Houve um tempo em que o samba-enredo era o cartão de visita das escolas na Marquês de Sapucaí. Havia sempre um refrão empolgante, que ao ecoar na Passarela do samba levantava o público, prenunciando o triunfo da agremiação, ao som do samba cantado exaustivamente ao longo do desfile.
Aqueles sambas que se eternizaram na boca do povo, tanto que alguns já foram até reeditados em enredos recentes.
Agora, os desfiles ganharam ares de um grande espetáculo teatral, com performances diferenciadas em todas as alas, reproduzindo com requinte o universo do tema encenado pela escola, principalmente as comissões de frente, que se tornaram o ponto alto dos desfiles, pela surpresa que o carnavalesco guarda até o último momento, causando expectativa e frisson, tanto no público quanto nos jurados.
E é justamente neste quesito que a grandiosidade da Escola de Samba ganha corpo na avenida. O começo de uma breve história que todos os integrantes se esmeram em narrar o mais perfeito possível, sob o olhar crítico de perspectivas completamente distintas, do espectador e dos julgadores.
Para grande parte do público, a cadência do samba, o luxo das alegorias e fantasias, a harmonia das alas e a compatibilidade entre o enredo e os elementos exibidos no desfile têm um olhar um tanto quanto superficial, sem, no entanto, deixar de discernir o exuberante do medíocre.
Na ótica dos jurados, tudo que é apreciado, analisado, examinado tem seus pormenores, seus detalhes, o que não quer dizer que todo esse critério revele com exatidão quem mais encantou público.
Nesse aspecto, Paulo Barros deve estar colhendo esses louros justamente por ter se aproximado mais daquilo que entende-se como algo perfeito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário