A sociedade brasileira vem ao longo de sua história acompanhando e lamentando esses episódios envolvendo o racismo numa sequência de eventos de falas preconceituosas, de cancelamento, de ódio, tudo dentro da herança que ficou no seio da realidade brasileira, mesmo depois que o Brasil, com muito custo, resolveu interromper o processo de escravidão em terra brasilis.
A gente fala de herança porque é um processo que está dentro da carga genética que todo mundo carrega, e isso cria influência no meio em que se vive.
É basicamente isso que explica esse comportamento bizarro em que tem sempre um estúpido chamando alguém de macaco, a torcida jogando banana em campo, a madame esculhambando o porteiro, a polícia que não pode ver um preto dirigindo ou descendo o morro, as fazendas tocadas em regimes de senzala, e por aí vai.
Enfim, institucionalmente a escravidão acabou, mas o processo continua, impregnado no tecido social, inserido na rotina urbana e rural em todos os quadrantes desse nosso país cheio de contradições, até quando isso?
Não se sabe ao certo, porque vai sempre vir à tona algum evento, um destempero qualquer, um novo ensaio para dar prosseguimento ao velho pensamento servil e escravagista.
Agora mesmo, ou melhor, domingo, dia 09, a ex-atleta de vôlei Sandra Mathias usou a coleira de cachorro para agredir um entregador, olha só. Ela batia no homem com o acessório do animal, a peça que virou o chicote açoitando as costas do cara.
Não tem como não lembrar de tudo que o Brasil viveu naquela cena triste e emblemática para um passado que ainda parece existir, infelizmente. A mulher reproduziu fielmente a chibata como meio de imposição no seu entrevero com aquele homem negro. É o ideal elitista, o ranço escravocrata, o discurso do ódio solapando o sujeito e tomando todo o contorno do que se pode considerar até hoje o momento mais triste e sofrido da trajetória política e social do Brasil.
Está cheio de gente por aí com esse pensamento retrógrado, com uma chibata à postos, esperando só um motivo, um conflito, uma rusga qualquer para realimentar o velho separatismo num país verdadeiramente miscigenado. Qual é a parte que essa gente ainda não entendeu?
É preciso reforçar cada vez mais as denúncias, as políticas públicas, assim como os legisladores adequarem as leis vigentes à realidade atual, os entendimentos, as tipificações, de modo a tornar mais rigorosas as punições a quem insistir em manter viva essa prática nefasta e hostil à sociedade brasileira.
Final dos tempos!
ResponderExcluirEsse tipo de ação só vai melhorar ou mudar ,quando o povo brasileiro perceber que não tem cor é o povo mais miscigenado que existe e um dos mais preconceitos e burro
ResponderExcluirA falta de Justiça para os ricos cria cenas como essas. Foi preciso de mídia para que a Sinhá de São Conrado temesse pela primeira vez. Antes, até a mãe espancou.
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