunda-feira, 10 de março de 2025

CRIME E CASTIGO

  

   Eu fui obrigado pelas circunstâncias a prosseguir com o assunto do feminicídio por causa dos comentários e mensagens que eu recebi sobre o tema.
    Agora já não é mais sobre como o sistema pode se adaptar à atual realidade. Não é só sobre como as leis chegarão perto de como se comporta a sociedade.
    Agora é sobre como as pessoas querem que as leis se atualizem para fazer as reparações necessárias e consiga frear o ímpeto dos facínoras.
   É bem provável que haja algum obstáculo em todo esse processo de modernização das leis porque no meio dos legisladores pode haver gente que esfola e mata também. Então, não seria surpresa alguma se o velho corporativismo da casa entrasse em ação para não ferir suscetibilidade de alguns de seus pares.
    Talvez isso até explique porque ao longo de toda a história do Brasil a justiça seja um pouco paternalista ao passar a mão na cabeça de vagabundo de toda ordem. Ou até mesmo misericordiosa afagando aqueles que fustigados por um mal qualquer ganham regalias em vez de definhar por completo em suas celas.
    Se o sujeito é implacável para cometer o crime, a lei também precisa ser igualmente implacável. Não pode haver nas letras da lei algum atalho para que ele volte e continue livre no meio social.
    Alguns benefícios como indulto de Natal, progressão de pena por bom comportamento, status de réu primário, prisão domiciliar, tornozeleira eletrônica são bizarrices que só aumentam os números de feminicídio e várias outras modalidades de crime.
    Como o Brasil não tem a cultura de recuperação de delinquentes, eles só pioram, é urgente que eles fiquem reclusos por um tempo que não possam se inserir na sociedade novamente. A pena máxima a que são condenados deve ser cumprida integralmente sem esses penduricalhos de bondade que a lei costuma oferecer à vagabundagem.
     É o rigor máximo que vai evitar a escalada de violência ao nosso redor e ao mesmo tempo servir de exemplo e acabar com a velha impunidade.
    Nos crimes que atentam contra a vida humana, há quem defenda o mesmo destino ao assassino. Para muitos, se a vida da vítima não tem valor algum, também não pode ter a do seu algoz.
    Se isso vai dividir opinião, a discussão deve ter o objetivo e a prioridade de proteger a vida das pessoas de bem. O próprio conceito de justiça tem essa premissa básica.
    Nas praças onde o sistema jurídico se moderniza a todo instante de acordo com o comportamento da sociedade, certamente os números da violência são menores.
    Ou seja, se há crime, tem de haver castigo.

sábado, 8 de março de 2025

UM FOCO NO FEMINICÍDIO



    A gente sabe que falta muita coisa no campo de discussão acerca do universo das mulheres.
    Há progressos em algumas frentes, ainda que de forma tímida, mas com resultados que dão ânimo para que se prossiga com o debate e as mudanças.
     A questão da representatividade também é importante, é a grande alavanca para as mudanças propostas, essas coisas.
    Mas o assunto que mais tem incomodado a sociedade são as tristes estatísticas de feminicídio em todo o país, e isso requer uma atenção maior e mudanças urgentes na atual legislação, cujas letras e códigos são muito arcaicos, por isso não permitem o rigor necessário para esses sucessivos casos de violência, ameaça, repressão e morte de mulheres em todo o pais.
   Se é uma prática que vem se intensificando cada vez mais, então é preciso uma mobilização maior, pois pelos números mostrados a todo instante, já se desenha um cenário de impunidade de um crime bárbaro e hediondo que incomoda e assusta a população.
   É uma esculhambação total para a sociedade ver um sujeito cometer o mesmo crime duas vezes num curto espaço de tempo, porque a própria lei permite a soltura do assassino, sem que medidas cautelares como afastamento e tornozeleira eletrônica impeçam a ação desses delinquentes.
   Igualmente é uma afronta para toda a sociedade ver com mais frequência, como se já fosse rotina na vida das pessoas, aumentarem numa escala monstruosa os registros de morte por feminicídio no território nacional.
    A gente acompanha a transformação desse cenário diariamente e não vê movimento algum para reverter esse quadro. É preciso, já, uma revolução total no Código Penal e na própria Lei de Feminicídio. Todos os artigos, incisos e parágrafos que tratam do assunto são tímidos com penas muito brandas, e em nenhum momento traz as respostas que todos esperam para erradicar esse grande mal que aflige as mulheres.
    Pela gravidade desse crime cruel, era para estar toda uma gama de especialistas, juristas, estudiosos do assunto, a bancada feminina no legislativo, OAB, os três poderes, a sociedade civil, imprensa e demais organizações voltadas ao assunto reunidos numa frente só para tratar do tema com a urgência que a questão exige.
    O feminicídio não pode ser tratado e tramitado dentro do circuito normal com que se desenrola outros processos. É uma questão de fórum especial que sugere mais celeridade, leis super rigorosas e um tribunal próprio para trâmite, julgamento e execução das penas.
      É através dessa seara que se vai permitir comemorar grandes conquistas.

terça-feira, 4 de março de 2025

É TEMPO DE BATER LATA


    O Carnaval como a maior festa popular do Brasil segue firme com toda animação em todos os quadrantes desse país que para seus afazeres, ninguém fala de política, religião e futebol enquanto houver um batuque escoando por aí.
     A parte do carnaval que difunde um pouco da nossa cultura é a que verdadeiramente reforça a identidade do povo brasileiro. É bacana ver a evolução das escolas de samba reproduzindo parte da nossa história, a importância de determinados personagens na cultura brasileira, uma passagem qualquer de nossa trajetória que foi marcante e que deve ser lembrada para que não caia no esquecimento na memória da povo brasileiro.
    É a parte dessa grande festa que revela para o mundo que nos assiste nessa época do ano o quanto somos miscigenados, o quanto é diversa nossa maneira de ser. Até para outros segmentos da própria sociedade brasileira é importante difundir essas diferenças que existem entre nós para que haja mais consciência sobre a diversidade em todos os aspectos da vida brasileira.
    É bacana ver nos blocos toda forma de manifestação de coisas da vida brasileira, a liberdade, a irreverência das pessoas em suas fantasias, de um povo que rala, corre atrás, sofre, ganha pouco, mas se diverte, porque ninguém é de ferro.
    A gente até vê as pessoas, principalmente as de gerações antigas, condenando o carnaval de hoje pela forma como é curtido agora, sem o lirismo, o charme e a elegância de tempos anteriores. Ora, o brilho e a essência do que é o carnaval continua até hoje. Se tem mais violência nas ruas hoje é o poder público que ao longo dos anos não implementou políticas à altura do crescimento da cidade em seu cotidiano, portanto, não seria diferente que num evento grandioso como esse houvesse algum sobressalto.
    De qualquer forma, o mais importante é o carnaval ter sempre ser esse instrumento de integração, de confraternização, de afirmação da cultura brasileira nos seus mais variados ambientes.
    Que haja sempre um olhar mais humano, sem preconceito e separatismo a tudo que pode ser mostrado de forma alegre, divertida e colorida em todas as ruas, nas cidades por todo o país, onde há gente concentrada para curtir o carnaval.
    Em alguns lugares a festa começa antes, como aqui no Rio; em outras, na Bahia, o povo de lá gosta de esticar um pouco mais, qual é o problema? Para quem não gosta de carnaval, não faltam alternativas por aí.
    Mas, seguindo o calendário em todo o território nacional, é tempo de bater lata em todo o Brasil!