terça-feira, 15 de novembro de 2022

DE QUEM É ESSE LIXO?

  

    A única vez que a Baía da Guanabara esteve sob os holofotes da mídia foi quando o poder público ensaiou despoluir toda aquela área naquele velho e mal fadado projeto criado em 1994, resquícios ainda de todo aquele discurso da Eco-92 que o Rio sediou.
   Naquela época, a única preocupação era recuperar o ecossistema local e deixar o espelho d’água reluzente para a foto do cartão-postal da cidade ficar bem bacana, e todas as cidades do entorno da Baía com saneamento básico, olha que maravilha.
    Agora, foi preciso uma carcaça velha de navio se desprender do ferro, bater na Ponte, levar perigo aos usuários da via, para todo mundo se lembrar que ficou muita coisa por fazer na Baía da Guanabara ao longo dessas décadas.
     Hoje, a questão ambiental é muito mais complexa, há uma série de fatores envolvidos, e haja fóruns para discutir o assunto. As nações e vários organismos se encontram e haja documentos, relatórios, promessas e um falatório interminável para no final resultados bem aquém do que esperavam.
     A COP-27 está aí em mais uma tentativa de tornar o planeta mais atraente, mais saudável e sustentável, essas coisas. As pautas discutidas agora são muito mais abrangentes, mais globais, melhor dizendo.
    Portanto, menos mal que o incidente não trouxe danos maiores para a vida das pessoas e para a estrutura da ponte. Continuamos respirando aliviados e sobrevivendo ao descaso de governantes de todas as esferas, empurrando a responsabilidade, um para o outro, como sempre acontece.
     Tanto a Capitania dos Portos, o Instituto Estadual do Meio Ambiente e o Ibama não levarão a culpa por esse entulho a céu aberto. Tem uma questão jurídica envolvida que vai livrar a cara dessa gente toda. E aquele trambolho vai ficar lá por mais tempo compondo aquela paisagem, ofuscando nossas vistas, nossas vergonhas e tudo mais.
    A Baía da Guanabara é apenas mais uma promessa de tempos atrás, com o mesmo nível de degradação que há muito se verifica nos rios, lagoas, no Pantanal, no Cerrado, na Floresta Amazônica, guardadas as devidas proporções, tudo bem, mas com o mesmo grau de preocupação e urgência frente às demandas de todo o seu entorno.
     O pior já passou.

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