terça-feira, 10 de outubro de 2023

A FAIXA DE PÓLVORA



   Tão triste quanto ver as imagens de devastação e perdas de vidas humanas de ambos os lados desse conflito entre Israel e a Palestina é o racha que isso causa na sociedade em geral.
   Tenho visto nas redes sociais as pessoas condenando as ações de um lado só dá guerra, ou seja, neguim torcendo para um em detrimento do outro. Os dois lados estão guerreando, matando e morrendo ao mesmo tempo. Os dois lados praticando as mesmas atrocidades de seu oponente.
   Há vidas ceifadas nos dois lados, famílias destroçadas, pessoas completamente vulneráveis, sem armas nas mãos, gente que nem estão jogando pedra em ninguém.
  Para todos os povos e nações que estão diretamente envolvidos no conflito, a questão ideológica, política e até tecnológica vem há muito tempo protelando essa animosidade.
   Uma questão que se arrasta, mas que teve também quem mediasse por várias vezes um diálogo entre as duas partes.
   Infelizmente ao longo desse tempo que a gente já conhece do conflito, lá no meio daquela gente, tanto de um lado quanto do outro, teve muito mais quem não aceitasse um eventual acordo de paz. São pessoas presas a conceitos e princípios religiosos e políticos, que por suas posições “precisam” matar por uma causa.
  Mas, houve quem corresse por fora nesse processo. Yasser Arafat, por exemplo, lutava pela causa palestina, era aberto ao dialogo, mas sofria retaliações da ala mais radical de seu povo. Assim como Yitzhak Rabin, que sempre esteve inclinado ao processo de paz entre Israel e a Palestina e foi morto por um extremista de sua própria pátria quando participava de um evento que reivindicava justamente a paz, é mole um negócio desse? Junto com Shimon Perez, Arafat e Rabin ganharam o Nobel da Paz em 1994 por toda a contribuição à paz na região.
   Hoje, a contenda continua e não há sinais de um lado ou de outro de alguém disposto a retomar um processo de paz, o que indica mais um tempo de distúrbios naquela região. E as pessoas que vão escapando das bombas, das rajadas renascem dos escombros, mesmo com feridas e chorando seus mortos.
   E por incrível que pareça, a vida continua naquele lugar. Pessoas que só sofrem, mas não pegam em armas. Gente que querem distância de seus inimigos, mas não procuram ninguém para atirar pedras ou insultos. Gente que convive muito bem com as diferenças, pode acreditar.
   Pois é, quando muitos pensam que há ali um separatismo geral e irrestrito, enganam-se. Há registros de relação conjugal entre israelenses e palestinos, grandes paixões, amizades fortes entre os jovens de ambos os lados, que passam ao largo de toda essa rusga histórica. Definitivamente, a Faixa de Gaza e o resto do território de Israel não são de todo um barril de pólvora.
   Afinal de contas, a Cabala, o Alcorão não são manuais de instruções para discórdia e ódio. Assim com a gente vê por aqui as pessoas botando pilha e acirrando os ânimos, por lá tem mais ainda gente com a faca nos dentes e nos storys, mas tem, com certeza, outra parcela interpretando de seus dogmas os versículos que pregam a melhor convivência entre as pessoas.

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