Quando saiu no jornal, essa semana, que o Edmundo voltaria para a prisão, em virtude da responsabilidade pelo acidente automobilístico ocorrido em 1995, o que mais se ouviu nas ruas foi a certeza de que o Animal não voltaria para a jaula, pelo simples fato de que pessoas famosas não costumam frequentar ou habitar sistema carcerário. Ou seja, essa gente não vai presa nunca.
Na época do sinistro, Edmundo estava no auge da carreira, mas isso não teve interferência na decisão dos julgadores do processo.
É bom que se saiba que o ex-jogador só ficou esse tempo todo com o boi na sombra por força da própria lei vigente no país, que permite a prorrogação da pena de um condenado até que se esgote a possibilidade de recurso, até a última instância.
Foi um crime típico desses que a sociedade vem combatendo com campanhas de conscientização, como a Lei-Seca, que tem, ao longo desses tempos, diminuído os índices de acidentes de trânsito, em virtude do combate ao consumo de bebidas alcoólicas.
Desde o tempo em que foi imputada a prisão ao Edmundo, até os dias de hoje, nenhuma lei foi alterada, em consonância com o comportamento dos motoristas irresponsáveis, ou seja, não houve a adequação aos tempos atuais, mesmo com o marketing agressivo de bebidas alcoólicas na mídia.
Hoje, mesmo que a Lei-Seca ponha na berlinda alguns famosos ou anônimos na contramão da história, estes sempre encontrarão as brechas da lei a livrá-los de qualquer punição exemplar.
Muitos dos que apostaram na liberdade de Edmundo não conhecem os meandros que a nossa velha lei arcaica oferece a quem pode se beneficiar dela. Aquele caminho que Edmundo percorreu no eixo Rio-São Paulo, rumo ao que poderia ser o seu inferno, não passou de um embuste à nossa crença por dias melhores; um desafio à nossa capacidade de mudar esse estado de coisa.
Portanto, se fôssemos acompanhar a evolução do nosso próprio tempo, com uma ampla reforma do Código Penal, Edmundo não deveria mesmo ir preso, agora. Ele já deveria tê-la cumprido há muito tempo.
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