segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

AS SACOLAS DA MAMÃE



      Já faz muito tempo, mas a imagem e a lembrança são bem nítidas até hoje.
     Ela estava arrumando cada uma daquelas sacolas de supermercados, que naquela época eram de papel, e foi dobrando uma por uma, cuidadosamente. Havia um cuidado especial para não romper a alça, senão estragava a sacola, perdendo a serventia, pois a sacola era reaproveitada, mais como bolsa que como saco de lixo, como são transformadas as sacolas plásticas hoje.
     As pessoas usavam as bolsas de papel de supermercado como se usam mochilas hoje. Pareciam bolsas de grife das Casas da Banha.
    Naquele dia, ela resolveu dar uma arrumada geral naquele monte de bolsas enfurnadas num canto qualquer da casa. Ela abria novamente as bolsas para dobrar direito e ficar mais arrumadinho. E usava a própria bolsa para acondicionar as demais. Cabia bastante dentro de uma. Deu para encher duas bolsas, ficaram bem cheias.
     Quando eu achava que aquele expediente era uma rotina normal, arrumar a casa, enfim... Para minha surpresa, ela tinha outra intenção com toda aquela arrumação. “Bota o chinelo, vamos sair!”, decretou ela. E lá fomos nós. Eu perguntando no caminho para onde iríamos, e nada. Já estávamos no ônibus e eu ainda sem resposta. Em momento algum fui reprimido por tanto questionamento. Talvez por estar compenetrada, concentrada em seu projeto, nada respondia.
     Na verdade, um silêncio que fazia parte do processo, fui ver depois. Tem de estar pronto para a glória, para a penúria, para a providência, para as provações.
    Chegamos ao destino, enfim. Era a Feira de Santa Cruz, muita gente, eu ainda tentando encaixar uma razão para aquilo tudo. De repente, ela arranja um lugar ali no percurso das pessoas, junto de alguma barraca, uma gritaria só. Parecia um lugar reservado, mas, não, ela inventou aquele espaço ali.
    Pronto. Agora eu entendi. Dentro de umas das bolsas cheias de bolsas havia várias folhas de jornal, que mamãe esticou ali no chão, ocupando um espaço necessário e suficiente para a empreitada. Todas aquelas bolsas cuidadosamente dobradas, agora eram abertas com o mesmo cuidado. Não lembro quantas, mas eram muitas, emparelhadas, expostas ali. Era a banquinha de bolsas. Bolsas de grife.
    Vendeu tudo, porque eram de marcas. Vendeu tudo, porque tudo conspirava para o sucesso da empreitada. Vendeu tudo, porque ela planejou não sonegar a necessidade, o aperto, mas contemplar a escassez das coisas, dos tempos, com afinco e honestidade.
     Mamãe tinha essa habilidade, essa arte de encontrar soluções para o que poderia ser uma calamidade, uma tragédia, uma miséria. Eu acho até que essa capacidade que ela tinha de reverter um cenário de penúria em bonança é que me estimulou a considerar apenas as melhores possibilidades na vida.
    Depois de 45 anos que ela partiu, carrego até hoje uma saudade imensa, que dói, mas por sorte, maturidade e o espírito calejado já não machuca mais, pois o orgulho que eu sinto dela acabou preenchendo o que antes era uma grande lacuna.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

AS LINHAS DA VIDA

  

