domingo, 28 de julho de 2013

Carta aberta ao Papa Francisco

   Eu não poderia perder a oportunidade de enviar tão importante mensagem por sua vinda ao Rio de Janeiro, num momento crucial para a nossa população. Só estou na dúvida se o que me move nessa empreitada é fruto de meu próprio entusiasmo, pela generosidade de sua missão, ou se pela expectativa de novos tempos que eu vi no semblante dos peregrinos.
   É claro que o carisma é a marca principal de quem se propõe a falar para um público tão diversificado como esse da Jornada Mundial da Juventude, principalmente agora que a Igreja Católica busca recuperar grande parte de seu rebanho. 
   Mas, felizmente captamos muito mais do que a simpatia de um grande líder em seu projeto de convencer um público de que as realizações são mais factíveis do que a angústia.
   Eu acredito que muita gente ficou com a percepção de que Vossa Santidade deseja inaugurar uma nova era de conciliação entre as necessidades humanas e o desenvolvimento de povos e nações, numa nova receita de comunhão das práticas políticas e os desígnios da Igreja.
  A sutileza com que V.S. discorreu sobre os propósitos do poder público revela a sensibilidade que falta aos grandes líderes. Imagino que em tempos distantes deve ter sido sofrível para um grande pastor vivenciar as agruras da exclusão social, sem poder transmitir de forma tão direta o conforto a uma massa sem esperança, dando lhes o combustível, o ânimo para prosseguir num novo rumo, com a ternura e o vigor para poder construir.
   Foi animador vê-lo disparar contra os mercadores da morte e da miséria como que a excomungar os malfeitos do agente público. Com muita propriedade V.S. destacou o papel dos meios de comunicações, no momento em que o quarto poder tem seus vícios também.
   Há muito tempo eu não me sentia tão representado em meus mais nobres valores. Não lembro de ter vislumbrado horizonte nos anseios de meus semelhantes.
  Tenho certeza de que muita gente, principalmente a elite, vai condenar o teor de sua fala elegante e positiva, achando tudo isso idealista, demagógico aos extremos ou utópico demais para ser realizado.
  Para quem achava que a Igreja, mesmo com suas incongruências, não pudesse dar alguma contribuição para a formação de um admirável mundo, Vossa Santidade, romântico nos gestos e firme no discurso, mostrou que basta um instante de lucidez, mesmo no momento de fé.
  Ide em paz.
    
   
   

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Dia do arqueólogo

   Sabemos muito bem que o mundo todo está com os olhos voltados para o Rio de Janeiro, onde o Papa Francisco traz um novo alento para a humanidade com uma mensagem de reflexão sobre o futuro dos jovens.
   Com todo o planeta em constantes conturbações políticas e religiosas, é importante que se busque soluções efetivamente eficazes para todos os povos e nações, para que deixemos de trilhar caminhos tão incertos, sem perspectiva de evolução das atividades humanas.
   Mas não podemos esquecer que o passado de nossa história política, social e cultural guardam elementos que escrevem a nossas trajetória até os dias de hoje, o que permite avaliar o grau de evolução da era contemporânea através de resquícios de nossos antepassados, cujas práticas e tecnologias empregadas na sua origem  inauguraram todo esse processo que vivemos hoje, da agricultura primitiva à indústria; das primeiras organizações políticas à consolidação de grandes impérios; dos primórdios das ciências às grandes descobertas.
   As primeiras conquistas e descobertas da humanidade se deram no campo da ciência, através de estudos, técnicas e procedimentos que ampliaram cada vez mais as ferramentas que possibilitaram o desenvolvimento humano.
   No meio de tanta gente que deu sua contribuição para a difusão do conhecimento, como forma de entender a nossa trajetória está a figura do arqueólogo, festejado neste dia 26 de julho, nessa efeméride que passa despercebida aos olhos de indivíduos que desprezam suas próprias origens.
   O Centro Brasileiro de Arqueologia (CBA), em mais de 50 anos de estudos, investigações e pesquisas, não se furta a destacar a importância do arqueólogo na implementação dos principais projetos que visam o desenvolvimento como um todo.
    No manejo da terra, nas técnicas de urbanização, na arquitetura, na ecologia humana, é imprescindível a participação do arqueólogo, não só na busca de elementos que permitam a implementação de importantes projetos, como também na faculdade de conservação de vestígios depositados na raiz de nossa história.
   Só assim será possível compreender o nosso processo evolutivo, e deixar para gerações futuras a oportunidade de prosseguir nessa valiosa missão de desvendar, investigar e trazer à luz da sociedade toda a riqueza que nós construímos ao longo de nossa história.
   Por isso, nesse dia de hoje, louvamos a importância do arqueólogo para a humanidade.
   O CBA, os pesquisadores, cientistas e todos aqueles transitam no campo das ciências saúdam todos os arqueólogos do Brasil. 

