quinta-feira, 29 de agosto de 2013

O Caso Donadon

   No momento em que a sociedade brasileira espera uma resposta  a seus anseios, através das principais instituições políticas do país, eis que o Legislativo federal dá mais uma mostra de sua inércia e descompasso com a atual realidade brasileira, de manifestações populares pelo fim de velhos vícios e hesitações da classe política em todas as esferas do poder.
   Quanto mais a Câmara dos Deputados, em Brasília, dá de ombros ao chamamento popular pela ética e responsabilidade, mais ela mostra à população seu total desapego a sua prerrogativa básica de representante do povo brasileiro.
   Daqui para frente, qualquer decisão daquela Casa e de qualquer outro segmento político que distorça essa nova tendência de renovação da coisa pública trará consigo o ônus pela falta de sintonia com as reivindicações atuais.
   Esse episódio do Deputado Federal Natan Donadon pode não ser a última das aberrações, enquanto o Congresso Nacional e o Poder Judiciário não falarem a mesma língua nas questões que configurem um novo conceito de práticas políticas no Brasil.
  Apesar das dúvidas quanto a um desfecho satisfatório para a opinião pública, como é possível acompanhar no processo do mensalão, em que se usam todos os recursos que a legislação brasileira oferece para reverter penas e diminuir punições, há um instante de lucidez, quando a condenação de parlamentares nefastos sugere a cassação dos mandatos, embora a decisão fique para os próprios pares do réu.
   Agora, depois de todo o constrangimento vivido pelos deputados naquela votação fatídica a Câmara dos Deputados pinta mais uma mancha em sua história, que nem a decisão do presidente da Casa Henrique Eduardo Alves de suspender os vencimentos e os expedientes de Donadon é capaz de remover.
  A iniciativa do líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio, de recorrer ao Supremo Tribunal Federal para suspender a sessão, sugerindo que a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara envie à Mesa Diretora para que seja homologada a cassação, sem a necessidade de votação no plenário é o mínimo que se pode fazer para apagar mais um triste capítulo da trajetória do Poder Legislativo. 
   De qualquer forma, a Câmara dos Deputados perdeu a oportunidade de se alinhar aos protestos recentes, que num primeiro momento exigiram o fim do voto secreto nos trabalhos da instituição, que o presidente Henrique Alves agora se apressa em sacramentar, o que poderia evitar futuros dissabores para os congressistas, ainda mais agora que o STF vai minando as chances dos mensaleiros.
   

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