   Não tem jeito. A gente está sempre tendo que bater um papo com o médico periodicamente, mesmo que não haja alguma coisa que tenha de ser investigada pelo doutor.
    É uma preocupação quase que desnecessária, no momento em que você se sente bem, mas de tanto ver alguém próximo falando e alertando que pode ter algo que a gente não sabe, enfim, aí você se arruma e vai munido de exames e uma série de preocupações e perguntas que a gente joga nos peitos do médico, e ele, candidamente, responde cada uma com aqueles dois monossílabos conhecidos.
    Tanto o sim como o não são formas de te tranquilizar e eliminar aquele pânico que qualquer um sempre leva para o consultório, principalmente quando você vê essas linhas aí de cima cheias de oscilações. Em cada parte do trajeto que a linha vai fazendo há movimentos diferentes. Não há simetria alguma em todo aquele processo. Tem uns intervalos bem estranhos, uns sobressaltos, isso é grave, doutor?
    É claro que qualquer um sai daquele lugar com a alma renovada, quando o cara fala que no meio de todo aquele emaranhado de números, dosagens, índices e valores de sangue, urina está tudo normal, sem problema, relaxa.
    Quanto às linhas tortas, para de neurose, cara. É o que certamente diria o médico se ele deixasse um pouco de lado aquela formalidade pra falar. Eu penso que ele até quer ser assim menos pragmático, mas a profissão exige uma certa seriedade com o paciente. Não fosse isso, ele de repente até faria daquela mesinha um balcão de boteco e abriria uma pra comemorar ali na hora, ou então marcaria uma resenha lá na Lapa, olha só.
    E eis que nossas vidas têm também aquelas linhas com deformações de toda ordem. Realmente, não poderia ser tudo retinho do começo ao fim. No próprio equipamento do hospital, quando aquela linha se estabiliza sem pulsações pra cima ou pra baixo é o fim da linha de fato.
    Pois é, que graça teria se o seu, o meu, o nosso caminho não tivesse uma curva logo adiante, uma pane no percurso, um contratempo qualquer que te obriga a fazer uma manobra de última hora, porque surgiu um fator surpresa?
   Isso, num cenário emergencial, porque nos momentos de calmaria e no tempo adequado você vai mesmo é chutar o pau da barraca como estratégia de defesa, ou apertar o bom e velho botão do foda-se como meio de sobrevivência. Se o médico sabe disso e não pode recomendar por conta da ética profissional, tudo bem, mas o melhor é que são alternativas com eficácia comprovada.
     No mais, eu vejo mais sabedoria quando o médico recomenda a cada um eliminar suas crises e conflitos do que te entupir de remédio.

terça-feira, 24 de janeiro de 2023

YANOMAMI É NOSSO IRMÃO

 
   
    570 crianças yanomamis mortas num período de 4 anos é um número expressivo o suficiente para que não passe despercebido do olhar atento da sociedade, assim como dos órgãos e de todas as autoridades que vão apurar as responsabilidades por um cenário tão desumano e assustador como esse que todos estamos vendo de crianças completamente desnutridas na Terra Yanomami.
    Primeiro que morte de crianças em qualquer patamar é o primeiro indício de enfraquecimento da raça, etnia, em qualquer comunidade ou civilização. Nos conflitos mais sanguinários de que se tem registro na história da humanidade o extermínio de crianças é a ação mais cruel de todos os momentos de adversidade entre os povos.
    No caso dos yanomamis, não consta conflito algum naquela população, que possa servir de referência para uma perda tão significativa, triste e assustadora. Mas é igualmente estarrecedor que esse quadro de desnutrição e fome que infelizmente fulminou aquelas crianças tenha a implicação direta justamente dos órgãos que deveriam cuidar daquela população indígena.
    Além da apuração imediata que poderá confirmar a responsabilidade e culpa do governo anterior de Jair Bolsonaro em perdas humanas na nação yanomami, é necessário uma completa reformulação nas políticas públicas voltadas à causa indígena, tanto na questão da saúde, para que haja proteção e assistência no combate a toda sorte de enfermidades que venham afetar as comunidades, como também no que se refere à segurança daquele povo, de modo a resguardar toda a área já demarcada e definida por lei, mas que sempre sofreu a interferência de invasores, mais precisamente madeireiros e garimpeiros que vêm ao longo de décadas assoreando cada vez mais os territórios indígenas com atividades comprovadamente ilícitas.
    Se antes, com ações mais incidentes de combate, fiscalização e repressão, ainda assim havia constantes ataques e confrontos entre índios e invasores, na gestão anterior o próprio presidente Jair Bolsonaro autorizou em 2020 a atividade de garimpo nas terras indígenas. Uma decisão que impactou e muito a rotina e a realidade dos povos yanomamis.
    São relatos de violência física, destruição, estupro, matança, contra os nativos daquela região em Roraima, além dos prejuízos causados pelas atividades ilegais assentadas nos territórios, que interferem diretamente na saúde local, principalmente a ingestão de mercúrio, metal usado nos garimpos, que contribuiu para esse quadro atual de enfermidades em níveis absurdos.
    A saúde dos yanomamis precisa de assistência e exige respostas imediatas ao descaso da gestão Bolsonaro, porque, definitivamente não é normal que uma ONG evangélica administre parte dos recursos voltados à saúde daquele povo, no momento em que a esfera federal já tem diretrizes e toda uma estrutura de órgãos encarregados dessa missão na terra indígena.
    Que haja punição à altura da mesma agonia, sofrimento e morte causadas aos nossos irmãos yanomamis.