quinta-feira, 25 de julho de 2013

A mensagem do Papa

   Num pequeno gesto, uma grande mensagem. O simbolismo da Igreja toma novas cores na figura do Papa Francisco, se é que vai haver realmente uma aproximação maior da Santa Sé com os jovens do Brasil e do mundo.
  Aquela imagem da janela do carro completamente aberta talvez fique marcada como o símbolo de um processo de renovação que o novo pontífice começa a ensaiar nesse périplo da Jornada Mundial da Juventude.
   Estava ali naquela cena emblemática o Papa disposto a dialogar, diferente de seus antecessores, trancados em seu Papa-móvel, naquela redoma que reproduzia fielmente o estigma da Igreja Católica, desde os tempos da Inquisição, em que a liberdade, o conhecimento e as oportunidades para as classes menos favorecidas ficavam restritas à comunhão de fé.
    A miséria e o abandono nunca foram novidade para a Igreja, principalmente para o Papa Francisco que já convivia  bem próximo da exclusão social, quando evangelizava em Buenos Aires, em outro viés ideológico, e que agora parece querer estender a preocupação da Cúria num espectro diferente, de mensagem direta à esfera política.
   Em seu discurso em Aparecida, quando Francisco destaca o egoísmo como obstáculo aos grandes projetos sociais, por força de interesses, há uma clara explanação aos órgãos governamentais sobre a ineficiência de políticas públicas direcionadas aos jovens, tanto que criticou abertamente a liberalização das drogas, no momento em que as políticas de repressão também não surtem o efeito desejado, não trazem os resultados que se esperam.
   Mais do que o carisma do Papa, o mais importante é o novo rumo que uma instituição milenar como a Igreja Católica pretende seguir sob a liderança do Papa Francisco. Para a Cúria Romana, fica a expectativa do aumento de seu rebanho, especialmente os jovens. 
  Para os fiéis, um alento saber que a Igreja também pode contribuir para outras formas de organização social. 
   
    

terça-feira, 23 de julho de 2013

O sagrado e o profano

   Nesses tempos de guerra santa, em que a tirania e a intolerância andam de mãos dadas, regidas pelo despotismo que o poder consagra e o fundamentalismo que habita entre o céu e a terra, o Estado laico, mesmo com suas incongruências, ainda reproduz o ambiente ideal para a reflexão sobre o futuro dos jovens no mundo.
   Segundo registros da era contemporânea, essa comunhão entre os fluídos transcendentais e a lei dos homens só tem trazido conflitos para o seio da humanidade. A discórdia ente os homens é o grande pano de fundo de todo processo de emancipação ao redor do mundo nos recantos onde a crença e o estado de direito acabam por confundir os princípios da fé e da liberdade dos indivíduos, o que torna praticamente inútil qualquer esforço de conciliação entre povos e nações, como tem se verificado nesses últimos tempos.
   Mas as respostas que se buscam não são de como se deu esse processo de separação de segmentos distintos da fé humana, já que no Egito, berço das religiões ocidentais, o clima conturbado de segregação mútua, não só ilustra o ambiente hostil da atual conjuntura político-religiosa, como atrapalha qualquer tentativa de buscar soluções para um melhor entendimento.
   Tanto no plano da fé quanto da razão, a verdade é que qualquer indício de prática humana revela as dúvidas do que é certo e irreal. Os descaminhos da fé cega é tão inútil quanto a razão pura e simples que ecoa nos grandes palácios. Se a igreja hoje prega sua própria renovação, a mesma perspectiva se espera no centro do poder político.
   Antes mesmo de as redes sociais ampliarem em escala global as preocupações de jovens peregrinos, o mundo todo já tinha ciência dos vícios e hesitações que a Igreja e o poder público conservam em seus dogmas e regimentos.
   O que não quer dizer que a religião e a política não possam buscar soluções para um mundo em constante desequilíbrio, que por obra e graça da velha separação do discurso e da prática, acaba desconfigurando completamente o conceito do que é sagrado e profano aos olhos da opinião pública.
   Mais do que acreditar na formação de sociedades mais independentes e fortalecidas, sem as desigualdades presentes em todos os quadrantes do planeta é saber  ao certo que caminho os jovens trilharão, sem as incertezas que ao longo de milênios levaram gerações e mais gerações ao mais incerto dos destinos.
   Agora, tantos os peregrinos da Jornada Mundial da Juventude quanto os manifestantes que se insurgiram ultimamente acreditam na revisão dos valores pertinentes a cada espectro de poder para construção de sociedades verdadeiramente modernas, que possam efetivamente aplacar as dores do mundo.
   O Papa e seu cajado; o agente público e suas promessas.
    

