quinta-feira, 24 de março de 2022

AS CAMISAS DA GUERRA



   Num dos vários momentos de tensão da guerra os ucranianos destruíram um navio russo e a âncora de uma emissora aqui no Brasil, ao relatar o episódio, chamou um comentarista presente ao noticiário para avaliar a vitória da Ucrânia naquele momento.
    Como assim, vitória, se não tem nada definido? Mas, deixa pra lá. Não é essa avaliação precipitada e fora de propósito que é o grande problema do conflito. É justamente o posicionamento para um lado qualquer da batalha que vai produzindo mais combustível para a guerra.
     Uma guerra é uma desgraça, morre gente, outras sofrem mais. Desde o momento que tem vidas envolvidas e ceifadas, fica difícil e humanamente impossível se posicionar confortavelmente, por mais que uma questão ideológica fique martelando na mente uma torcida por alguém. Porque é isso que eu tenho visto, principalmente nas redes sociais. “Ah, o Putin tá certo, cara!!”.
     Todo mundo está certo enquanto defende seus princípios, seu povo, sua nação. Mas quando morre gente de ambos os lados, ninguém tem mérito algum, seja pela misericórdia ou pela coragem.
   Nunca é demais lembrar que já existia um conflito interno na Ucrânia. As cidades de Donetsk e Luhansk já tinham sido tomadas pelos separatistas, e o Putin acabou interferindo de forma cruel e desumana, matando inocentes, quando poderia apoiar o contingente pró-Rússia na Ucrânia sem esse morticínio todo. O Zelensky que se virasse pra resolver a parada em seu país.
    Uma questão que envolve a soberania de uma nação qualquer, que precisa ser discutida dentro de uma agenda específica, no espectro da diplomacia, sob pena de se abrir um grande precedente lá na frente, quem sabe.
     Agora, fica a Otan e seus membros implorando para que Vladimir Putin stop the war, mas municiam a Ucrânia com todos os calibres. Como a guerra vai acabar desse jeito? Nem no grito, pois na Rússia os que condenam o conflito são intimidados, e na Ucrânia, eles precisam fugir e se refugiar.
    Ainda que o impacto maior dessa guerra seja seus efeitos na vida das pessoas por um longo tempo, além, é claro, das vidas perdidas, das crianças sem pátria, registre-se a polarização dessa batalha como algo bizarro que mancha o lado humano da parcela mais estúpida do pedaço ou do mundo, como queiram
      Vão ficar marcadas as camisas da guerra, cada um veste a sua e torce com o mesmo prazer com que se mata e morre.

quarta-feira, 16 de março de 2022

POR UMA MUDANÇA DE RUMO

   

