Depois da goleada do Barcelona sobre o Santos a discussão sobre o declínio do futebol brasileiro ganhou novos contornos, numa outra seara que passa bem longe da questão de gestão de clube e seleção, envolvendo calendário, arbitragem, contratações, finanças, briga de torcida e público.
O que está em jogo agora é a dinâmica do futebol dentro das quatro linhas, independente da atmosfera que se respira fora do retângulo. O que está em evidência é a diferença entre o conservadorismo de velhas teorias e a visão inovadora de utilização do espaço em campo, a discrepância entre as mentes tacanhas que esbravejam à beira do campo e a preocupação, já visível em outras praças, com novos conceitos de evolução tática, preparação física, fundamentos e profissionalismo.
Ao final daquela fatídica partida chegaram a ventilar que o Santos não estava ali representando o futebol brasileiro. Estava, sim, porque quando o zagueiro do Peixe dava chutões para espanar a bola; o volante errava o passe no meio de campo; e o atacante não conseguia acertar o gol porque o chute saiu torto, não é difícil constatar que essas práticas bisonhas são comuns em qualquer time brasileiro, do líder do campeonato ao último.
Para desconstruir qualquer argumento de que o placar bizarro daquela partida foi uma fatalidade, é bom que se lembre que o Barcelona não é o único time que detém esse nível de excelência, haja vista a última disputa da Liga dos Campeões da Europa.
E se o Brasil hoje não figura do topo do ranking da FIFA, há evidências de que os descaminhos do futebol brasileiro vão muito mais além dos desmandos de dirigentes, estádios com obras superfaturadas, ingressos caros e campeonatos deficitários.
A essência do futebol, aos poucos vai se desgarrando da cultura dos grandes boleiros. A magia do futebol reside mais nos espetáculos radiofônicos e televisivos; de efeitos especiais para jogadas bisonhas; da supervalorização de cabeças de bagre que oscilam entre o despreparo e a incompetência; de treinadores que mascam chiclete à beira do campo, se achando o rei da cocada preta; de jogadores com chuteiras bonitinhas, que não têm a hombridade de treinar chutes à gol ou cobranças de faltas depois do treino, como faziam os grandes astros nos seus tempos de várzea.
A tecnologia e a infraestrutura de grandes Centros de Treinamentos já não são a garantia de formação de grandes atletas em sua plenitude. Hoje, as fórmulas arcaicas do receituário futebolístico em terra brasilis, mais do que extrapolar as leis da física, descortina também a mediocridade e o pragmatismo dessa velha arte de jogar pelada.
Velhos tempos aqueles em que os olheiros garimpavam os meninos de canelas cinzentas, lapidados pelo campo encharcado de lama e talento nato.
Nosso último camisa 10 foi PH Ganso. Hoje, os que temos por aqui já estão na meia idade, como Alex, do Coritiba; Deco, Flu; etc. Ou então importamos da Argentina(D´Alessandro, Conca), Uruguai (Forlan), Holanda (Seedorf)... Já fomos uma fábrica desse tipo de jogador. Quem não se recorda da copa de 70 que tínhamos 5 deles que a vestiam em seus clubes (Pelé, Rivelino, Tostão... termine a lista você mesmo). AAAHHH!!!, quanta nostalgia.
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