sábado, 21 de janeiro de 2023

JUNTO E MISTURADO

  
   Esse negócio de aquecimento global ainda vai dar muito pano pra manga, principalmente quando a discussão sair do plano político, econômico, social, ambiental, cultural e sexual também, porque com certeza rola um clima quando essa gente se encontra pra falar que a chapa tá esquentando; que o couro vai comer se ninguém cumprir suas metas, enfim. Eu estava doido pra falar isso, só esperava o momento ideal.
    Aquele tradutor deve ficar meio que embaralhado pra desenrolar a fala do palestrante na língua de cada ouvinte, o que mostra que essa questão de interpretação de texto vai bem mais além das tretas no Facebook, mas isso é outro assunto que pode ser resolvido quando todo mundo estiver mais unido, porque o aquecimento ou outro processo qualquer está abalando as estruturas do planeta. Pois é, parece que os continentes estão se aproximando um do outro, olha que bacana.
     Estamos na iminência de virar a Pangeia novamente, pois o sistema geológico ou metafísico, talvez, já identificou e entendeu que esse negócio de subcontinentes não tá dando muito certo não. E melhor voltar como era antigamente. E as placas tectônicas estão fazendo o movimento inverso, revertendo as engrenagens, fazendo voltar a roda da história. Seria um grande paradoxo classificar esse recuo de um ciclo de evolução natural. Mas por pura necessidade a gente vai comemorando esse retrocesso como se fosse um grande avanço global.
   Agora, resta saber se vai ser na mesma configuração de antes, acho meio difícil. Muitos vão se dar bem com novos vizinhos. Outros vão fazer parede e meia com velhos inimigos, imagina. Quem vai fazer fronteira com Kim Jong-un, Putin? Imagine a praia de Copacabana banhada pelo Pacífico, caraca.
    Por outro lado, vai ter gente vendo a miséria alheia mais de perto, ou morrendo de bala perdida num desses conflitos só vistos na televisão.
    Em compensação, pense em quem vai poder ir ali de metrô comprar um vinho em Paris; pagar bem menos para ver o Pateta; pular de asa-delta do Everest com vista panorama do Piscinão de Ramos.
    Novos relacionamentos. Povos de cores e tamanhos diferentes beijando na boca sem fiscalização aduaneira e outras barreiras alfandegárias, e o velho processo de paz no mundo finalmente se concretizando sem a interferência de religião e sigla partidária, já não era sem tempo.
    Só que o efeito de tudo isso será a longo prazo. Nós, certamente não veremos esse modelo menos globalizado de pegação, tolerância, liberté, fraternité, égalité, ordem e progresso. Vai ter muita escavação por aí. Antropólogos de cabelo em pé com tanta bizarrice; outros, realizados diante de grandes achados.
    Mas, pense no quanto a gente seria considerado um povo moderno e visionário quando eles acharem muros pichados com as expressões “tamojunto” e “chapa-quente".

