O que pode ser mais grave nessa greve dos garis do Rio? O precedente que outras categorias profissionais abriram ao aderirem à paralização em momento inoportuno? Ou a própria afronta à lei que permite o movimento, mas estabelece regras quanto à continuidade do serviço?
Há outras implicações além da imagem da cidade arranhada, no momento em que milhares de visitantes voltam para sua casa com uma impressão medonha da cidade do Rio.
Se em tempos normais já é difícil dar um tratamento adequado ao lixo urbano, imagine agora, com o acúmulo de detritos de toda ordem espalhados pelas ruas, e um contingente proporcionalmente menor para retomar o recolhimento do lixo em tempo hábil, antes que o problema tome proporções incalculáveis para a rotina da cidade e a vida da população como um todo.
Já não bastam as indefinições de políticas ambientais, no qual a questão do lixo está inserida, que passam ao largo de tudo que foi proposto na Rio+20?
Já seria demais para o futuro de uma grande metrópole que o problema do lixo não seja discutido dentro da área de saúde pública.
Quando um assunto de suma importância para a cidade se desenrola dentro da esfera pública, descortina-se no cenário do Rio, não só a sujeira que traz riscos para a população como também a timidez da administração pública para lidar com política salarial dentro de uma agenda compatível com a vida do cidadão e a rotina da cidade, principalmente em épocas de grandes eventos.
Para os representantes da categoria dos garis, a falta de ética profissional, considerando a prerrogativa de serviço público que cerca a atividade, da qual a população depende e exige o mínimo de excelência, que fica ainda mais comprometida quando se permite a ingerência de outras correntes políticas em assunto que não lhes compete resolver, muito menos avacalhar o processo em andamento.
Seria um lixo a mais para se remover do Rio. E a Cidade Maravilhosa não merece tanta sujeira.
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