Já passou da hora de tirar de cenas essas Organizações Sociais na gestão de unidades de saúde nos estados. Se antes foi concebido para simplificar, agilizar e tornar mais excelente o atendimento à população, hoje, esse modelo se revela completamente prejudicial à população, em todos os aspectos. Não atende com eficiência toda a demanda e ainda traz prejuízos aos cofres públicos, já que funcionam sob regime fraudulento, em meio à teia de corrupção envolvendo seus gestores e agentes públicos.
Quando começou esse sistema de parceria com a iniciativa privada, vários setores da administração pública aderiram ao modelo de concessão de serviços públicos à empresas privadas como forma de modernizar o atendimento à população.
Houve questionamentos sobre as garantias de eficiência na prestação do serviço, já que a administração pública poderia perfeitamente gerir as unidades de saúde de forma direta, adequando os efetivos de cada unidade de acordo com as peculiaridades de cada uma nas regiões em que funcionam.
Se havia contestação pelo aumento de despesas com pessoal através de concurso público, onerando ainda mais a folha de pagamento, hoje, o montante que o estado gasta com superfaturamento e desvios de toda ordem não compensou o esforço em apostar num modelo que poderia ser excelente para a saúde da população e das finanças do estado.
Para piorar a situação, não se criou nenhum mecanismo que pudesse resguardar os recursos empregados na empreitada, caso houvesse algum contratempo, alguma mudança de rumo nos contratos feitos com essas organizações, ou seja, não consta nos acordos firmados a má-fé de todos os envolvidos nessa transação pra lá de ilícita.
Agora, as organizações interrompem o serviço por força das investigações e prisões efetuadas e a população fica aí na pista, mais carente do que já estava, ainda mais nesses tempos de pandemia.
Um estado rico como sempre foi o Rio de Janeiro não deveria passar por isso. Tirando esse tempo em que falta dinheiro para despesas legais e investimentos, com o governo ainda costurando sua política de recuperação fiscal, o estado do Rio de Janeiro pode perfeitamente retomar uma política de saúde pública dentro de todo o orçamento destinado ao setor, sem roubalheira, com transparência, e gerir de forma eficiente as unidades de saúde de sua esfera. O estado do Rio tem potencial, tanto de receita quanto de atração de investidores, capaz de prestar os principais serviços com excelência e lisura.
Para isso, é necessário que o próximo gestor adote uma política que interrompa de vez essa prática dentro da área de saúde, uma vez que já foi repassada da gestão anterior para essa atual os mesmos desmandos. Porque as prisões efetuadas e todas as investigações e conduções da justiça no caso não terão efeito algum se o próximo governante continuar com essa farra com o dinheiro público.