É impressionante a capacidade
que o Executivo e o Legislativo têm de agir em completa dissonância aos anseios
da população brasileira. Distorcendo assim a lógica dos fatos, que recomenda
respostas imediatas ao primeiro sinal de inquietação, impaciência e descrédito,
é bem provável que isso custe caro, num futuro próximo, a quem insistir em não
legitimar as vozes que deixaram de lado murmúrios de lamentação e angústia.
Essa reforma política que o
governo e o Congresso Nacional estão ensaiando, depois de uma ligeira pressão
imposta pela população, está longe de inaugurar uma nova era no cenário
político, com vistas ao interesse público.
O decurso de prazo para a formatação do plebiscito, a
questão de logística recomendada pelo Tribunal Superior Eleitoral, as dúvidas
sobre o que arguir à sociedade e a ausência de qualquer campanha de
esclarecimento à opinião pública são obstáculos que não chegam a comprometer a
realização da consulta popular, se esta for confirmada para outro pleito.
A dúvida é saber se todo esse esforço, da população
exigindo mudanças, e dos políticos arregaçando as mangas, vai transformar, de
fato, a velha arte de fazer política em prol da sociedade, em toda a extensão
da palavra e em todos os seus segmentos.
As questões de voto aberto para o parlamento,
financiamento de campanha, proporcionalidade de voto e outras variantes de uma
nova lei eleitoral não asseguram as mudanças que os manifestantes reivindicaram
nas ruas. Mesmo porque, esse item não foi o maior clamor ouvido nas passeatas.
Além do mais, em nenhum, momento se cogitou durante as
manifestações qualquer alteração no sistema ou regime político que apressasse a
classe política a acenar com essa reconfiguração no sistema eleitoral vigente.
Não que isso não seja necessário, muito pelo
contrário, só que também não é prioritário, dada a urgência de outros
elementos, cuja necessidade o povo brasileiro há muito já percebe em seu
cotidiano.
Como não é unânime essa reforma política, não seria nenhuma surpresa se esse projeto perdesse consistência, por entender que a referida proposta estava engavetada e sua retomada agora denota oportunismo, embromação e desvio de foco das reais necessidades do povo brasileiro.
A sociedade entende perfeitamente que essa manobra que rola em Brasília não revolvem as práticas de corrupção e mal uso do dinheiro público nas áreas de saúde, educação e transportes, no qual agentes públicos das três esferas de governo devem concentrar esforços, atendendo ao chamamento público, se quiser conquistar a credibilidade perdida.
A continuar esse estado de coisa, nas próximas eleições, em 2014, isso trará resultados indesejáveis para muitas figuras conhecidas.
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