sábado, 30 de janeiro de 2021
A DOCE ZOAÇÃO
quarta-feira, 27 de janeiro de 2021
O AVARENTO
Se em gestões passadas o fantasma tinha outras roupagens ou se valia de outros expedientes, o Paulo Guedes tem a pandemia como aliada pra disfarçar suas aparições. Por sorte dele os holofotes estão apontados para o coronavírus e desviando a atenção para a agenda econômica bem perversa para os dias atuais.
Já tivemos num governo anterior um fantasma na figura da inflação, e mesmo que esta volte a ser um terror na vida dos brasileiros novamente, ninguém tira o pioneirismo do Sarney naquela década perdida. Até porque, aquele descalabro econômico de antigamente não se encaixaria nesse esforço de sobrevivência que o atual governo vem implementando em meio à pandemia, mesmo levando em conta a carestia já despontando no horizonte.
De qualquer forma, tá muito cedo pra fazer comparações, porque há sempre a crença de que o Centrão tem outros planos para o Brasil, e independente de quem presidir a Câmara dos Deputados, pode ser que haja uma minirreforma ministerial bem aos moldes do legislativo.
Enquanto isso, segue o Paulo Guedes, o avarento da situação. Há quem diga que ele é tipo aquele diabinho sobre o ombro do presidente, importunando pra que não gaste de imediato, ou pelo menos deixe o preço da vacina baixar no mercado, e só deixe pra desenrolar com os chineses depois que todo mundo tomar a segunda dose, tipo ir à feira só depois de uma da tarde. É melhor ser tachado de xepeiro que comprometer as reservas internacionais.
Diante disso a gente pode até sustentar a tese de que a avareza do Paulo Guedes, se for isso mesmo, pode remexer ainda mais negativamente nos números da doença, pois, ainda tem a segunda dose que precisa ser ministrada dentro de um prazo adequado depois da primeira.
Então, se for ele mesmo, o diabólico Guedes que vive espezinhando a vida do Bolsonaro pra protelar a compra de vacina, pode também tá empatando o Bolsonaro de retomar o pagamento do auxílio emergencial. Por mais que falte experiência administrativa ao presidente, é fácil constatar a necessidade daquele cascalho do governo na vida das pessoas novamente, ainda mais agora com essa política econômica que arrocha o bolso da população em plena crise sanitária.
Pense em quantas pessoas voltarão com sua vidinha simples, mas com sua dignidade intacta, aquela velha resenha na laje, o churrasco agora com mais linguiça e asa que carne, né, mas, tudo bem, todo mundo sossegando o facho em casa, melhor que aquela aglomeração nas praias.
Portanto, é esse quadro de bem estar da população com todos vacinados e com poder aquisitivo razoavelmente aceitável que vai permitir a retomada da agenda das pessoas, da vida brasileira, enfim.
sábado, 23 de janeiro de 2021
TUDO PELA VACINA
Tem tudo pra dar certo o processo de vacinação no Brasil, ao contrário de uma parcela que não acredita na eficácia de nenhuma delas, ainda mais agora que os xenófobos de plantão descobriram que todas as vacinas têm seus insumos made in China, numa implicância sem precedentes e desnecessária ao país oriental, pois, daqui pra frente qualquer coisa que for feita terá o dedo ou a marca da China, não tem jeito. Se for pra retaliar tudo que vem de lá é melhor já ir se isolando do mundo, porque a tecnologia empregada nessa conexão toda é dos caras. Quem dera se a gente pudesse gritar aos quatro cantos que o 5G é nosso.
De qualquer forma, é animador saber que essa gente que tá resistindo a tomar vacina vai sem querer contribuir para o sucesso do programa, pois o Pazuello mesmo sabendo desse negacionismo em grandes proporções vai encomendar os imunizantes para toda a população. Daí que a parte que sobrar vai justamente ser usada na segunda dose, olha que bacana! De repente, a estratégia do ministro era mesmo apostar nesse pouco caso de parte da população com a vacina e garantir o sucesso da imunização. Eu fico até pensando que a propaganda negativa do Bolsonaro é proposital nesse sentido. E você aí criticando a logística do general.
Agora, se esse pessoal que tá relutando resolver recuar, voltar atrás, não será novidade alguma. Afinal de contas, não tem como sustentar por muito tempo esse argumento vazio contra as coisas da China, no momento em que essas mesmas vacinas ignoradas por essa gente estão sendo comercializadas e usadas normalmente por outros países, onde dispensa-se um tratamento diferenciado e mais valorizado ao meio científico, bastante recursos para pesquisas, de modo que a opinião pública até faz pressão pelo imunizante e tal.
