terça-feira, 29 de setembro de 2020

FECHANDO A PORTEIRA

    Para quem achava que a boiada passaria em meio à distração da sociedade, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, vai botando em prática sua sugestão feita naquela famosa reunião ministerial de abril, às claras mesmo.
   Não bastassem as queimadas que já ardem no Pantanal e na Floresta Amazônica, agora as restingas e manguezais que ficam também na iminência de destruição com a decisão de Salles de revogar normas que protegem essas áreas importantes para o ecossistema. 
   Com isso, abre-se espaço para construções irregulares pelo uso inadequado do solo naquela região, sem qualquer estudo de impacto ambiental, tudo sob a bandeira do turismo ecológico, mas com claros objetivos comerciais para atender a interesses de empreendedores imobiliários.
   A possibilidade de a sociedade ver essas áreas completamente degradadas passa a ser maior, no momento em que o próprio governo mexe na estrutura do Conama, o órgão criado para discutir de forma racional as questões ambientais, diminuindo o poder de voto da sociedade civil de decidir sobre deliberações do órgão.
   Agora, além das cinzas nas matas brasileiras, as restingas e manguezais também poderão sofrer alterações em suas paisagens, já que as eventuais construções nessas áreas vão produzir toda sorte de detritos, lixo e esgoto, que sem tratamento adequado tornará mais difícil o processo de recuperação, mesmo que a própria natureza se recomponha aos poucos.
    É mais um capítulo na velha saga de desequilíbrio ambiental que vem marcando a gestão de Ricardo Salles à frente do ministério do Meio Ambiente, o que já remete a sociedade brasileira a especular sobre os desdobramentos da atual política ambiental do governo federal, completamente oposta às diretrizes, acordos e protocolos de encontros e fóruns já realizados para discutir o assunto em todo o mundo.
    E ao contrário de como sugere o próprio ministro, não passa despercebido de ninguém um assunto de grande repercussão. Além de parlamentares que poderão impedir as mudanças no Conama promovidas por Ricardo Salles, como já  adiantou o deputado federal Alessandro Molon em um Projeto de Decreto Legislativo, o Ministério Público Federal foi mais além e solicitou à Justiça Federal do Distrito Federal o afastamento de Ricardo Salles da pasta do Meio Ambiente.
   Tanto a vigilância do Parlamento quanto a defesa da justiça seria a resposta ideal para frear o expediente e o ímpeto do ministro Salles, que vem trazendo consequências trágicas ao patrimônio natural do Brasil. 
   Que a sociedade possa cada vez mais ficar vigilante aos desmandos de quem cause danos ao meio ambiente, especialmente de quem se espera uma gestão pública que possa conjugar o meio produtivo e demais intervenções e empreendimentos com a preservação das riquezas naturais brasileiras. 
    
   

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