domingo, 15 de janeiro de 2023

CURRÍCULOS



   É tanta gente para ser identificada que certamente vai levar um tempo tão longo e incerto quanto o necessário para juntar aqueles caquinhos dos vasos, uma escultura ou algum outro objeto devastado pela ira daquela horda de pessoas estúpidas, violentas, imbecis, preconceituosas, ignorantes, gananciosas, hipócritas, imorais, desonestas, fraudulentas, destruidoras, ladronas, mal-educadas, grosseiras, incivilizadas, selvagens, e por aí vai que o nosso idioma oferece mais adjetivos, mas o espaço aqui é restrito.
    A parte mais complexa de todo o trabalho de investigação é identificar o que cada um fez naquele lugar, porque é isso mesmo, cada um fez aquilo que é pertinente ao seu caráter, à sua personalidade, à sua herança. Cai por terra aquela baboseira de que o movimento ia ser pacífico, quando na verdade corria na veia de cada gente opressora o sangue com o fator da estupidez, da truculência e da desordem acima de tudo.
    O expediente de quem quebrou, vandalizou, defecou, roubou e infernizou é uma reprodução clara do que o sujeito já realiza e opera em sua vida normal. Faz parte de sua agenda interferir da forma mais abjeta, repugnante e miserável na realidade das pessoas, das coisas, das situações.
     Não tem ninguém inocente naquele passeio gratuito com destino ao inferno. Deus, Pátria e Família, ora veja. Ninguém ali tem a verdadeira noção do que é Deus, no momento em que falseia e distorce o mais simples desígnio como instrumento de evolução espiritual, humana e social para vestir a capa da entidade mais demoníaca de que se tem notícia.
     Não parece que alguém ali com a mentalidade tão infértil e irracional tenha assimilado o verdadeiro sentido de Pátria em toda a extensão da palavra, porque tudo que foi destruído faz parte do acervo nacional, da riqueza do país, do patrimônio da nação, da identidade do Brasil, do povo brasileiro, o conjunto da sociedade brasileira que inclui até os imbecis.
     Ver essa gente falar de Família, automaticamente nos remete à ideia de alguém que vai deixar como herança algo que poderá comprometer o crescimento e a formação de sua prole; um elemento qualquer que vai contaminar o seu círculo de camaradagem ou cumplicidade, ampliando cada vez mais sua própria zona de conforto, porque assim é melhor.
    Se o terrorismo no Brasil é pouco frequente, a sua fórmula de impor pela força é uma receita conhecida, toda vez que a sociedade se defronta com registros de estupro, feminicídio, trabalho escravo, matança de índios, de negros, bala perdida, enfim. Ali tem gente que rouba, mata, trapaceia, corrompe e bate na mulher, pode crer.
     São práticas conhecidas de muita gente que deixou num canto qualquer daqueles escombros suas digitais, que revelarão, não só sua culpa como também seu currículo, seu histórico de vida.