    Definitivamente estamos vivendo um tempo sinistro. Eu sei que numa hora dessa a gente tem de manter o otimismo e acreditar no melhor desfecho para tudo isso.
    Antes que alguém ou eu mesmo me ache um pessimista contumaz, devo dizer que essa explanação dos eventos ruins que nos cercam é um momento de consciência pura, em que nada passa despercebido, apenas isso. O que não pode é ficar capitalizando essas coisas.
     E tudo passando tão rápido que eu nem lembro do tempo em que eventos de grande magnitude tenham se acumulado assim tão assustadoramente, e o que é pior, tudo simultaneamente. Parece que tá se alastrando esse negócio, sem a expectativa de fim.
    Veio a Covid-19 que devastou vidas no planeta, pânico geral em larga escala. Por um momento deu pra imaginar o mundo se dissolvendo e aquele calor humano que marca a nossa espécie se distanciando um do outro por tempo indeterminado. O único lampejo de esperança e luz foi ver as pessoas aplaudindo a vida que escapava da morte. Foi bacana ver o cara voltando do inferno, tirando onda, sorrindo novamente e recomeçando a vida.
    Agora deu uma aliviada, tá todo mundo tomando providências, ainda com muita cautela, enfim, o mundo voltando a sentir cheiro de oxigênio novamente. Aqui no Brasil tivemos as tragédias causadas pelas chuvas e a solidariedade mais uma vez diminuindo o impacto das perdas. Um monte de gente massageando o ego alheio como sinal de esperança para o mundo.
     Mas...e as guerras, gente? Não tem ninguém no mundo que não tenha convivido com um arranca-rabo entre povos e nações. São pessoas que se desprendem de suas famílias; outras que mudam de pátria, perdem suas referências de passado e futuro.
    A Ucrânia está em evidência por causa do envolvimento geral, mas tem gente agonizando em outras praças. No Afeganistão, há um contingente bem maior de cidadãos fugindo do regime local. Na África, então, nem se fala. A metade do continente em ebulição permanente. Em todas essas regiões a miséria como pano de fundo, a degradação humana em seu mais alto grau.
    Não dá nem pra imaginar quando isso vai acabar. Tem sempre alguém botando lenha na fogueira. Eu vejo esses acordos de paz como uma agenda completamente inútil. É cada um puxando brasa para sua sardinha, dando a entender que na história das guerras não tem um santo jogando pedra no outro.
     A única coisa que a gente espera é que haja uma compensação para todo esse cenário de escombros. Uma mudança de rumo qualquer. Uma chance de vida a todos que estão fulminando e uma outra avaliação sobre essa tal nova ordem.

terça-feira, 8 de março de 2022

TEMPO PERDIDO



    Já dá pra ter uma noção do quanto essa guerra vai ter os mesmos desdobramentos dos outros conflitos, ou seja, as mortes, os escombros e a crise pós-guerra. Se não rolar uma crise econômica com a mesma magnitude daquele crash de 1929, vai de qualquer forma dar uma sacudida geral, e atingindo mais países, especialmente aqueles que não pegaram em armas.
     Não é difícil perceber que a única precaução que tomaram depois dos armistícios foi se armar até os dentes, tanto que o Putin está pouco se lixando para o poderio bélico e militar de seus eventuais oponentes.
      O que poderia efetivamente mudar o rumo das principais nações depois de todo aquele perrengue da Guerra Fria era criar alternativas que minassem de vez a dependência do petróleo. Praticamente todo o Ocidente está impondo sanções à Rússia, mas dependem de parte do petróleo russo pra sobreviver.
    Eu fico imaginando o Putin lá no seu bunker rindo da cara dessa gente e vendo a Europa entrar em pânico com a ameaça do cara de fechar a torneira do gasoduto que alimenta as lareiras do Velho Mundo, vai vendo.
     Os estudos e pesquisas sobre outras matrizes energéticas ficaram em segundo plano, porque ficou geral amarrado à indústria automobilística e seu velho combustível fóssil, inclusive o Brasil, que teve a oportunidade de criar autossuficiência em combustível com o ProÁlcool na década de 70, o que seria um sobressalto do Brasil naquela época.
    Hoje, com essa guerra aí, muita gente estaria encomendando nosso etanol, a essa altura, completamente evoluído e fortalecido pelas inovações tecnológicas dos órgãos científicos do país. Mas, os generais não conseguiram conter a sanha e o olho grande dos usineiros, que preferiram jogar o patriotismo e a soberania do Brasil para o alto e vender açúcar que é melhor.
     Nas fontes de energias renováveis, o histórico brasileiro é de total atraso, considerando a riqueza de nossos recursos naturais para fortalecer o segmento. É um cenário que mostra claramente o quanto o Brasil poderia sair ileso depois que Rússia recolher suas armas.
    É essa visão que a gente tem de ter sobre os efeitos de uma guerra para todo o mundo. É avaliar o tempo perdido por conta de interesses das corporações e da maioria dos governos que não tiveram a responsabilidade de se fortalecer, de se resguardar, de se inovar como alternativa à crise como essa.
    O mundo todo está há mais de 30 anos discutindo política ambiental que sugere justamente essa independência por meio do potencial energético que cada nação pode desenvolver. Ninguém chega a um acordo satisfatório, ninguém cumpre metas que eles mesmos assinam nos protocolos.
  Um país como a Alemanha, moderno, na vanguarda de pesquisas e uso de fontes renováveis, mas usa carvão até hoje e ainda depende do gás da Rússia em seu parque industrial.
   Vai ter muita coisa para se discutir depois dessa guerra. Com relação à geopolítica, uma remexida básica para saber para que lado cada um vai ficar. Mas, dentro da política interna de cada nação, uma ampla reflexão, visando futuras transformações, para se evitar eventuais dependências como essas aí, de todo mundo quase que comendo na mão do Putin.

