sexta-feira, 2 de setembro de 2022

NO RITMO DAS TRIBOS



     A gente já estava começando a falar de política porque foi dada a largada para a corrida eleitoral quando começa também o Rock in Rio, tudo junto e misturado no mesmo calendário, e pareado até no barulho que cada evento vai fazer, claro, cada um no seu tempo e ambiente.
     Mas tá valendo mudar o foco por alguns dias pra falar basicamente de um acontecimento que já faz parte da agenda do Rio de Janeiro de tempo em tempo, principalmente porque contagia e traz um pouco de alegria e descontração num momento de grande expectativa e aflição nesses tempos de pandemia e cenário político bastante conturbado.
     E falando exclusivamente do Rock in Rio não se está fugindo ou desviando da política. Esse festival que o carioca, o Brasil e o mundo já conhecem é uma reprodução clara do que se reivindica na política e que já se ensaia numa frequência cada vez maior a cada chamamento de um sufrágio universal.
    O Rock in Rio que lá na sua gênese tinha a prevalência do metal em suas mais variadas vertentes, hoje consagra a diversidade de ritmos como uma tendência universal da própria música, da arte e da cultura em geral, como instinto e espírito da globalização, porque hoje, dificilmente uma batida qualquer fica retida em seu ponto de origem. Se alguém bate uma lata nos confins do universo seus acordes ecoam em toda a galáxia.
     Talvez devesse mesmo o Rock in Rio abraçar e fazer esse congraçamento de tribos e ritmos, porque a música sempre foi assim, essa mistura de barulhos diferentes, o erudito e o popular, o urbano e o tribal em constante transformação.
     E a política dentro de seu espaço e tempo vai construindo esse cenário, não com o mesmo ritmo e compasso do Rock in Rio, evidentemente, mas há uma proposta com esse objetivo. Há elementos e personagens que ensaiam e reivindicam um outro palco ou palanque como queiram. Na verdade, um palanque como esse do Rock in Rio, para uma diversidade tão abrangente e global como já se confirmou o Rock in Rio.
     Pois bem, é isso que a política precisa ser, consagrada e diversificada como o Rock in Rio em sua configuração, em sua organização, esse monte de gente diferente saindo de todos os cantos, cada um com seu barulho peculiar. Assim deve ser a política em falas e representações, assim ela deve ser, fluindo como música, é melhor que seja assim. É melhor que fosse assim, melhor dizendo.
     Que a política tenha outros ritmos, faça mais barulho e congregue mais e mais tribos e gentes diferentes. Do mesmo jeito que funciona o Rock in Rio.

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