terça-feira, 10 de janeiro de 2023

EUFEMISMO



   Um sujeito passa com o carro na poça d’água bem em frente ao ponto de ônibus. Ele chega a se aproximar mais das pessoas para que o impacto com a água fosse maior. Com o local bem lotado de gente, eu ouvi palavrões de toda ordem lançados ao piloto sacana.
    Mas no meio de toda aquela gente encharcada e pê da vida havia uma senhora que, talvez resignada ou de bem com a vida, sei lá, simplesmente falou para alguém ali ao lado, “é um abençoado mesmo, né!!”.
    Se tem uma coisa entre várias que ainda alimentam o sonho de um mundo melhor é o esforço que algumas pessoas fazem para medir as palavras, ou usar um termo mais ameno para expressar uma revolta, enfim, se controlar mesmo em estágio de cólera, o fogo já quase saindo pelas ventas, mas a pessoa ali, ó, mantendo a linha, vai vendo.
    Na minha época do quartel, num evento de instrução, um sargento nos aconselhou a manter sempre a ternura, mesmo em casos extremos, como medida de bom comportamento, educação, disciplina, ordem e progresso, essas coisas. É claro que ele falou isso com muito cuidado naquele ambiente, pois, esse negócio de ter de endurecer sem perder a ternura já deu muito problema aqui no paisano.
    De qualquer forma, foram as minhas primeiras lições de autocontrole, mas depois lembrei que já tinha visto isso na escola naquelas figuras de linguagem. Então, descobri a importância do eufemismo, não só na minha vida como no mundo todo. O eufemismo é uma instituição formada a partir da ternura, essa parada que já vem embutida em qualquer homo sapiens. Não sei de registro de eufemismo na escrita rupestre, os hieróglifos, mas na era moderna viralizou bastante esse negócio.
    Hoje, é fácil ver o quanto o eufemismo está incorporado à realidade humana. Mesmo que não evite uma grande tragédia, pelo menos funciona para manter a boa aparência. No cenário político a gente vê muito eufemismo. A imprensa mesmo trata algumas figuras assim também. O cara envolvido em tramoia, documento comprovando e tal, mas a matéria diz que ele praticou ato ilícito, subtraindo recursos públicos, porque assim fica melhor.
   Em tempos de guerra também. Os caras quase saindo na porrada, mas rola um tratamento afetuoso. “Vou te quebrar, irmão!”. É o que certamente o abençoado do Putin já deve ter disparado para o Zelensky.
    E falando em abençoado, os evangélicos, então, amam esse eufemismo, claro, como forma de ver melhor o seu semelhante. O cara se converte, mas cheio de pecados no currículo e as irmãs entre os dentes comentando. “Olha lá, irmã, três Maria da Penha nas costas, é um abençoado!”.
    E por aí vai. Agora, tudo bem que tem gente que gosta de falar na cara, na íntegra o recado, papo reto, sem medir as palavras, mas pense no quão conflituoso seria o mundo, mais do que já é, não fosse o eufemismo.
    Se o eufemismo for exclusivo na linguagem do nosso planeta, a gente vai ficar conhecido pelas inscrições nas lápides, nas pichações dos muros, nos stories, nos livros de história, claro, se sobrar alguma coisa quando a Terra partir dessa pra melhor.

                                        Arte: Brasil Escola- UOL

segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

TERRORISMO NÃO ROLA



   Há um simbolismo específico no ataque em caráter de terrorismo às dependências do Palácio do Planalto, do Supremo Tribunal Federal e do Congresso Nacional, que vão bem além da baderna de um grupo que se organiza para depredar bens públicos, como ocorreu em Brasília.
    Se antes esse grupo organizado só mirava o Executivo, mais precisamente a figura do presidente Lula, com ameaças veladas pelas redes sociais às suas diplomação e posse, estendeu-se agora os atentados aos outros poderes constituídos, o Legislativo e o Judiciário.
    Depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva subiu a rampa e levou consigo representantes de segmentos que agora começam a ganhar voz no cenário político, isso certamente incomodou muita gente que não admite espaço a uma parcela há muito tempo relegada ao segundo plano.
   São vozes que se levantam para reivindicar suas demandas e projetos dentro do princípio de liberdade e direitos garantidos a todos os brasileiros, como sugere a própria constituição do Brasil.
    Além do Executivo, que no novo governo do Lula cria órgãos específicos à questões importantes para a sociedade, como a causa indígena, direitos humanos, feminicídios e demais políticas públicas de alta relevância, também o Legislativo ganha uma nova composição à medida que aquela casa recebe e assenta outros representantes da sociedade brasileira.
    Só isso explica o ataque orquestrado aos três poderes constituídos. A agenda do Executivo que estende e investe na diversidade do povo brasileiro, com ênfase do desenvolvimento do Brasil como um todo; o Congresso Nacional, que nas falas de representantes emergentes naquele ambiente reforçam a importância de novos projetos; e o Judiciário que referenda as ações dos outros poderes, dentro, claro, do que reza a Constituição, assim como também interfere quando as letras da Carta forem desrespeitadas.
   Nesse sentido, qualquer ameaça a qualquer instituição, em qualquer poder, é um ataque ao povo brasileiro. O Brasil tem demandas e urgências pertinentes a todas as classes e estratos sociais, e isso precisa seguir dentro da normalidade.
    Agora, se novas ações do Executivo, do Legislativo e do Judiciário ganham força e causem sentimento de repulsa em alguém ou em algum grupo, que esse sentimento não se transforme em violência que possa comprometer o funcionamento das instituições que têm cada uma suas prerrogativas de cuidar e gerir as coisas do Brasil, bem como de seu povo.
    Nesse ataque de agora que tem a face do terrorismo, é urgente uma resposta de todos os órgãos que vão cuidar dessa verdadeira afronta à sociedade. A legislação vigente permite uma punição rigorosa a todos os envolvidos. E seja lá quem for, terão de se acostumar com essa nova composição no cenário político, num desenho que ilustra perfeitamente o que é a diversidade do Brasil.
    Que ecoe por todos os quadrantes do país terrorismo nunca, democracia sempre.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

