terça-feira, 22 de novembro de 2022

POR TRÁS DOS ARRANHA-CÉUS

  

  Bom, se todo mundo achava que essa Copa no Qatar seria diferente, porque no mundo islâmico não pode isso, não pode aquilo, não foi diferente das outras edições os cenários que geral já está acostumado a ver em paralelo as ações dentro das quatro linhas.
    Hoje, mais do que nunca um evento que reúne pessoas do mundo inteiro vai ter um caráter político numa dimensão cada vez maior, porque isso já é uma tendência no mundo, independente de como se dão as regras do país anfitrião e os interesses da Fifa em todo esse cenário.
    Pra começar aquela cerimônia de abertura politicamente correta, de igualdade, liberdade, essas coisas, o Morgan Freeman gastando a fala, beleza, sob a vista do dirigente do país, o Emir Tamim que governa o país com mão de ferro e não escondeu o constrangimento de aplaudir a peça que reivindicava justamente o que o seu regime veta e condena.
    Lógico que não se pode julgar a soberania de um país independente como o Qatar, que tem suas leis, sua cultura, religião, enfim, mas a gente foca nas contradições de quem almeja se inserir numa nova ordem mundial com as mesmas mazelas e incongruências de outras nações poderosas, e não consta que o Qatar seja um eldorado naquele espaço do Golfo Pérsico. Não parece que o Qatar seja só de arranha-céus.
     A Copa do Mundo é um evento esportivo, mas o anfitrião da vez sempre aproveita para mostrar ao mundo o que ele pretende no cenário global com a capacidade que ele tem de se desenvolver, se modernizar por intermédio de seus recursos e ainda ampliar as relações com quem quer que seja pelo mundo afora.
    No Qatar, todo o barulho que se ouve fora das quatros linhas é uma síntese do que já rola em vários cantos do planeta. As manifestações, protestos e reivindicações num ambiente de Copa do Mundo são um grito a mais no meio da torcida ou dos jogadores em campo, um pequeno universo que concentra e representa segmentos da sociedade cancelados, açoitados, marginalizados e desfavorecidos em seus redutos.
     Para a opinião pública, é importante que o movimento das mulheres no mundo todo, o combate ao racismo dentro e fora do ambiente futebolístico e demais reivindicações estejam também sob os holofotes de todo o mundo apontados para o Qatar.
    Também é fundamental que um regime autoritário e excludente sinta a atmosfera desse movimento dentro de seus próprios domínios, pois não se perderia jamais a oportunidade de ampliá-lo numa ocasião como essa, numa praça como essa em que há registros de impedimento de várias naturezas.
    Enfim, depois do apito final, não se sabe que frutos o Emir vai colher por receber o mundo em sua casa e quais os benefícios disso tudo para a população local.
     Em meio a tantas incertezas por trás dos arranha-céus, o melhor legado é a liberdade.

2 comentários:

  1. Quando abrimos as portas da nossa casa,para pessoas de costumes e comportamentos diferentes, é pq estamos dispostos a rever a nossa maneira de agir e pensar...
    Que assim seja!!!

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  2. Muito bom, Miguel. Vamos esperar que a Copa venha contribuir para o Qatar evoluir socialmente.

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