 
   

sexta-feira, 19 de julho de 2013

O inferno de Cabral

   Estranha-se que grande parte da mídia esteja dando destaque maior aos atos de vandalismo, em detrimento da conduta louvável da maioria que tem se mobilizado na porta do governador, rechaçando a política do governo do estado, cuja ineficiência vai muito mais além do despreparo da polícia militar em lidar com essas situações extremas que são paralelas às reais intenções de quem simplesmente não concorda com Sérgio Cabral na condução de políticas públicas, em que pontos importantes foram levantados à exaustão nas manifestações.
   A imprensa tem um papel importante num momento como este, de reformulações da coisa pública, e à medida que ela vai superdimensionado aspectos negativos de movimentos relevantes da população, possibilitando ao agente público sem crédito junto à sociedade blindagem à prova de críticas pertinentes à parcos resultados dos principais serviços  oferecido a toda massa do estado do Rio de Janeiro.
   No momento em que o secretário de segurança vem à público afirmar que a polícia não tem manual de instrução para enquadrar uma pequena horda de baderneiros, não só passa um recibo de ineficiência do aparelho policial, como desvia o foco ao governador que vai se esquivando de qualquer pronunciamento às queixas da população, tanto que nem compareceu na coletiva de imprensa da cúpula de segurança.
   Enquanto houver essa exposição exagerada de atos isolados de selvageria um universo considerável da opinião pública, sem poder de reflexão, acaba associando essa balbúrdia ao movimento pacífico orquestrado por integrantes da classe média descontentes com outros excesso do governador e suas práticas pouco saudáveis de manejo com o dinheiro público.
   Especula-se como uma parcela da população, que paga impostos, tem planos de saúde, frequenta os melhores colégios, antes alheia aos desmandos da administração pública, agora se insurge contra a figura do agente público pouco afeito ao interesse coletivo.
   Pois essa gente endinheirada também convive com as mazelas de uma grande cidade cheia de problemas. Eles também ficaram sem a geral do Maracanã; eles se apertam no metrô superlotado; habitam o inferno de um trânsito caótico; convivem de perto com as agruras de seus subordinados na rede pública de saúde; investem em cursos preparatórios e se deparam com a UERJ completamente deteriorada por falta de investimentos naquele campus.
   Quando o governo do estado começou a inaugurar as UPPs, um monte de gente, munidos de suas câmeras digitais, foi visitar o Complexo do Alemão. Em 15 minutos de passeio pelo teleférico daquela comunidade fizeram uma verdadeira tomada aérea da miséria e do abandono da localidade, com lixo e esgoto expostos à visitação pública.
 Portanto, foi justamente essa propaganda enganosa do governador que permitiu que a fatia mais abastada da população vivenciasse o inferno dos excluídos.
   Para quem marchou pacificamente nas passeatas ou se postou silenciosamente na Avenida Delfim Moreira, essa discrepância entre dois extremos opostos não é mais viável para a cidade e o estado.
   É por isso que Sérgio Cabral está em maus lençóis.
   