segunda-feira, 7 de março de 2022

AS MULHERES NÃO SÃO FÁCEIS



  Se a gente for olhar lá pra trás e fizer uma lista das mulheres que se destacaram em suas áreas de atuação aqui no Brasil e ao redor do mundo, certamente vai ficar muita gente de fora, porque a própria história da humanidade deixou essa lacuna em seus registros.
 Imagine quantas mulheres passaram despercebidas por não estarem em um contexto de maior visibilidade como de uma forma ou de outra estariam as mulheres das ciências, das artes, da política e tantas outras que transitaram próximas desses círculos e acabaram ganhando também notoriedade.
  Hoje, com as inovações tecnológicas e a consequente conexão global, o sistema automaticamente abrange um número muito maior de mulheres em sua trajetória de participação, luta e resistência ao longo da existência humana.
   Desde os tempos das primeiras atividades humanas, da formação das primeiras sociedades, das civilizações, enfim, não haveria nenhuma transformação nesse sentido sem o protagonismo das mulheres.
     Se a sociedade ao longo das eras se habituou a ter uma visão diferenciada e distorcida desse cenário, atribui-se ao machismo, à misoginia e toda sorte de preconceito que até hoje influencia o discurso, os projetos, as políticas públicas, tudo que pode e deve efetivamente reverter esse quadro, mas que em nenhum momento impediu a atuação de todas aquelas que se propuseram a fazer a diferença.
   Agora, o foco principal é a questão da representatividade. É essa perspectiva que vai fazer justiça e atualizar os números do universo feminino e fazer valer a participação das mulheres em todos os recantos do planeta.
    Aqui no Brasil, infelizmente ainda há um caminho longo a ser percorrido. A política é o principal ambiente onde a representação das mulheres está bem aquém de sua proporção na sociedade. E isso acaba se refletindo na composição de outros cenários e ambientes onde as mulheres sempre se fizeram presentes, mas são sistematicamente desfavorecidas nas relações de trabalho em todas as suas tratativas.
     O que mais se espera hoje é um chamamento mais abrangente, principalmente nesses tempos de redes sociais, para que haja mais mulheres na política. As câmaras municipais, estaduais e federal precisam ter uma nova composição em seus quadros para que haja uma defesa maior a todas as pautas e reivindicações das mulheres.
    Só assim será possível atualizar e adequar aos novos tempos as decisões, as propostas, as políticas públicas e demais intervenções que possam efetivamente erradicar os números da desigualdade latente no seio da sociedade, além, é claro, da maior chaga que envolve o universo das mulheres hoje em dia, a violência em todas as suas vertentes, que tanto aflige as brasileiras.
     A gente fala da representatividade das mulheres como garantia de equilíbrio de forças na defesa de tudo que simboliza as mulheres no Brasil, mas sabemos que essa é uma luta de toda a sociedade.

sábado, 5 de março de 2022

PRA ONDE VAI ESSE TREM?


