Domingo passado(14/07), o companheiro Merval Pereira publicou em sua coluna um estudo do economista Reinaldo Gonçalves, dando conta da falência do modelo de desenvolvimento posto em prática no país nos últimos 20 anos.
Pelas incertezas com as quais o Brasil convive é muito difícil mensurar o tempo de turbulência no cenário econômico com vistas ao tão desejado desenvolvimento brasileiro, mas certamente ultrapassa as duas décadas definidas pelo professor da UFRJ.
Está certo que o governo do PT, nas vezes de Lula e Dilma, não deram solidez à política econômica implantada sob as vestes do Plano Real, o menos mirabolante, por isso, o mais eficiente dos pacotes econômicos que o governo federal criou.
Mas o Partido dos Trabalhadores, que nasceu sob a bandeira de amplas reformas, não pode carregar sozinho o peso da ruptura que se verifica no cenário político e econômico. Até porque, o PSDB, que assentou a atual moeda corrente, além de ter inaugurado o que o respeitado estudioso classifica como Modelo Liberal Periférico, tem em suas fileiras personagens que transitavam também em portas de fábricas, onde pregavam as mesmas mudanças, ainda que sob um outro viés político.
O ônus que o PT carrega vem mais de sua política completamente dissonante às suas diretrizes e dogmas, do que pela hesitação que outras gestões também demonstraram em fortalecer a economia do país.
Quando Reinaldo Gonçalves afirma que há uma crise de legitimidade do Estado, fica até mais fácil percorrer toda a cronologia de fatos históricos que remetem a um tempo muito maior de fragmentação do papel do Estado em alavancar uma grande nação como o Brasil.
Ao identificar as principais características do fraco desempenho do Modelo que a atual administração agravou, como liberalização, privatização, desregulação, subordinação, vulnerabilidade externa e dominância do capital externo, o economista esqueceu de frisar que estes são pontos principais do processo de encolhimento do Estado, cujo projeto criou um padrão global, naqueles ventos liberalizantes que varreram o planeta na década de 90.
Mesmo antes de o PSDB instituir esse enxugamento do Estado, administrações passadas já demonstravam a mesma timidez no processo de reformas estruturais que o país necessitava há muito mais tempo. Se formos estender esse tempo de saturação do governo na condução da coisa pública e do destino do país, até o Juscelino kubitschek falhou ao não acrescentar essas reformas no seu Plano de Metas.
Além do mais, de lá pra cá foram incrementadas várias práticas políticas nocivas ao desenvolvimento do país, que é bem verdade, o PT contribuiu para o seu agravamento, juntamente com seus principais aliados, como bem destacou Reinaldo.
Se o atual sistema político é corrupto e clientelista, segundo o estudo de Gonçalves, esses desmandos já caminham faz tempo na trajetória política do Brasil.
Só para situar fatos recentes, tão escabrosos quanto o mensalão, as irregularidades na SUDENE, no DNOCS, a ferrovia Norte-Sul que não foi concluída, os rombos do INSS, as estatais do regime militar, além de várias suspeições envolvendo o Legislativo e o Judiciário ao longo do tempo.
O período de redemocratização na década de 80 talvez tenha sido o momento ideal para operar essas mudanças estruturais, ainda mais como uma nova Carta Magna em curso. Apesar de os partidos políticos estarem irmanados numa grande causa nacional, as mudanças que hoje são mais que necessárias ficaram em segundo plano.
Hoje, o pecado do PT impõe duras penitências às outras legendas também desacreditadas, como se viu nas recentes passeatas. E a falência do Partido dos Trabalhadores, como sintetizou o professor, não implica necessariamente numa desestruturação do país, haja vista a cota de culpabilidade estendida ao Legislativo e ao Judiciário.
Como bem projetou o valioso estudo, o único elemento que pode revigorar nosso drama histórico é a fadiga da população por ora inquieta.
O período de redemocratização na década de 80 talvez tenha sido o momento ideal para operar essas mudanças estruturais, ainda mais como uma nova Carta Magna em curso. Apesar de os partidos políticos estarem irmanados numa grande causa nacional, as mudanças que hoje são mais que necessárias ficaram em segundo plano.
Hoje, o pecado do PT impõe duras penitências às outras legendas também desacreditadas, como se viu nas recentes passeatas. E a falência do Partido dos Trabalhadores, como sintetizou o professor, não implica necessariamente numa desestruturação do país, haja vista a cota de culpabilidade estendida ao Legislativo e ao Judiciário.
Como bem projetou o valioso estudo, o único elemento que pode revigorar nosso drama histórico é a fadiga da população por ora inquieta.
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