    

terça-feira, 16 de julho de 2013

O PT e os outros culpados

  Domingo passado(14/07), o companheiro Merval Pereira publicou em sua coluna um estudo do economista Reinaldo Gonçalves, dando conta da falência do modelo de desenvolvimento posto em prática no país nos últimos 20 anos.
  Pelas incertezas com as quais o Brasil convive é muito difícil mensurar o tempo de turbulência no cenário econômico com vistas ao tão desejado desenvolvimento brasileiro, mas certamente ultrapassa as duas décadas definidas pelo professor da UFRJ.
  Está certo que o governo do PT, nas vezes de Lula e Dilma, não deram solidez à política econômica implantada sob as vestes do Plano Real, o menos mirabolante, por isso, o mais eficiente dos pacotes econômicos que o governo federal criou.
  Mas o Partido dos Trabalhadores, que nasceu sob a bandeira de amplas reformas, não pode carregar sozinho o peso da ruptura que se verifica no cenário político e econômico. Até porque, o PSDB, que assentou a atual moeda corrente, além de ter inaugurado o que o respeitado estudioso classifica como Modelo Liberal Periférico, tem em suas fileiras personagens que transitavam também em portas de fábricas, onde pregavam as mesmas mudanças, ainda que sob um outro viés político. 
   O ônus que o PT carrega vem mais de sua política completamente dissonante às suas diretrizes e dogmas, do que pela hesitação que outras gestões também demonstraram em fortalecer a economia do país. 
  Quando Reinaldo Gonçalves afirma que há uma crise de legitimidade do Estado, fica até mais fácil percorrer toda a cronologia de fatos históricos que remetem a um tempo muito maior de fragmentação do papel do Estado em alavancar uma grande nação como o Brasil. 
   Ao identificar as principais características do fraco desempenho do Modelo que a atual administração agravou, como liberalização, privatização, desregulação, subordinação, vulnerabilidade externa e dominância do capital externo, o economista esqueceu de frisar que estes são pontos principais do processo de encolhimento do Estado, cujo projeto criou um padrão global, naqueles ventos liberalizantes que varreram o planeta na década de 90.
  Mesmo antes de o PSDB instituir esse enxugamento do Estado, administrações passadas já demonstravam a mesma timidez no processo de reformas estruturais que o país necessitava há muito mais tempo. Se formos estender esse tempo de saturação do governo na condução da coisa pública e do destino do país, até o Juscelino kubitschek falhou ao não acrescentar essas reformas no seu Plano de Metas. 
  Além do mais, de lá pra cá foram incrementadas várias práticas políticas nocivas ao desenvolvimento do país, que é bem verdade, o PT contribuiu para o seu agravamento, juntamente com seus principais aliados, como bem destacou Reinaldo.
  Se o atual sistema político é corrupto e clientelista, segundo o estudo de Gonçalves, esses desmandos já caminham faz tempo na trajetória política do Brasil.
  Só para situar fatos recentes, tão escabrosos quanto o mensalão, as irregularidades na SUDENE, no DNOCS, a ferrovia Norte-Sul que não foi concluída, os rombos do INSS, as estatais do regime militar, além de várias suspeições envolvendo o Legislativo e o Judiciário ao longo do tempo.
   O período de redemocratização na década de 80 talvez tenha sido o momento ideal para operar essas mudanças estruturais, ainda mais como uma nova Carta Magna em curso. Apesar de os partidos políticos estarem irmanados numa grande causa nacional, as mudanças que hoje são mais que necessárias ficaram em segundo plano.
   Hoje, o pecado do PT impõe duras penitências às outras legendas também desacreditadas, como se viu nas recentes passeatas. E a falência do Partido dos Trabalhadores, como sintetizou o professor, não implica necessariamente numa desestruturação do país, haja vista a cota de culpabilidade estendida ao Legislativo e ao Judiciário.
   Como bem projetou o valioso estudo, o único elemento que pode revigorar nosso drama histórico é a fadiga da população por ora inquieta.
      
