Certa vez, conversando com uma senhora sobre os problemas de saúde que todos nós vamos adquirindo e acumulando ao longo dos tempos, ela disse com muita segurança e propriedade que estava feliz por envelhecer de baixo para cima.
Era a sabedoria de quem já estava calejada o suficiente para administrar seus dramas e doenças que vão surgindo, e o privilégio de viver o que parece ser a via mais saudável enquanto vamos sofrendo a degeneração natural.
Ninguém está ileso de algo que vai nos incomodar bastante numa fase qualquer de nossa existência, mesmo com todo o tratamento adequado, porque há sempre uma dor aqui e ali, mas é realmente melhor que a cabeça seja a última parte do nosso corpo a parar de funcionar.
Fiquei por muito tempo pensando na fala maravilhosa daquela senhora e na capacidade que cada um de nós pode ter de suportar uma dor qualquer, seja ela física ou psíquica, no momento em que o cérebro, a mente, enfim, essa máquina que comanda nossas ações continue funcionando a pleno vapor.
Não que as outras doenças não precisem de atenção, investimentos e estudos, mas as ocorrências relativas ao cérebro é o maior desafio da comunidade científica do mundo inteiro até hoje, sempre será. O primeiro sinal de evolução humana se deu justamente com as transformações que o cérebro de nossos ancestrais sofreu. E isso, claro, influenciou todas as mudanças no mundo.
De lá pra cá a mente humana produziu coisas maravilhosas, mas aproveitou também muito mal sua inteligência, em detrimento de sua própria espécie.
Se a gente acreditar que as boas ações vão sempre prevalecer sobre as vacilações do ser humano, vai valer a pena mais e mais esforços para todos aqueles que se debruçam sobre a mente humana, não só investigando o que nossa cabeça é capaz de produzir, como também criar novos procedimentos, medicamentos que possam efetivamente evitar a degeneração precoce da mente humana.
O mundo carece de novas ações. Há uma expectativa cada vez maior por outras formas de vida, comportamentos, olhares sobre o mundo, e isso requer mentes mais saudáveis, que comandem novas práticas. Não essas aberrações de hoje. Quanto mais nós e as próximas gerações tivermos a oportunidade de ampliar nossos horizontes nos planos individual e coletivo, é uma contribuição que cada um estará dando para a construção de uma nova era.
Independente das intenções do homem em geral, é melhor que as engrenagens do cérebro humano fiquem mais tempo em funcionamento.