Falar sobre a perda de vidas humanas em tragédias de acidentes naturais tem de ser feito sob um olhar bem diferente do que já foi explanado ao longos desses tempos até agora, porque, não bastasse a imprensa tradicional a espetacularizar as dores, as angústias e a lama escorrendo nas manchetes e sites de notícias, a gente que também se solidariza com tudo isso, se não tiver o mínimo cuidado pode incorrer no mesmo erro de ficar repetindo a ladainha de sempre.
A partir de agora, mais importante que contabilizar as mortes em cada inserção nas mídias é cobrar o que deve de fato ser feito para interromper esse ciclo de desastres. Se algum membro do poder público em qualquer esfera de governo falar das dificuldades para se implementar os projetos destinados a essa questão, é bom lembrar que há amplos estudos feitos em função de eventos anteriores, que pela mesma natureza pode ser posto em prática agora, já que não foi feito antes.
Não é de hoje que os principais órgãos de pesquisa ligados as universidades e entidades que discutem a questão vêm apontando soluções e direcionando, principalmente, às prefeituras, que é de onde devem efetivamente brotar as intervenções, dada a particularidade que cada cidade envolvida tem. Veja a diferença da geografia do Rio de Janeiro para a de Petrópolis, por exemplo. Daí a importância desses estudos que a comunidade científica não cansa de destacar.
Seguramente em todas as cidades onde ocorrem essas tragédias há um projeto enfiado numa gaveta qualquer esperando para se tornar uma grande obra que pode reverter todo esse quadro triste e angustiante. Mas como sempre acontece, esbarra na falta de vontade política, quando vão empurrando, mesmo depois de várias vidas humanas ceifadas. Depois que limpam as ruas, recolhem os lixos e a lama e tudo volta ao normal, nenhum prefeito arregaça as mangas junto com os órgãos competentes para modificar os cenários atingidos e evitar mortes.
Os governos federal e estadual estão sempre enviando recursos em caráter de emergência, mas ninguém presta conta de nada, fica por isso mesmo. Os Tribunais de Contas e as Câmaras municipais e estadual, que deveriam fiscalizar o descaso com a vida das pessoas e com o dinheiro público também se calam.
O resultado de tudo isso são cidades completamente inviáveis para os próprios nativos. A população fica desguarnecida porque o poder público não consegue gerir crise, enquanto tragédias como essas acabam interferindo no desenvolvimento das cidades. As principais metrópoles do mundo se modernizando e aqui cidades com capacidade de acompanhar as novas tendências de intervenções urbanas optam por incorporar as tragédias em nosso calendário, tornando a lama cada vez mais sustentável.
Triste demais,tudo isso e é todo ano em algum lugar,as vezes evito de assistir noticiários pra não me revoltar com mais uma tragédia que poderia ter sido evitada ou sem grandes proporções... Lamentável,tudo isso,uma cidade histórica destruída, minha mãe,na juventude frequentava muito o famoso Hotel Quitandinha,ela amava Petrópolis!
ResponderExcluirMiguel, muito bem observado. Nossos governantes se preocupam apenas em ações que visíveis, que gerem votos. Basta ver a questão do saneamento que, como se trata de ações de pouca visibilidade, é adiada e tem seus recursos desviados para outras obras mais visíveis...
ResponderExcluirBoa,Miguel! Concordo plenamente com você!
ResponderExcluirPaulo Paduano