      

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Uma questão de soberania

   Não é de hoje que a soberania brasileira é posta em xeque por intromissão externa nas áreas em que o Brasil mais precisava recuperar ou, até mesmo, fortalecer o potencial de uma grande nação.
   Numa época não muito distante o Brasil de fatores além de suas fronteiras para atingir patamares seguros na área econômica. Havia sempre um tipo de interferência que interrompia o nosso processo de crescimento econômico. Isso acabou impedindo que o Brasil se tornasse um grande exportador de bens e serviços. Hoje, continuamos brigando contra a balança comercial.
   No setor energético, tivemos a oportunidade de conquistar a autossuficiência, quando o governo federal lançou o Pró-Álcool, nos fins dos anos 70, numa época em que o mundo todo vivia às turras com a questão do petróleo.
   Aquele projeto seria importante para a economia brasileira, no momento em que o preço do petróleo que o país exportava influía no custo de vida dos brasileiros. Infelizmente, o projeto definhou por força de fatores que passavam ao largo do interesse público. Mais uma vez perdemos a oportunidade de colocar o Brasil no rol das economias sólidas do mundo.
   Hoje, quando vemos o esforço da equipe econômica em atingir o superávit primário, percebe-se que o governo não consegue criar um mecanismo seguro para as finanças, apesar de não sermos tão subserviente como antes.
   Agora, em plena era de revolução tecnológica, o país peca por não proteger seu patrimônio das emboscadas visíveis no globo terrestre, ao apresentar-se ao mundo com a mesma timidez no resguardo à nossa soberania.
   Mesmo com vários tratados de cooperação tecnológica firmados entre nações com alto potencial no setor, o país sempre se esmerou para assegurar sua independência, mesmo com parcos recursos na área de pesquisas, através do qual a comunidade científica procurou buscar toda sorte de conhecimentos que permitissem a nossa hegemonia.
   Apesar dos percalços ao nosso desenvolvimento, estivemos na iminência de atingir um grau de excelência o suficiente para tirar o Brasil das garras das nações poderosas.
   Aquele acidente na Base de Alcântara, no Maranhão, em 2003, trouxe sérias implicações para o futuro da nação brasileira. Nascia ali naquele complexo, aquilo que seria o maior sobressalto do Brasil na área de telecomunicações, em que técnicos e cientistas da mais alta capacidade e conhecimento estavam desenvolvendo o lançamento de um satélite genuinamente brasileiro.
   Se isso feriu os interesses dos Estados Unidos, com quem o Brasil ainda mantém um acordo com salvaguardas tecnológicas, não se pode afirmar. O certo é que o governo brasileiro, até hoje, não tomou nenhuma providência para esclarecer as causas daquela tragédia que matou 21 técnicos e pesquisadores, cujo conhecimento os especialistas do meio acadêmico vão demorar muito para adquirir.
   Hoje, o Brasil acena com um manifesto junto à organismos internacionais para reclamar a espionagem de comunicações de cidadãos brasileiros por aquele país. Não consta que os Estados Unidos tenha esse tipo de relação pouco saudável com outras nações soberanas.
   Mesmo sendo vítima desse grave incidente, somos culpados também por não investirmos com mais vigor em tecnologia, através de renomados centros de pesquisas espalhados pelo Brasil, de modo que possamos criar nossos próprios escudos e redomas, sem comprometer a nossa evolução e desenvolvimento.
   Por uma questão de soberania.
   

