sábado, 23 de abril de 2011

A bola vai rolar

    
     Toda vez que começam a discutir sobre os preparativos para a Copa do Mundo, não só os olhos do mundo se voltam para o Brasil, como também aqui, mais e mais brasileiros vão se dando conta de que o cronômetro já foi acionado.
     Tem muita gente que já está esperando a hora da grande festa, a abertura, os jogos da seleção brasileira e a atmosfera futebolística que vai pairar sobre a rotina do nosso povo, durante os dias em que durar o evento. Não demora muito e começam os prognósticos sobre os eventuais campeões e as manifestações dos milhões de técnicos de futebol espalhados pelo Brasil, além da chegada da imprensa internacional, em meio aos turistas vindos de todos os cantos, de todos os continentes.
     É justamente esse fluxo de gente vindo para cá que preocupa os organizadores de tão importante acontecimento do mundo esportivo.
     É claro que vai dar tudo certo no final. Com relação aos atrasos no cronograma das obras de reforma dos estádios que vão sediar os jogos, o governo, na pior das hipóteses, vai adotar o regime de urgência e acelerar os preparativos, sem a necessidade de licitação, como manda e permite a lei. Tudo bonitinho, portanto. No espocar dos fogos da festa de abertura todo mundo vai respirar aliviado, com a sensação do dever cumprido.
     Outra questão que está deixando muita gente de cabelo em pé são os aeroportos, cuja infraestrutura deixa a desejar, simplesmente porque aumentou a demanda, pela concorrência com os ônibus. Tem gente pagando menos para ir à Minas Gerais de avião do que pela estrada, com direito à buracos  e chegando bem depois.
     Mas isso não é nada que a Agência Nacional de Aviação Civil não resolva, passando um pito nas companhias, que em contrapartida, poderão aumentar o preço das passagens, diminuindo a procura e aliviando o sistema, pelo menos durante a Copa, quando muitos vão preferir guardar o dinheiro para comprar camisa oficial, tomar cerveja, comprar os jogos pela Tv, e se sobrar algum, ainda adquirir aquela sinistra e barulhenta vuvuzela tupiniquim, a ter de viajar de férias em pleno recesso nacional pelos jogos do Brasil.
     Quisera os pessimistas de plantão que tudo fosse resolvido assim, com um toque mágico. Só que a tal varinha de condão não vai conseguir retocar a imagem  do país lá fora, logo após a festa de enceramento, quando geralmente se faz um balanço do espetáculo, analisando os prós e contras, e o próprio legado deixado à população, independente de o nosso capitão levantar o caneco.
     Toda essa suposição levantada é uma reprodução do discurso que muita gente está fazendo, especulando sobre o vexame do Brasil, caso algo dê errado com algum item das exigências que a FIFA faz para que o anfitrião não fique com a imagem arranhada.
     Pois, me desculpem, todos vocês, mas eu acho que já estamos passando por um grande vexame, pelo simples fato de os delegados da FIFA desembarcarem aqui para conferirem se está tudo dentro do cronograma estabelecido.
     Para se ter uma idéia, em 2002, quando o Japão sediou aquela Copa junto com a Coréia do Sul, a Alemanha, anfitriã quatro anos depois, já anunciava que estava tudo pronto naquele país. Pelo jeito, só conseguimos “tirar onda” dentro das quatro linhas.
     Fomos, durante muitos anos, relegados ao segundo plano no cenário mundial. O Brasil era conhecido por pedir dinheiro emprestado e moratória depois; jogando bola sem ganhar nada, além do período nebuloso que vivemos até chegarmos aos dias de hoje, quando já somos convidados a sentar à mesa nas grande festas de arromba que o Primeiro-Mundo costuma promover.
     Nos damos ao luxo de meter o bedelho na política alheia, enviar soldados ao exterior em missão de paz e, pasmem, emprestar grana para o FMI.
     Pois, bem! Já estamos bem grandinhos para ficar comprando ingressos em fila que não anda, debaixo de tiro e porrada, em plena odisséia para 2014.
     Estava na dúvida sobre o que foi pior para o Brasil: as botinadas do Felipe Melo ou o gol do Gighia?
     Acho que vou ter de reformular a pergunta.   

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