Apesar de ser de praxe no meio legislativo o solicitante de uma CPI conduzir seus trabalhos, é normal, até pelo espírito democrático, o alvoroço que grupos contrários à proposta fazem.
O que não é saudável é a outra parte que nem sequer assinou abertura da CPI querer presidi-la, o que aos olhos de grande parte da sociedade que sofre diariamente com a precariedade dos transportes públicos é uma manobra para direcionar seus interesses.
Até porque a composição da Comissão não obedeceu os critérios de proporcionalidade dos partidos na Câmara dos Vereadores, tanto que a 5ª Vara de Fazenda Pública suspendeu os trabalhos da CPI baseado nessa falha de regimento da Casa.
Como vai ser composta essa CPI ninguém sabe, mas cabe aos vereadores que vão conduzi-la a missão de trazer à luz as implicações dessa suspeita relação dos empresários de ônibus com a prefeitura e as consequências que vão além do péssimo serviço prestado à população.
Quando explodiram os protestos nas ruas do Rio, em junho, o prefeito Eduardo Paes foi pressionado pela população e entidades da sociedade civil a esclarecer o teor dos contratos firmados com os empresários do setor e o governo municipal, ainda ecoando o barulho que os manifestantes fizeram por conta do aumento do preço das passagens.
Eduardo Paes, no entanto, perdeu a oportunidade de recuperar sua imagem, sem a necessidade de uma Comissão Parlamentar, cujos trâmites poderão desgastar a sua imagem e as cores do partido, caso os trabalhos de investigação na Câmara dos Vereadores não tragam a verdade sobre os bastidores do setor.
E essa falsa posição de neutralidade que Eduardo Paes adotou não o exime de responsabilidade. Se a CPI dos Ônibus acabar em pizza, o prefeito poderá carregar um fardo tão pesado quanto o dos seus aliados.
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