domingo, 5 de agosto de 2018

Tempos de medo

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  Que a violência já faz parte do cotidiano da cidade do Rio de Janeiro, até quem não vive por aqui já sabe. Pelo tempo que passou de tantas medidas paliativas, qualquer plano que se traçar daqui pra frente, por mais que ele apresente a seriedade que a questão exige, já nasce sem a garantia dos resultados que a população espera.
  A própria intervenção militar que no momento faz as vezes no combate à violência na cidade é tímida em seu organograma se compararmos a dimensão do problema, ainda mais que essa medida nasceu em caráter de emergência, sem nenhum planejamento, na verdade, nos mesmos moldes de outros pacotes que igualmente frustaram a população do Rio de Janeiro.
   Não tem como tratar essa questão como se os eventos de violência de hoje ainda ocorressem com a mesma dinâmica de tempos atrás. A violência hoje fecha escolas, unidades de saúde e vias públicas, pondo em risco cada vez os moradores no dia a dia da cidade.
  Não pode esses ensaios de política de segurança investirem apenas na infraestrutura do aparelho policial, como aquisição de viaturas e policiamento reforçado em regiões específicas, no momento em que há urgência em sua totalidade territorial, além de outros pontos que precisam ser observados com a mesma atenção.
   Até porque a violência foi ganhando novos contornos e outros ambientes. Além dos inimigos de sempre, os marginais conhecidos de todos, a corrupção do agente público, aquele de quem se esperava a ética, o compromisso e o combate sem trégua aos criminosos, acaba por interromper e minar qualquer possibilidade de resultados imediatos e promissores.
  De tão complexa que se tornou a questão da violência, não basta que a causa fique restrita ao âmbito estadual, onde só os governadores ficam responsáveis pela gestão da política de segurança pública. A violência é uma causa que afeta cidadãos de norte à sul do país, principalmente nos grandes centros urbanos. Portanto, como já foi ventilado diversas vezes, é necessário um modelo nacional de segurança pública com ênfase nas especificidades e geografia de cada região, além, é claro, de reformas profundas nos códigos e legislações vigentes para que surta efeito positivo, mesmo que a longo prazo.
    Esse quadro é o que mais se aproxima de algo eficaz para o combate à violência. Fora disso, o que vier é paliativo nesses tempos de medo.
 
 
 
    

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