A imprensa brasileira pode até não ser diferente dos outros poderes constituídos, em níveis de incongruências, hesitações, empatia e unanimidade. Mas isso não lhe tira a sina de estar sempre entre a cruz e a espada, ou para ser mais preciso e conveniente aos dias de hoje, entre a pedra e a vidraça.
A morte trágica do companheiro Santiago Andrade reproduz fielmente essa nova atmosfera de fagulhas em que a imprensa está inserida.
De qualquer forma, mesmo que a democracia brasileira não tivesse nascido em frangalhos, ainda assim a imprensa se fundaria como elo entre dois extremos.
Em regimes de exceção ou não a censura aos meios de comunicação só difere da forma com que ela é executada, tramada, articulada, instituída, aos moldes dos ventos que sopram do poder.
Não é menos grave que os instrumentos que calavam as vozes e vendavam os olhos tenham evoluído ao ponto de ofuscar a imagem que vale mais que mil palavras, como era o objetivo de quem pretendia deter o ímpeto do fiel cinegrafista.
O que preocupa é a imprensa sofrer ameaças de outras frentes, onde até quem almeja o poder também ensaia respingar de sangue um dos principais símbolos da democracia do Brasil: a liberdade de expressão.
O poder pelo poder não se dá pela morte da palavra, muito menos pela morte da imagem que o Brasil quer reconstruir.
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