domingo, 13 de fevereiro de 2022

COMO ASSIM, ESSA INFLUÊNCIA?

 

   Já virou rotina o expediente que aquele sujeito faz todos os dias pra se inteirar das notícias dos jornais. Virou um evento assim um tanto quanto religioso parar pra ver o que tá rolando no entorno. 
    Tem dia que é bastante concorrido por causa dos jogos do campeonato, além, é claro, da agenda do cenário político, pra não ficar de fora dos últimos acontecimento, que agora o povo tá mais politizado, quer dizer...bom, é melhor dizer que as pessoas estão agora mais familiarizada com toda essa polarização.
    Já teve dia de o cara chegar e ter de esperar a sua vez pra ler de tanta gente que tinha no pedaço. Muita discussão também. Quando não era por causa de Lula e Bolsonaro, era pelo Big Brother, maior stress ali, já de manhã.
    Só que ultimamente ele vinha estranhando um monte de expressões em inglês nas manchetes ali expostas. Um troço difícil de ler, de entender. Será que o jornal também tem um investidor americano, igual ao Botafogo?
     Fica até difícil soletrar pra saber o que significa de fato aquele negócio escrito ali. Pra ele era mais estranho que prender jornal com pregador, vai vendo.
    Mas nesses tempos em que tudo que vem escrito nos jornais dá briga, o cara fica até bolado de ficar questionando alguma coisa que já mexe com os brios de um monte de gente nas redondezas. O negócio tá num nível que você começa a falar, antes de concluir já ganha grátis um rótulo de fascista ou comunista, de acordo com o critério do interlocutor.
     E parece que esse negócio de grafar algumas situações em inglês, assim na lata, sem nenhum plebiscito pra saber se o povo quer, vai bagunçar um pouco mais o coreto, porque, neguim já pena pra interpretar o texto e ainda vai ter de traduzir a parada? Ah, não...!
     Mas aquele cara, pelo menos ele, não vai ter muita dificuldade, não, porque ele é humilde o suficiente pra se desenrolar, ele puxa assunto com as pessoas. Isso já o deixa num outro patamar de sobrevivência humana. Afinal de contas, ele é do tempo que não tinha Google para procurar as coisas, tinha de perguntar mesmo, se não quisesse ir pesquisar na biblioteca da cidade, é claro.
    Uma bagagem que ele criou que o deixa bem à vontade pra perguntar sem muita cerimônia, apenas com a educação necessária em qualquer situação. E aquela mulher ao seu lado olhando as notícias poderia perfeitamente tirar uma dúvida que lhe tomava o juízo naquele momento. Afinal, o que era aquela expressão Influencer? Era num primeiro olhar uma grafia estranha de algo familiar na língua português.
     “Tá sinistro(sic) essas palavras em inglês, agora, né?”, disparou ele para a mulher, que em nenhum momento considerou assédio aquela letra, tanto que logo respondeu de pronto que estava na moda, era uma tendência de mercado e tal.
      Mas o que é uma pessoa com essa marca, essa etiqueta, quis saber o cara. “São essas pessoas que criam um canal pra mostrar o comportamento dos outros, ditam regras, moda, além de mensagens motivacionais para os seguidores, essas coisas”, esclareceu a moça na hora.
    Pela exposição do termo ele certamente achava que era uma profissão nova e diferenciada, daquelas que exigem um saber específico, ainda mais agora com essa nova era tecnológica. “Ah, é isso?”.
    Retomando seu rumo vai junto a cabeça povoada de realidades distintas, mas conhecidas de todos, apenas uma roupagem diferente nos atores de cada cenário. Que novidade há em alguém que surge do nada para estabelecer padrões para as pessoas, coisas e situações, quando já sofremos influência desde nossa concepção?
     Os influenciadores são longevos demais para acreditarmos que eles sejam emergentes nas práticas humanas. Enfim, já deveriam ter regulamentado há muito tempo essa profissão.

3 comentários:

  1. Olá amigo! Somos bombardeados todos os dias com informações que chegam pelos meios de comunicação e mídias,devemos ter muito cuidado é procurar analisar quem está passando a mensagem, não aceitar logo como uma verdade porque o autor tem o seu interesse particular no que está transmitindo ou estar a serviço de alguém. É não sair compartilhando por notícias falsas, preconceituosas. Todo cuidado é pouco!

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  2. Nos dias de hoje ,já está difícil colocar as nossas crianças para estudar ,agora com esse modismo elas falam:- estudar pra quê? Quero ser youtuber ou influencer não preciso estudar muito, só saber me expressar e ter convicção naquilo que falo,nesta minha linha vida de magistério mais de 20 anos ,já vi de tudo, mais hoje em dia com a influência da indústria da internet onde encontramos com facilidade as coisas boas e ruins e neste mundo pandêmico, essa tal influência vai reinar por muito tempo e vai afastar infelizmente cada vez mais aquelas catucadas que recebíamos do nada nas ruas e prédios para saberem onde é o número tal,rua tal estamos vivendo uma nova era.

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  3. Existem muito influencers bons, que falam inclusive sobre a nossa Língua e Literatura, mas, infelizmente, estão longe de terem tantos seguidores.

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