Esse Rio de Janeiro que está
sendo exposto para o mundo não é aquela urbe que se divide entre o glamour e a
miséria. Pelo menos durante essa Olimpíada, todas as nossas mazelas e
maravilhas misturadas vão dividir espaço com outras culturas e costumes, porque
a cidade maravilhosa virou o palco do mundo.
Afastem as angústias e tormentos de um povo
sofrido em todos os seus estratos sociais; esse povo que diariamente sangra em
seu cotidiano, para dar lugar ao espetáculo de como vivem em outras pairagens essa
gente que vem lá de longe.
Para os governantes que camuflam nossos
defeitos e imperfeições, mas que às vezes até escapolem quando nossos visitantes
perambulam pelas ruas da cidade e respiram nossos ares também, seria até bom
que isso ficasse em segundo plano e só voltasse depois, em outros palanques para isso, porque, para os
próximos dias até o fim dos Jogos o pódio é o lugar mais concorrido.
Agora, o status de uma grande
metrópole toma outra dimensão, quando o Rio de Janeiro se transforma em um
planeta só, sem fronteiras, com todo mundo junto e misturado.
Em um curto espaço e tempo,
nossos visitantes conhecerão como a gente respira e faz essa cidade pulsar
também, ao mesmo tempo em que sentiremos de perto como essa gente se comporta
dentro de seus domínios, ao trazer para junto de nós suas cores, suas manias e
vícios.
Com tanta gente respirando o
mesmo ar, a energia de uma cidade efervescente no seu cotidiano acaba se
multiplicando pela vibração que toma conta de todos. E a expectativa desses
forasteiros de conhecer todos os recantos do Rio é a mesma com relação às
disputas das modalidades esportivas.
Não é difícil imaginar que nossa imagem toma mais
realismo, bem diferente das propagandas que são veiculadas dos cartões-postais
que se conhecem ao redor do mundo, ao mesmo tempo em que nos familiarizamos com
as maneiras de como eles se comportam na cidade.
Com relação aos outros
eventos que recebem gente de fora, como carnaval e réveillon, essa Olimpíada
que dura mais tempo até cria mais intimidade entre povos diferentes, o que pode
até exportar para as outras praças a experiência que todos vão conhecendo e
vivenciando.
É essa experiência que vai
servir como legado para os que vieram para cá, independente da herança que
ficará para nós depois de toda essa confusão de gente transitando no Rio de
Janeiro, cidade por enquanto uma verdadeira Torre de Babel.
Certamente a cidade maravilhosa
não será o modelo ideal de lugar para se viver. O que pode marcar o Rio
positivamente é a nossa capacidade de organizar uma festa deslumbrante,
principalmente a alegria do nosso povo de receber bem nossos visitantes, mesmo
com a casa um pouco desarrumada, como de costume.
Se alguém levar a culpa por
alguma coisa que deu errado em nossa cidade, com certeza os cariocas ficarão imunes
a qualquer avaliação negativa, porque em todo canto do Rio tem sempre alguém
sorrindo, fazendo do Rio de Janeiro um eldorado momentâneo.
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