Vejam bem. A Prefeitura do Rio resolveu que os menores recolhidos nas ruas da cidade só poderão sair da tutela do município com a autorização dos responsáveis e depois de terminarem o tratamento a que estarão submetidos.
Louva-se a iniciativa da prefeitura, embora seja esta uma de suas reais atribuições, mas lamenta-se que ações como estas não tenham sido executadas com afinco em gestões passadas.
Pela quantidade de crianças que vislumbramos pela janela do carro, pela janela do ônibus, dá para se ter uma ideia do déficit social que o poder público precisa reverter nas comunidades do Rio de Janeiro.
Não se pode, porém, colocar o ônus dessa dívida nas costas e nas contas da prefeitura. As outras esferas de governo também têm papel fundamental para a solução do problema.
De qualquer forma, independente de o governo estadual não ter ainda erradicado o tráfico de drogas no território fluminense, e o governo federal não fazer a sua parte em nível nacional, a prefeitura poderia ter implementado um plano efetivo de instalação de creches nas comunidades que foram surgindo, desde a época do grande êxodo rural, em décadas passadas.
Se ao longo desses anos muitos jovens não tiveram a oportunidade de ascensão social, credita-se às incursões oportunistas da municipalidade em obras de maquiagem e, assim mesmo, em período eleitoral.
Mas a prefeitura do Rio não está só nessa responsabilidade social, pois a sociedade deixou de discutir mais essa mazela, e se fôssemos dimensionar a culpabilidade pelos menores carentes até o Juscelino Kubitschek teve culpa no cartório, por não ter incluído no seu Plano de Metas investimentos maciços em educação, numa época em que começava o inchaço das grandes cidades.
E como os prefeitos do Rio não acompanharam esse crescimento, não temos a certeza de que essa nova investida de Eduardo Paes vai trazer o resultado que se espera.
O próprio Estatuto da Criança e do Adolescente, que foi concebido para blindar nossos jovens de eventuais agressões e inépcia de administradores públicos, não é a garantia de que teremos uma geração com futuro brilhante.
Apesar da incerteza, é bom saber que Eduardo Paes conseguiu colocar a sua pipa no alto, mesmo nessa paisagem arranhada.
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