Na velha praça aquela placa caprichosamente confeccionada para prometer a construção da nova ponte, em substituição à pinguela que vai suportando o vai-vem, a dor e a luta de quem já está acostumado a driblar a correnteza e as precipitações.
Nesses tempos em que os barrancos se desprendem da terra, um outro cenário desnuda a realidade dos mortais, expondo muito mais que o desespero do cidadão entregue à própria sorte. De tanto vermos a dor e a luta alheia, quase passa despercebido o princípio que rege o conceito de vida em sociedade que historicamente deveria abranger todos os patamares da pirâmide social.
Da praça só se remonta mesmo o cenário dos tempos da ágora, dos sofistas, das aclamações que decidiam a sorte de todos. Na dispersão das pessoas comuns, a representatividade estabelecida e a certeza da realização de seus mais nobres anseios.
A democracia inaugurada na Grécia já priorizava os que tinham a capacidade de persuasão, por acreditar que tivessem também a competência da realização, de representar, enfim. Aos poucos, essa prerrogativa de eficiência teórica e prática concomitante foi perdendo seu efeito. O próprio Platão já classificava o homem como um animal político. E essa profecia logo se confirmou em tempos ainda remotos, quando vários movimentos políticos e sociais que projetavam a prevalência da coletividade acabaram esmorecendo, por força de objetivos que destoavam do interesse público. Estava, assim, inaugurado, o corporativismo.
Agora que navegamos por águas turvas, a democracia dos novos tempos vai desenhando um cenário cada vez mais bizarro e bisonho, em que a placa e a pinguela representam a confrontação de forças entre o bem e o mal, o particular e o geral. A pinguela é o jeitinho brasileiro, o salve-se-quem-puder, o Deus-nos-acuda. A placa do governador é o simulacro, o me-engana-que-eu-gosto, que o eldorado está lá no fim do túnel, ou no fim da chuvarada, como queiram.
Cada vez que o tempo passa, em mais de um ano fica mais distante a dignidade e a hipocrisia, sempre no mesmo vetor, porque respiramos o mesmo ar de quem exala aquele odor fétido dos fazedores de placa, enquanto a pinguela vai resistindo, evitando que a tragédia seja tão colossal quanto a incompetência que grassa dos gabinetes.
É bem provável que o mito da pinguela sobreviva pelos tempos vindouros, assim como a sistemática da placa. O próprio sistema se renova, criando mecanismos que se adequam aos novos tempos. Desde a época do Pão e Circo até esse assistencialismo que se pratica hoje, está para existir algo ou alguém que consiga remexer o establishiment.
Ainda bem que somos uma sociedade livre, com poder de escolha, o que pode fazer a diferença, suficiente para mudar esse quadro de embromação. Não precisamos do Ficha-Limpa, mesmo porque estão empurrando até não sei quando.
A gente restaura nossa casa para se adequar aos novos tempos, e vai trocando as peças, até que as mobílias vão se encaixando em nosso ideal. O mesmo se aplica à questão social, política e econômica. Basta renovar, como um amor novo, um emprego novo, um representante novo, capaz de fazer jus ao seu papel social.
A democracia inaugurada na Grécia já priorizava os que tinham a capacidade de persuasão, por acreditar que tivessem também a competência da realização, de representar, enfim. Aos poucos, essa prerrogativa de eficiência teórica e prática concomitante foi perdendo seu efeito. O próprio Platão já classificava o homem como um animal político. E essa profecia logo se confirmou em tempos ainda remotos, quando vários movimentos políticos e sociais que projetavam a prevalência da coletividade acabaram esmorecendo, por força de objetivos que destoavam do interesse público. Estava, assim, inaugurado, o corporativismo.
Agora que navegamos por águas turvas, a democracia dos novos tempos vai desenhando um cenário cada vez mais bizarro e bisonho, em que a placa e a pinguela representam a confrontação de forças entre o bem e o mal, o particular e o geral. A pinguela é o jeitinho brasileiro, o salve-se-quem-puder, o Deus-nos-acuda. A placa do governador é o simulacro, o me-engana-que-eu-gosto, que o eldorado está lá no fim do túnel, ou no fim da chuvarada, como queiram.
Cada vez que o tempo passa, em mais de um ano fica mais distante a dignidade e a hipocrisia, sempre no mesmo vetor, porque respiramos o mesmo ar de quem exala aquele odor fétido dos fazedores de placa, enquanto a pinguela vai resistindo, evitando que a tragédia seja tão colossal quanto a incompetência que grassa dos gabinetes.
É bem provável que o mito da pinguela sobreviva pelos tempos vindouros, assim como a sistemática da placa. O próprio sistema se renova, criando mecanismos que se adequam aos novos tempos. Desde a época do Pão e Circo até esse assistencialismo que se pratica hoje, está para existir algo ou alguém que consiga remexer o establishiment.
Ainda bem que somos uma sociedade livre, com poder de escolha, o que pode fazer a diferença, suficiente para mudar esse quadro de embromação. Não precisamos do Ficha-Limpa, mesmo porque estão empurrando até não sei quando.
A gente restaura nossa casa para se adequar aos novos tempos, e vai trocando as peças, até que as mobílias vão se encaixando em nosso ideal. O mesmo se aplica à questão social, política e econômica. Basta renovar, como um amor novo, um emprego novo, um representante novo, capaz de fazer jus ao seu papel social.
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