quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

A AGONIA DOS PEQUENOS

  

    Uma mulher dá à luz uma criança em meio aos escombros do terremoto que atingiu a Síria. Ela não resistiu, mas a criança foi resgatada com vida, ainda presa ao cordão umbilical.
     Há todo um simbolismo nesse quadro cruel, em que o futuro ganha um fôlego a mais, no momento em que a vida fica por um fio, mas segue em frente respirando e ressurgindo das cinzas, dos rescaldos, dos entulhos, dos escombros.
    Eu vi a imagem da remoção do bebê e lembrei daquela plantinha que nasce na fenda de uma pedra, por entre o limo, onde só um passarinho ou uma abelha podem pousar. A própria natureza se encarrega de reforçar para nós a possibilidade do renascimento, a iminência de um sopro de vida, quando tudo se mostra sombrio e desanimador.
    Aquela cena do menino quase engolido pelas pedras, quase sugado pela energia do solo instável, mas firme ali com os olhos expressivos, bebendo água na tampinha de garrafa oferecida pelo pai, é doído, mas é também um fio de esperança, tanto para quem sente na pele quanto para nós que vemos de longe as vísceras e a aflição daquelas crianças.
    Pelo menos é assim que eu vejo o retrato de quando a vida das pessoas beira o precipício, principalmente as crianças, que além de serem as mais indefesas, são as que não têm culpa alguma. Tudo bem, é um evento natural, vão falar, mas, há tecnologia capaz de prever essas catástrofes e fazer o país tocar rumo seu novamente.
   No caso da Síria, há anos em conflitos internos, o ambiente e situação política impossibilita qualquer tentativa de união em torno de um problema que afeta a todos. Reconstrução é sempre difícil, ainda mais com a economia fragilizada, embargos econômicos e dependendo de ajuda externa.
   O que ameniza um pouco é a solidariedade dos países, da ONU. Mas já já as placas tectônicas voltam a bater em níveis críticos e recomeça o mesmo martírio de sempre, porque a região ali tem essa falha geológica, é normal ter esses eventos assim por lá.
    Como já ocorre em outras regiões de fortes abalos, é urgente a cooperação com aparato tecnológico de nações que resolveram esse drama por terem recursos suficientes até para auxiliar os países que agora choram a baixa de sua gente.
    Pelo bem da humanidade e, principalmente, das crianças, já era pra ter rolado uma discussão nesse sentido.


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