Foi
uma semana bem doce, considerando o assunto que norteou as conversas e, claro,
as discussões, porque isso já é praxe, principalmente nas redes sociais, por
onde não faltaram postagens, memes, enfim, toda sorte de publicação com o
malfadado leite condensado como pano de fundo.
Misturado ao maçarico que já
está apontado para o Rio há mais de uma semana, antigamente até se colocava ovo
no asfalto pra medir a temperatura ambiente, mas como o ovo também está os
olhos da cara, a gente segue tendências e coloca uma xícara e meia de leite
condensado na pista que fica tipo cocada.
Pois é, e baseado nisso dá pra ter
uma noção de como foi acalorado o bate-boca com a descoberta de que o governo
gastou uma fortuna com a guloseima. É impressionante como as pessoas perdem
tempo com futilidades. Em uma semana dava pra fazer coisas muito mais
produtivas do que alimentar discussões em torno de algo que não traz resultado
promissor algum.
Essa pandemia até tem provocado essas mudanças de como
utilizar melhor nosso precioso tempo, de se reinventar cada um em sua agenda
pessoal, mas parece que neguim gosta de fragilizar sua própria
capacidade e inteligência. O cenário político até permite discussões, mas no
sentido de encontrar soluções, não de complicar ainda mais o processo, como
insistem essa massa acalorada.
Se tem alguém que pode tirar proveito de tudo isso, as
empresas que agradecem a moral pela propaganda compulsória e gratuita com
vários rótulos do produto estampados nos feeds de notícias,
até nos Storys o leite condensado ficou badalado, tamanha a
dimensão que a publicidade alcançou. Até o presidente botou uma latinha em cima
da mesa em sua coletiva particular e exibiu como um troféu, numa clara
demonstração de zoação, que ninguém é de ferro. Mais uma semana de
veiculação tá arriscado a cotação dessas empresas darem um salto no mercado de
ações, com o Mark Zuckerberg de repente até aventando a possibilidade de uma
participação nesse negócio por motivos óbvios, né.
A própria imprensa em todo o seu conglomerado, sempre
concentrada nos desdobramentos da pandemia, ficou mais à vontade, com mais
espaço para a Covid- 19, nem precisou de se ocupar dos gastos do governo, pois
o Portal da Transparência tratou de replicar o assunto, já apostando que
houvesse mesmo toda essa falação muito mais alardeada que as hashtags da
vida. E assim assuntos banais vão ganhando importância e tomando uma dimensão
sem sentido algum.
Agora, para efeito de transparência há um desvio de
atribuições, em que a realidade das coisas fica oculta automaticamente, como se
quisesse de fato escamotear o que não rola, porque nesse ambiente é o escárnio
que define o melhor cenário, e com isso fica parecendo que o único pecado do
Bolsonaro foi gastar uma fortuna pra adoçar a boca de sua tropa.
Em vez de o presidente esbravejar contra a imprensa pela
explanação do caso, ele deveria era comemorar que, sem querer desviaram a
atenção dos verdadeiros problemas do país. No lugar de mandar geral pra pqp,
Bolsonaro poderia agradecer pela moral de rotularem apenas essa babaquice como
o único infortúnio de sua gestão. Por um momento ficou a impressão que o país
está às mil maravilhas, e que toda essa algazarra é só pra descontrair.
A gente sabe que a zueira é um modus
vivendis dos brasileiros. Só não podemos é aceitar que isso se
transforme numa cortina de fumaça, ainda mais para o presidente Bolsonaro que
inverteu todos os prognósticos a seu favor, inclusive sobre esse velho
expediente de gastança desenfreada como marca da velha república que o próprio
Bolsonaro também contribui pra repaginar.
Enfim, o Bolsonaro está longe de adoçar a boca dos
brasileiros. Se ele falou alguma coisa nesse sentido, sei lá, de repente o
presidente estava de zoação.
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