   Um indivíduo está no trem que vai levar vários refugiados embora. É um momento de alívio saber que está salvo da guerra, livre do perigo e a expectativa de um recomeço, além, é claro, da gratidão pela mão estendida no momento mais difícil. Agora é deixar tudo para trás, passar uma borracha e retomar a vida, o pior já passou. Não importa pra onde vai o trem. Que parta logo o trem.
    Mas, eis que o sujeito é abordado por uma autoridade ou alguém encarregado de organizar aquela viagem confortável rumo ao futuro. O cara é simplesmente retirado do trem porque ele não preenche os requisitos para estar ali, ele não pertence àquela casta, ele não pode integrar aquele grupo por estar fora dos padrões de quem efetivamente merece partir naquele trem.
      A gente até tenta disfarçar pra não parecer tão trágico, mas é difícil não fazer a pior leitura do cenário descrito, uma reprodução nua e crua do apartheid que até hoje ainda serve de pano de fundo nas práticas humanas.
     O ideal seria que um momento de crise revelasse mais eventos positivos que as mazelas que já são comuns em tempos normais. Já são mais de dez dias que a guerra do Putin vem descortinando não só a verdade sobre o telhado de vidro de ambos os lados do conflito como também as feridas da convivência humana.
     Longe das muitas trincheiras espalhadas pela Ucrânia movem-se as fileiras de gente correndo dos avanços da Rússia, pra que haja um pouco de sossego, de paz, mas em vez disso, o separatismo como complemento do motivo da guerra, a própria extensão de todo esse enfrentamento.
     Não basta só fugir da guerra. É preciso passar pelo crivo da intolerância. É um processo seletivo que acaba excluindo as pessoas por sua origem, cor e outros critérios que destoam completamente do que seria humanamente viável para amenizar as dores, angústias e aflições que só uma guerra é capaz de provocar.
    Tão ou mais difícil que retomar na Ucrânia a democracia que tanto incomoda o Putin é estar revivendo de tempos em tempos a barbárie, a dificuldade de se conviver com o outro, a cultura da perseguição, justamente na oportunidade que a humanidade tem de mudar de fase, evoluir como pessoa humana e coletivamente.
     Por um momento a gente até pensa que uma tragédia assim dessa magnitude serviria pra isso, para promover a melhor das revoluções, mas, parece que nem a dignidade das pessoas se salva dos escombros.
    E o destino da humanidade por enquanto fica assim, como uma viagem de trem.

quinta-feira, 3 de março de 2022

A NOVA VELHA ORDEM



   Não tem como saber se os outros conflitos tinham todo esse bafafá que é visível nas redes sociais por causa dessa guerra atual. Na época das duas grandes guerras, claro, não havia essa comunicação dimensionada de hoje, por isso só saiu nos livros de história os mortos e feridos.
      Pelo tempo que já passou, não há ninguém que possa reproduzir uma resenha que tenha havido na ocasião, de algum bate-boca, nem que seja de uma conversa na calçada com a vizinhança, numa dessas noites calorentas, enfim...e as pessoas disparando impropérios contra os Aliados, outros, contra o Eixo.
     Prefiro acreditar que havia mais preocupações com um familiar que tenha partido para a guerra e o reflexo do conflito na vida brasileira como um todo. Qualquer cidadão brasileiro, rico ou pobre, de direita ou de esquerda, negro ou branco, tinha um parente, amigo ou vizinho lutando na guerra, o que envolvia todos os brasileiros numa só corrente pelo fim da guerra.
     A divisão ideológica que já era iminente só se deu no fim das batalhas, com a Guerra Fria oficializando o racha no mundo, pelo menos até o famoso muro ruir de vez, porque, de lá pra cá foram surgindo vários atores nesse cenário, embolando um pouco o meio de campo na globalização. Nações que estavam em segundo plano nas rodas de conversa da elite mundial ganharam corpo nessa remexida toda aí.
     Hoje a gente vê a China, a própria Rússia e países do mundo árabe ocupando um espaço bem maior que antes, com mais voz ativa, com bala na agulha mesmo, para ser mais específico sobre o poder deles agora. Não chega a ser uma nova ordem, como propagam por aí. É apenas uma mudança nas peças do tabuleiro, simples assim. É o poder econômico que sempre fala mais alto, e esses emergentes já ditam regras também.
    A questão ideológica é menos importante nesse cenário. Não interessa mais saber como cada país se administra em casa. Um exemplo é a China, uma nação comandada por um partido comunista e completamente capitalista além de suas fronteiras. A Rússia, ainda exalando a fragrância do regime soviético; países árabes, também com controle do estado e observando valores diferentes do ocidente, enfim...uma diversidade que em nenhum momento vai impedir relação comercial com quem quer que seja.
     Com essa nova roupagem, esse novo desenho no mundo, o velho conceito de esquerda e direita vai perdendo a sua essência. São vertentes que ficarão restritas ao plano interno de cada administração. Cada um terá de mostrar sua capacidade de sobrevivência com outros elementos. O domínio de novas tecnologias, a responsabilidade ambiental com novas matrizes energéticas e o caráter social de gestão pública é que definirão o ranking das nações. Isso, sim, talvez seja uma nova ordem mundial de fato. 
     É claro que não se pode ignorar o poder bélico de qualquer nação. Isso ainda será um peso considerável, principalmente para quem se preparou pra ter um arsenal pra chamar de seu. O que a Rússia faz hoje contra a Ucrânia, outras nações já usaram o mesmo expediente para expandir seus domínios.
     As sanções que querem impor à Rússia podem influenciar o destino do conflito, sim, por causa dessa conexão global que interliga os sistemas e pode perfeitamente definir os desdobramentos, não só de conflitos como de outras formas de relação entre os países nessa nova velha ordem mundial.
                                                                  