Aqui no Brasil é diferente, as pessoas entram na pilha à toa, ainda mais agora com a velocidade das redes sociais e neguim usando mentira como meio de sobrevivência em questões de grande seriedade e propagando sem limites falsas verdades sobre assuntos de interesse da coletividade.
Portanto, vamos tomar a vacina, seja qual for a origem, afinal, todas elas virão com a bula traduzida para o mandarim também. O povo brasileiro mesmo, já acostumado a tomar vacina desde criança, depois cresce toma chá pra tudo que é desarranjo, piolho, abortivo, frieira, sem botar um pé sequer no ambulatório, fica ai compartilhando mimimi sem sentido algum, ajudando a politizar questão de ordem social e humanitária.
Na moral, eu acho que no final todo mundo vai se vacinar naquele ambiente festivo que é bem próprio do povo brasileiro, selfie, boomerang, story, live, enfim, essas coisas que viralizam mais até do que o próprio coronavírus. Se tiver uma meia dúzia de gato pingado que vai resistir até o final, nada que possa neutralizar os efeitos de um santo remédio a essa altura do campeonato e da agonia das pessoas.
Pelo menos a propaganda até agora, só nos palanques já montados para disputar o pioneirismo da cura. Por enquanto não tem nada dizendo que a persistirem os sintomas o médico ou a rezadeira devem ser procurados.
quarta-feira, 20 de janeiro de 2021
VERÃO
Quando rola esse calorão é que a gente
percebe que a natureza, não só é perfeita como esperta também. De repente nessas
voltas que o mundo dá, em meio a essas oscilações de marés, dos ventos, regime
de chuva ou de outras manifestações a
natureza não permite que a tecnologia minimize a ação dessa fornalha na vida
das pessoas.
A natureza já entendeu que qualquer
tecnologia que o homem invente é um ensaio de manipulação sobre tudo ao seu
redor, inclusive a própria natureza. Para ela, guarda-sol, ar-condicionado e
ventilador são armas de guerras, ainda que com o calibre diferente das
motosserras e dos machados, tudo bem. Mas,
diante dessa artilharia a natureza como
demonstração de força usa o sol para
perturbar o juízo dos homens, uma espécie de revanchismo, aproveitando que
neguim tem adoração pelo sol, tanto que já reconheceram essa supremacia, essa
autoridade desde o tempo em que outros povos se declaravam súditos do rei-sol. Então, na surdina, discretamente a natureza
vai derretendo o cérebro dos grandes gênios para que estes não tragam mais
conforto para nós mortais. Alguns até conseguiram fugir desse cerco da natureza,
como aquele que tornou tudo meio que relativo, mas nada que tirasse a dedicação
da natureza, que como uma boa mãe deseja sempre que seus filhos se esbaldem com
o suor escorrendo pelas têmporas, fora aquele mau humor que elimina qualquer
possibilidade de ternura ao sabor desse maçarico, as pessoas começam a perder a
paciência à toa, num claro sinal de que a natureza tá ganhando a parada e fazendo prevalecer sua
força já conhecida, mas desprezada por essa gente que degrada a natureza sistematicamente.
Portanto,
não tem jeito, o aquecimento global tá aí pra mostrar que a natureza tem caixa pra
continuar sua empreitada. Então, relaxe e faça de conta que seu calor humano é
que vem aumentando nesses últimos tempos.
terça-feira, 19 de janeiro de 2021
VIVA A CIÊNCIA
Não deixa de ser marcante e especial o
primeiro dia de vacinação depois de um longo tempo de espera e agonia. Na
medida em que os números da Covid- 19 subiam a níveis alarmantes aumentava
também a expectativa pela vacina, a primeira que chegasse.
A emoção que era visível no rosto das
pessoas que se vacinavam faz sentido por tudo que o pessoal da área da saúde
passou nesses últimos tempo vendo de perto a agonia de infectados, tendo que se
dividir entre salvar a vida alheia e preservar a sua também.
Agora é esperar a vez de cada grupo se
imunizar e a vida de todo mundo voltar ao normal, mas antes um balanço de tudo
que ocorreu em torno da pandemia, principalmente a atenção à ciência no Brasil.
