quarta-feira, 15 de junho de 2011

Fogo brando

     Já faz mais de duas semanas que os bombeiros do Rio estão em movimento, reivindicando melhores condições salariais, e ainda antes de 439 deles serem presos por invasão do Quartel Central da corporação uma infinidade de fitinhas vermelhas já tremulavam nas antenas e retrovisores dos automóveis nas ruas da cidade, numa clara adesão à causa dos agentes do fogo.
     Mesmo com o relaxamento da prisão dos indiciados pelo motim o movimento tomou proporções que indicam a insatisfação da população com mais uma questão a ser resolvida, como se não bastassem as políticas de segurança e de educação  como os problemas mais mal resolvidos no estado do Rio de Janeiro, tanto que os Policiais Militares e os professores do estado abraçaram a causa dos bombeiros fluminenses.
     Independentemente do desdobramento do caso, o Ministério Público ofereceu denúncia à Justiça Militar e os militares revoltosos poderão ser punidos por infringirem o Regulamento Disciplinar da corporação, apesar da pressão por parte, até mesmo, dos deputados federais pela anistia, como ocorreu em outras unidades da federação.
     O chefe do executivo estadual certamente estará atento à decisão da justiça, com receio de um grave precedente, considerando o envolvimento da outra unidade de força auxiliar do estado, na fila de reivindicação.
     Como a causa dos bombeiros se estendeu à Câmara Estadual, tudo indica que isso vai virar uma novela de vários capítulos, já que o governador, através do líder do governo na Casa, já adiantou que o aumento que os bombeiros querem vai inchar o orçamento do estado em 4 bilhões de reais, e não há fonte de recursos para suprir a majoração proposta.
     A rejeição ao pedido de urgência na votação do projeto pela anistia feita pelo Presidente da Câmara dos Deputados, Marcos Maia, é outro sinal de que esse assunto vai se arrastar um pouco mais.
     De qualquer forma, é muito importante ver o engajamneto de outras categorias profissionais a um segmento fundamental de serviço público, cuja valorização deve ser imediatamente discutida pela sociedade fluminense, sob pena de colapso operacional, em virtude de descontentamento no setor.
     Agora, tudo bem que a dívida social do governo estadual é herança de outras gestões. Mas, está na hora de alguém começar a descruzar os braços, porque irresponsabilidade é fogo. 

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