                                                                      Foto: UOL

quarta-feira, 2 de março de 2022

O MENINO E O TRIGO

 
    Uma criança fala abertamente que seu pai vai vender alguns bens para defender seu país. Ela fala assim, parecendo estar completamente conformada com toda uma tragédia que lhe cai às costas de repente, do nada.
   Na mesma velocidade com que o trem a transporta pra bem longe dos conflitos ela também se apressa em tentar esconder uma tristeza evidente naqueles olhos marejados, mas está na cara que ela ainda vai chorar muito que seu pai tenha ficado para trás, que sua infância foi interrompida, que aquele horizonte para onde a composição se dirige é tão incerto quanto o destino daquela nação.
    Se por obra do destino o trem cortar os campos de trigo da Ucrânia, é o próprio futuro que fica pra trás e o menino já bem cedo vivendo essa experiência de ter deixado o seu tempo de infância espalhado pelo chão às pressas.
    Uma infância perdida e uma geração partida têm o mesmo peso de vidas ceifadas, pela necessidade do recomeço, partir do zero e botar tudo no seu lugar de novo.
     É esse cenário que servirá como referência para se repensar tudo que foi feito para não se repetir velhos erros, mas repete agora, depois que as gerações do passado arderam em chamas e sobreviveram de demais crises que surgiram.
      Certamente a Ucrânia vai se reerguer das cinzas ou dos escombros, não se sabe...vai depender do grau de competência de um monte de gente envolvida, porque a Ucrânia interessa pra muita gente, até para aqueles que não gostam daquela terra e daquele povo.
      Independente de alguém perder as estribeiras com Putin e haver uma reação em cadeia, ou um cessar-fogo, já há um grande prejuízo que se soma a um conflito que se arrasta há tempos na Ucrânia, por conta de movimentos separatistas desde a implosão da URSS.
  Esses embargos econômicos, represália, cancelamento ou como queiram chamar, é uma outra forma de submissão por parte de quem tem poderes para essas ações. Ainda mais agora, com todo mundo conectado nessa grande rede, por onde vai surgindo uma nova guerra com novas tecnologias que podem permitir uma nova forma de combater, aniquilar, interromper, sem que isso custe vidas humanas.
     E as crianças continuem a ver o trigo da Ucrânia crescer.