Se antes, em gestões anteriores havia um
tratamento diferenciado às áreas de pesquisas, e mesmo assim os recursos
destinados ao setor eram considerados parcos pela urgência de grandes projetos na
área científica, agora, com o atual governo praticamente desprezando a
importância da comunidade científica,
como ficou provado nessa pandemia, certamente há que se fortalecer o movimento em
prol das ciências, mais investimentos em quaisquer setores onde pesquisas
importantes para o desenvolvimento do Brasil se fazem presente.
Não pode uma nação como o Brasil, com órgãos
de pesquisas conceituados e bem estruturados, hesitar em buscar soluções para
os problemas que afligem toda a população. Não pode o governo federal dar um
viés político a questões que necessitam única e exclusivamente da interferência
de especialistas da área. O conhecimento não pode ser deixado de lado, e a
administração mexendo na cúpula de órgãos públicos e colocando gente com perfil
completamente oposto às funções a se desempenhar. Enfim, não é viável critério
político em funções que demandam conhecimento, como é o caso do Ministério da
Saúde e da Anvisa, órgãos dos mais importantes durante a pandemia para a
condução de uma agenda favorável à população, não à conveniência do gestor
público.
A sociedade brasileira já está acostumada a
se vacinar e sempre acreditou na comunidade científica do nosso país, ainda
mais que administrações anteriores sempre obedeceram a autonomia dos principais
órgãos de pesquisa do Brasil, principalmente a Fiocruz e o Instituto Butantã, pela
seriedade em outros programas de vacinação que sempre trouxeram resultados positivos
no combate à todas as enfermidades enfrentadas pelos brasileiros.
Apesar de todas as dificuldades e obstáculos
que o próprio governo federal criou até a chegada da vacina, fica a lição da
importância da ciência para todos os brasileiros, muitos agora cientes de que projetos de natureza científica vêm de recursos públicos. O próprio envolvimento das
pessoas nas redes sociais criou essa noção, essa consciência do quanto são necessários a atenção e os investimentos ao setor científico no Brasil.
domingo, 17 de janeiro de 2021
MUITO ALÉM DO OXIGÊNIO
Aquela imagem do homem transportando às pressas um cilindro de
oxigênio para salvar um parente internado dá a dimensão da calamidade que
atinge o Brasil nesses tempos de pandemia. A gente fala de calamidade apenas
para ilustrar a penúria que não deveria existir. É claro que há outros fatores
que completam esse quadro medonho, em que a expectativa de vida das pessoas é
quase nula.
É
triste ver o Brasil com todas as suas instituições e órgãos públicos
aparelhados, mas completamente inertes nas mãos dos homens públicos, que parece
terem perdido a noção do princípio da coletividade, do conjunto que faz tudo
isso funcionar, as cidades, os estados e o país.
Ao
mesmo tempo em o cidadão comum ignora as regras de convivência em sociedade,
quando há a necessidade e a responsabilidade dos cuidados básicos para combater
a doença, o próprio poder público também age de acordo com a conveniência dos
mandatários, cada um na sua esfera de debilidade política.
Esse
caso triste em Manaus é um assunto de ordem nacional, em que deveria reunir
todos para uma única solução: salvar vidas. Era para estar o presidente, o
governador e o prefeito local juntos numa agenda de gerência de crise, como bem
propõem e sugerem as prerrogativa de cada um deles em seus cargos. Isso é o mínimo
que poderia rolar dentro de uma questão humanitária. É o mínimo se
eles estivessem de fato preocupados com a população, apenas tentam transparecer
isso, mas sem, no entanto, agir de acordo. O que se vê é cada um querendo tirar
proveito da situação, como nas outras tragédias pelo país afora, em que vidas
humanas se perderam, nada foi resolvido, mas mesmo assim teve gente lucrando
com a situação de uma forma ou de outra. Veja os casos de Brumadinho, Mariana,
região serrana com as chuvas fortes, estão até hoje esperando por soluções, mas
pode procurar que alguém tirou proveito da tragédia.
Nesse
quadro da pandemia é a mesma coisa. O presidente Jair Bolsonaro fica ai nessa disputa
política com o João Dória, e não sossega enquanto não for dele o pioneirismo da
vacina contra a Covid- 19. Ele como mandatário do país tinha de estar lá no
front, nos escombros, vendo a situação dos estados, colocando toda
infraestrutura da União para auxiliar os governos estaduais. É assim que um
líder político se comporta, não batendo boca com adversários políticos,
atacando a imprensa e o aparelho jurídico a todo instante, num expediente bem
distante de suas reais responsabilidades que seu cargo confere.
