quarta-feira, 2 de setembro de 2020

CRIVELLA JÁ PODE SAIR

    O prefeito do Rio Marcelo Crivella resolveu incluir em sua agenda de governo um item completamente incompatível com os ideais da democracia. 
    Se já era ruim que a população sentisse na pele a precariedade do sistema de saúde do município e tivesse dificuldades para usar os canais disponíveis para expor sua indignação, pior ainda quando a imprensa se vê impedida de tornar públicas as reclamações frequentes dos pacientes das principais unidades de saúde da cidade. 
   Os tais “guardiões” que o prefeito colocou na porta dos hospitais municipais, mais do que uma afronta à liberdade dos cidadãos e da imprensa, é a prova cabal de que os serviços oferecidos não condizem com a atual realidade e demanda da população, caso contrário a imprensa não encontraria obstáculo algum para informar à população a excelência do serviço. O próprio prefeito faria questão da publicidade.
   Aliás, o prefeito poderia utilizar esse grupo para entrar nos referidos hospitais e verificar se a unidade está funcionando dentro dos conformes, com um relatório dos problemas e necessidades  que cada um tem e enviar ao prefeito, que de posse de informações pudesse efetivamente melhorar a qualidade do serviço. É o mínimo que quem prometeu prometeu cuidar das pessoas poderia fazer. 
   Agora, ao utilizar funcionários para atuar fora de suas atribuições para interpelar o trabalho de repórteres na porta dos hospitais municipais, o prefeito Marcelo Crivella incorre em prática ilícita, em total desacordo com as prerrogativas do cargo e pode ser interpelado judicialmente, como já adiantou o Ministério Público do Rio de Janeiro, manifestando a intenção de investigar a suposta participação de Crivella no esquema organizados pelos funcionários através das redes sociais. 
   Não seria exagero afirmar, portanto, que o prefeito Marcelo Crivella corre risco de impeachment, se comprovada sua responsabilidade no esquema denunciado.
   Para o bem da democracia, da cidade e da população não seria de todo mal tirar o poder de quem nunca esteve preparado para o cargo, não aceita críticas à sua gestão e vive constantemente atentando contra um dos princípios básicos da democracia: a liberdade de imprensa. 
   A persistir esse despreparo para o cargo, melhor sair.




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