quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

O AVARENTO

 

   Todo governo tem um fantasma em seus quadros, aquela figura que assombra as pessoas como expediente normal, tudo dentro de suas prerrogativas legais, como bem alegam, porque tá sempre dentro de um pacote de medidas previamente divulgado e tal.
   Se em gestões passadas o fantasma tinha outras roupagens ou se valia de outros expedientes, o Paulo Guedes tem a pandemia como aliada pra disfarçar suas aparições. Por sorte dele os holofotes estão apontados para o coronavírus e desviando a atenção para a agenda econômica bem perversa para os dias atuais.
     Já tivemos num governo anterior um fantasma na figura da inflação, e mesmo que esta volte a ser um terror na vida dos brasileiros novamente, ninguém tira o pioneirismo do Sarney naquela década perdida. Até porque, aquele descalabro econômico de antigamente não se encaixaria nesse esforço de sobrevivência que o atual governo vem implementando em meio à pandemia, mesmo levando em conta a carestia já  despontando no horizonte.
   De qualquer forma, tá muito cedo pra fazer comparações,  porque há sempre a crença de que o Centrão tem outros planos para o Brasil, e independente de quem presidir a Câmara dos Deputados, pode ser que haja uma minirreforma ministerial bem aos moldes do legislativo.
   Enquanto isso, segue o Paulo Guedes, o avarento da situação. Há quem diga que ele é tipo aquele diabinho sobre o ombro do presidente, importunando pra que não gaste de imediato, ou pelo menos deixe o preço da vacina baixar no mercado, e só deixe pra desenrolar com os chineses depois que todo mundo tomar a segunda dose, tipo ir à feira só depois de uma da tarde. É melhor ser tachado de xepeiro que comprometer as reservas internacionais.
   Diante disso a gente pode até sustentar a tese de que a avareza do Paulo Guedes, se for isso mesmo, pode remexer ainda mais negativamente nos números da doença, pois, ainda tem a segunda dose que precisa ser ministrada dentro de um prazo adequado depois da primeira.
   Então, se for ele mesmo, o diabólico Guedes que vive espezinhando a vida do Bolsonaro pra protelar a compra de vacina, pode também tá  empatando o Bolsonaro de retomar o pagamento do auxílio  emergencial. Por mais que falte experiência administrativa ao presidente, é fácil constatar a necessidade daquele cascalho do governo na vida das pessoas novamente, ainda mais agora com essa política  econômica que arrocha o bolso da população em plena crise sanitária.
    Pense em quantas pessoas voltarão com sua vidinha simples, mas com sua dignidade intacta,  aquela velha resenha na laje, o churrasco agora com mais linguiça e asa que carne, né, mas, tudo bem, todo mundo sossegando o facho em casa, melhor que aquela aglomeração nas praias.
   Portanto, é esse quadro de bem estar da população  com todos vacinados e com poder aquisitivo razoavelmente aceitável que vai permitir a retomada da agenda das pessoas, da vida brasileira, enfim.
  
  

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