Pode ser que agora com a aprovação
das primeiras vacinas pela Anvisa o governo se comporte como o gestor público eficiente,
mas sem comemorar, porque, seguindo as atribuições do governo federal para solucionar
o problema, não faz mais que obrigação a atuação correta e visando à saúde da população.
Em nome do individualismo, seja do homem público
ou do cidadão comum, nunca se viu de forma tão intensa no Brasil a politização
de uma questão social e humana. Vê-se agora o desprezo pela vida das pessoas
numa dimensão maior. Desde o sujeito que ignora sua própria proteção e se
aglomera sem culpa alguma; as prefeituras que flexibilizam a rotina da cidade
por força de interesses comerciais; aos políticos sem escrúpulos que querem se
eternizar no poder, tudo contribui para desconstruir o caráter coletivo dos
grandes problemas nacionais, tudo isso deixa o cidadão de bem entregue à
própria sorte, como o brasileiro lá em Manaus levando o oxigênio para o seu
parente.
Já
houve a crença de que estaríamos evoluindo a cada desafio lançado em nossa
realidade. A experiência de tanta resistência e luta desenharia o melhor
conjunto da sociedade brasileira. A maturidade que a gente parecia alcançar nos
faria um povo à frente do nosso tempo. Mas, infelizmente as pessoas,
independente de seu papel social, instituíram de vez o velho expediente de
puxar a brasa pra sua própria sardinha.
A essa
altura do campeonato, a vacina que vai chegar só vai amenizar a dor do momento,
pois a sociedade vai continuar doente de outros males. Porque, pelo
menos para o individualismo não há nenhum remédio para combatê-lo, por
enquanto.
quinta-feira, 7 de janeiro de 2021
CHILIQUE NO CAPITÓLIO
Lembrando que não há democracia prefeita, porque as que existem funcionam sob suspeição pelos vícios que fazem parte de sua agenda. Mas é certo e ninguém pode negar que é a democracia que permite a liberdade no plano coletivo e individual. É a democracia que sugere a melhor conexão possível entre as partes.
Quando vemos o Congresso americano sendo invadido por grupos inconformados com o resultado das eleições, causa surpresa que seja justamente nos Estados Unidos, a nação que mais recebe imigrantes no mundo todo, a nação que tem o mapa demográfico mais colorido do planeta desde a sua independência em 1776.
Agora, o recado serve para qualquer país. Se antes havia a supremacia da elite branca na agenda socioeconômica de todos os países que abrem suas fronteiras para o mundo, é inútil negar as mudanças que já operam há muito tempo. Se num passado distante havia a prevalência da elite branca na maioria das decisões de toda ordem, é bom que se acostumem com a participação cada vez mais efetiva de novos grupos com assento firmado nos legislativos, nos fóruns, nas mesas de debates, nos tribunais, nas grandes empresas e, principalmente, no centro do poder.
Diante desse novo cenário, não adianta mais ignorar a representatividade das minorias pelo mundo. Não adianta mais se espernear porque outras tribos conquistaram seus espaços, que isso já é uma tendência no mundo.
É claro que toda aquela confusão que os apoiadores do Trump fizeram no Capitólio não vai mudar o resultado das eleições lá, até porque os congressistas já até ratificaram a vitória de Joe Biden, mas a violência empregada na ação dá o tom do inconformismo da elite branca com um governo que já anunciou dar voz a outros segmentos da sociedade americana, como negros, mulheres e a população latina daquele país, todos já devidamente representados na composição do novo governo, segundo o próprio relato e discurso de Biden.
Enfim, é melhor que esses supremacistas, tanto os americanos como os de outros quadrantes do planeta, se acostumem com essa nova configuração demográfica, essa nova distribuição de fazeres, de oportunidades e atribuições dentro de um mesmo espaço.
Nunca é demais lembrar que o Brasil também vive esse clima de insurgência contra negros, mulheres, além de ensaios de ruptura institucional por força única e exclusivamente de intolerância, de não aceitação de um novo panorama, de um novo horizonte, no momento em que esses grupos antes excluídos do convívio social e político, agora participam mais ativamente de toda a agenda da realidade brasileira.
Se a democracia americana já não é mais o modelo ideal a ser seguido, isso é outra história. Já, aquela balbúrdia que rolou lá no Capitólio serve de alerta para novas ações de combate à intolerância de qualquer natureza, assim como uma reflexão profunda sobre um mundo cada vez mais heterogêneo, e sem chilique, por favor.