Esse negócio de aquecimento global ainda vai dar muito pano pra manga, principalmente quando a discussão sair do plano político, econômico, social, ambiental, cultural e sexual também, porque com certeza rola um clima quando essa gente se encontra pra falar que a chapa tá esquentando; que o couro vai comer se ninguém cumprir suas metas, enfim. Eu estava doido pra falar isso, só esperava o momento ideal.
Aquele tradutor deve ficar meio que embaralhado pra desenrolar a fala do palestrante na língua de cada ouvinte, o que mostra que essa questão de interpretação de texto vai bem mais além das tretas no Facebook, mas isso é outro assunto que pode ser resolvido quando todo mundo estiver mais unido, porque o aquecimento ou outro processo qualquer está abalando as estruturas do planeta. Pois é, parece que os continentes estão se aproximando um do outro, olha que bacana.
Estamos na iminência de virar a Pangeia novamente, pois o sistema geológico ou metafísico, talvez, já identificou e entendeu que esse negócio de subcontinentes não tá dando muito certo não. E melhor voltar como era antigamente. E as placas tectônicas estão fazendo o movimento inverso, revertendo as engrenagens, fazendo voltar a roda da história. Seria um grande paradoxo classificar esse recuo de um ciclo de evolução natural. Mas por pura necessidade a gente vai comemorando esse retrocesso como se fosse um grande avanço global.
Agora, resta saber se vai ser na mesma configuração de antes, acho meio difícil. Muitos vão se dar bem com novos vizinhos. Outros vão fazer parede e meia com velhos inimigos, imagina. Quem vai fazer fronteira com Kim Jong-un, Putin? Imagine a praia de Copacabana banhada pelo Pacífico, caraca.
Por outro lado, vai ter gente vendo a miséria alheia mais de perto, ou morrendo de bala perdida num desses conflitos só vistos na televisão.
Em compensação, pense em quem vai poder ir ali de metrô comprar um vinho em Paris; pagar bem menos para ver o Pateta; pular de asa-delta do Everest com vista panorama do Piscinão de Ramos.
Novos relacionamentos. Povos de cores e tamanhos diferentes beijando na boca sem fiscalização aduaneira e outras barreiras alfandegárias, e o velho processo de paz no mundo finalmente se concretizando sem a interferência de religião e sigla partidária, já não era sem tempo.
Só que o efeito de tudo isso será a longo prazo. Nós, certamente não veremos esse modelo menos globalizado de pegação, tolerância, liberté, fraternité, égalité, ordem e progresso. Vai ter muita escavação por aí. Antropólogos de cabelo em pé com tanta bizarrice; outros, realizados diante de grandes achados.
Mas, pense no quanto a gente seria considerado um povo moderno e visionário quando eles acharem muros pichados com as expressões “tamojunto” e “chapa-quente".
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