DEMOCRACIA SEMPRE

   

    Não poderia ser diferente o resultado de mais uma mudança de rumo na vida de todos os brasileiros. Não poderia ser de outro jeito uma consagração dessa magnitude que envolve todos os segmentos da sociedade brasileira, embora haja sempre opiniões divergentes, divisão das pessoas, polarização, o que é normal numa sociedade que goza de toda a liberdade para decidir os rumos da vida brasileira.
    O que não é normal é haver ruptura de todo esse processo, como chegaram a sugerir, ventilar, esbravejar, tentar impor a todo custo como alternativa ao cenário de democracia que o Brasil desfruta, só porque esse estado de coisa, essa tal democracia, ainda não é vista com bons olhos por uma parte da população que ainda reivindica o caos e o retrocesso.
   Mas o melhor de tudo é que não houve nada que pudesse desconstruir a democracia brasileira, porque faz parte da cultura política e da alma de cada brasileiro a oportunidade de fazer suas escolhas.
    E isso fica evidente cada vez que começa um novo ciclo da história política do Brasil, e é motivo de muita comemoração, como se viu agora na posse de Luiz Inácio Lula da Silva para mais um mandato, naquele cenário de festa que é a própria essência do povo brasileiro.
    Ainda mais que vários segmentos da sociedade brasileira, sistematicamente relegados ao ostracismo, se viram agora representados ali na cerimônia, fazendo desse momento o ponto alto de todo o evento. O mais importante se a gente considerar que o retrato do povo brasileiro em toda a sua diversidade cultural, étnica, geográfica, social e econômica deve se fazer valer sempre no cenário político.
   Qualquer governo que se preza tem de considerar essa premissa básica, porque qualquer decisão que o governo tomar, uma medida, um decreto, vai ter efeito na vida brasileira, sim, com a prevalência de um grupo e em detrimento de outros, enfim.
    Toda vez que um governante movimenta recursos de um setor, extingue ministérios, secretarias e demais órgãos, isso também se reflete nos direitos e oportunidades de determinados estratos, num expediente que acaba excluindo parte da sociedade em ações que devem efetivamente contemplar todos os brasileiros.
    Que o presidente Lula retome essa agenda da diversidade brasileira. É saudável para o país que ninguém fique de fora das ações do governo. É importante para o Brasil que nos vejam empenhados nessa missão de convergência social, com ênfase na pluralidade do nosso povo. Por uma questão de sustentabilidade, é importante que a sociedade tenha essa garantia.
    Saúde, Educação, Meio-Ambiente, Cultura, Segurança, Trabalho e qualquer outro setor igualmente estratégico para a população requer o compromisso do gestor de contemplar todo o conjunto da sociedade brasileira.
   A alma brasileira agradece. Democracia sempre.