quarta-feira, 10 de julho de 2013

O Big Brother está no ar

  Definitivamente acabou qualquer resquício de privacidade na era digital. Como bem profetizou George Orwell, estamos irmanados na mesma corrente até o juízo final. A cruz que todo ser mortal carrega são seus próprios segredos e pecados.
  Se alguém tinha o propósito de se proteger dessa bisbilhotice global, Edward Snowden recomenda a todos que tirem o cavalinho da chuva.
  O Planeta Terra agora é uma grande placa-mãe, conectando piratas, déspotas, filantropos e seres comuns numa aldeia gigante. A Teoria de Gaia está sendo reformulada pela influência de bytes. James Lovelock não precisa se preocupar, que seus conceitos não caíram por terra. Pode até ser que a antropologia dos novos tempos não chegue à conclusão alguma, se resolver investigar essa parafernália que criou uma nova tribo mundial.
  A doença da ecologia humana é a exposição compulsória, nua e crua, pelo qual todos estarão fadados a morrer, ser aniquilados por uma nova força oculta, do mal.
  Com o tempo, ninguém conseguirá se esconder dos olhos do mundo, nem os eremitas, que também chegarão para confraternizar nesse festim cibernético.
  Agora que o grande irmão resolveu verticalizar seus empreendimentos, curtindo e compartilhando a vida alheia, sem querer o imperialismo nefasto pode está prestando um grande serviço à grande causa humana. Ao sabor de sua tirania confessa, de repente estará revelando os outros podres poderes, como recompensa pela servidão humana. A cafajestagem estará com dias contados; as pilantragens governamentais sairão da surdina e os homens das lei já estarão se remoendo à medida que as cortinas vão se abrindo.
  Estariam os deuses da cara de pau preocupados com inviolabilidade de sua soberania? Ou enfurecidos pela iminência de descobrirem sua devassidão? Nesse voo rasante que a águia medonha disparou antes de pousar no inferno, os mexericos palacianos, as intrigas de gabinete, os conluios de bastidores, as rapinagens oficiais, tudo fica por um fio.
  As redes sociais foram criadas para isso, para acorrentar as pessoas numa imensa ciranda. Se virou playground depois foi por força das circunstâncias. Era preciso dar um caráter lúdico a esse aprisionamento nada virtual. E essa nova era de grandes navegações permitiu que qualquer um singrasse os sete mares.
   O perigo são os piratas à solta por aí com aquele binóculo de lente de lince, vigiando os navegantes desse realily show.


        

 

sábado, 6 de julho de 2013

Não é hora de reforma política

  É impressionante a capacidade que o Executivo e o Legislativo têm de agir em completa dissonância aos anseios da população brasileira. Distorcendo assim a lógica dos fatos, que recomenda respostas imediatas ao primeiro sinal de inquietação, impaciência e descrédito, é bem provável que isso custe caro, num futuro próximo, a quem insistir em não legitimar as vozes que deixaram de lado murmúrios de lamentação e angústia.
   Essa reforma política que o governo e o Congresso Nacional estão ensaiando, depois de uma ligeira pressão imposta pela população, está longe de inaugurar uma nova era no cenário político, com vistas ao interesse público.
  O decurso de prazo para a formatação do plebiscito, a questão de logística recomendada pelo Tribunal Superior Eleitoral, as dúvidas sobre o que arguir à sociedade e a ausência de qualquer campanha de esclarecimento à opinião pública são obstáculos que não chegam a comprometer a realização da consulta popular, se esta for confirmada para outro pleito.
   A dúvida é saber se todo esse esforço, da população exigindo mudanças, e dos políticos arregaçando as mangas, vai transformar, de fato, a velha arte de fazer política em prol da sociedade, em toda a extensão da palavra e em todos os seus segmentos.
   As questões de voto aberto para o parlamento, financiamento de campanha, proporcionalidade de voto e outras variantes de uma nova lei eleitoral não asseguram as mudanças que os manifestantes reivindicaram nas ruas. Mesmo porque, esse item não foi o maior clamor ouvido nas passeatas.
   Além do mais, em nenhum, momento se cogitou durante as manifestações qualquer alteração no sistema ou regime político que apressasse a classe política a acenar com essa reconfiguração no sistema eleitoral vigente.
   Não que isso não seja necessário, muito pelo contrário, só que também não é prioritário, dada a urgência de outros elementos, cuja necessidade o povo brasileiro há muito já percebe em seu cotidiano. 
   Como não é unânime essa reforma política, não seria nenhuma surpresa se esse projeto perdesse consistência, por entender que a referida proposta estava engavetada e sua retomada agora denota oportunismo, embromação e desvio de foco das reais necessidades do povo brasileiro.
   A sociedade entende perfeitamente que essa manobra que rola em Brasília não revolvem as práticas de corrupção e mal uso do dinheiro público nas áreas de saúde, educação e transportes, no qual agentes públicos das três esferas de governo devem concentrar esforços, atendendo ao chamamento público, se quiser conquistar a credibilidade perdida.
   A continuar esse estado de coisa, nas próximas eleições, em 2014, isso trará resultados indesejáveis para muitas figuras conhecidas.