O Jornal Destak, distribuído
nas ruas do Rio, publicou uma reportagem sobre dados do IBGE, dando
conta de que o tempo médio gasto na ida ao trabalho na região metropolitana é
de 47,3 minutos.
Não é difícil chegar a esse
número, mesmo com toda a diversidade de trajetos percorridos, oriundos de
várias partes do Grande Rio com destino ao Centro da cidade e Zona sul, regiões
que concentram a maior parte da população ativa da região metropolitana em seu
local de trabalho.
Ainda que a pesquisa focalize
o inferno diário do trânsito do Rio, com ênfase nos usuários de carro e ônibus,
há que se levar em conta os outros modais, trem e metrô, principalmente, que
contribuem enormemente para o martírio diário da população fluminense.
Se a prefeitura do Rio está
fazendo algum esforço para melhorar a qualidade do sistema de ônibus na cidade,
com promessa de aumento da oferta de coletivos à população, é pouco para
equacionar o problema de transporte urbano do Rio de Janeiro.
A própria pesquisa mostra o
tempo de deslocamento na região metropolitana, que inclui as pessoas vindas da
Baixada Fluminense, Niterói, Alcântara e São Gonçalo, que de uma forma ou de
outra, utilizam os serviços da SuperVia, MetrôRio e Barca S/A.
No futuro, por mais excelente
que seja o sistema viário nessas regiões onde a prefeitura está investindo, com
a Transcarioca e a Transoeste, ainda assim a mesma gama de pessoas continuará
se deslocando para o Centro, Zona Sul e Barra da Tijuca, pela Avenida Brasil,
Ponte Rio-Niterói, Linha Vermelha e Linha Amarela, além da outra parcela que
desembarca também todos os dias na Central do Brasil, cujos trens trazem uma
massa considerável da Baixada e Zona oeste.
Portanto, não é difícil
perceber que esse problema de mobilidade urbana ultrapassa os limites do que
Eduardo Paes pode e deve fazer.
Nesse momento em que as três
esferas de governo estão irmanadas em projetos para o Rio de Janeiro, perde-se
a oportunidade de implantar na região do Grande Rio um modelo que abranja
efetivamente toda a população fluminense, nesse velho trajeto
casa-trabalho-casa.
Algumas intervenções que a
prefeitura do Rio vem desenvolvendo para a cidade têm em sua agenda apronto
para os Jogos Olímpicos de 2016, mas sem as garantias do tal legado à
população, lembrando que o ex-prefeito César Maia também tinha essa premissa
básica quando da preparação para o então Pan2007 e não houve nenhum resultado
que configurasse algum legado para a cidade.
Agora, especialistas sugerem outros
projetos de adensamento urbano para os subúrbios do Rio, com vistas a
empreendimentos imobiliários nessas localidades esquecidas pelo poder público,
mas que desperta a cobiça de grandes construtoras pela especulação em áreas
agora mais valorizadas.
Na verdade, é preciso, sim,
adensar essas regiões fora do eixo Centro-Zona Sul, mas com políticas de trabalho
e renda também, de forma a fixar uma parte da população ativa do Grande Rio em
seus locais de origem, pulverizando, assim, um grande contingente populacional
que se desloca rumo ao Centro da cidade do Rio de Janeiro todos os dias.
Seria uma forma de desafogar
o trânsito do Rio e melhorar a qualidade de vida das camadas menos favorecidas,
com investimentos e parcerias que atraíssem grandes empresas para essas regiões
distantes do Centro.
Mesmo que os resultados venham
em longo prazo, basta vontade política das três esferas de poder.