Definitivamente, o inverno não é coisa que se deva comemorar, apenas curtir, porque dura pouco, igual a alegria de pobre, dizem por aí. Aos que não acham graça alguma nessa friaca, só resta aceitar que dói menos.
E os caras do clima já avisam antecipadamente que o inverno vem chegando, tal dia, até a hora exata. Aí o sujeito já vai dormir sabendo que quando acordar a era glacial já está lá fora numa nova temporada.
E como não bastasse o desconforto físico para quem já está acostumado a andar de bobeira com a camisa pendurada no ombro, há um descontrole total nas ações do dia a dia, porque o sujeito acaba perdendo a concentração para cumprir aquela agenda normal de sempre, tudo na sua ordem cronológica ou de prioridades, enfim, uma prova de que o cérebro que organiza tudo isso também sente essa mudança, e trabalha assim de forma analógica.
O resultado e os efeitos da friagem na vida das pessoas é o desmantelo total para cumprir uma simples rotina, vai vendo. Nos próximos meses, será normal, tranquilo, a vida de quem tem horror ao frio virar de ponta à cabeça.
O cara já começa o dia tendo que tomar um banho super gelado pra não ficar refém do casaco no decorrer do período. E o velho ritual de tomar banho acaba se tornando o primeiro tormento. Não é masoquismo algum, ninguém quer sofrer, claro, mas é necessário aquela ducha congelante pra quebrar o gelo lá da rua, tudo rapidinho, lógico, vapt vupt.
Aí, quando o cara vai se ensaboar percebe que o sabonete tá no fim, é aquele finalzinho que fica praticamente grudado ali na saboneteira. Vai ter de ser aquele mesmo. Imagina, sair todo molhado para buscar um sabonete novo lá na dispensa. O tempo é curto e além do mais, aquele pequeninho mesmo serve, é só pra tirar aquele cheiro de cama que neguim ostenta de manhã no metrô, no busão.
Mas eis que dá pra piorar o que parecia sob controle naquele momento. Aquele minúsculo sabonete que resolve seu problema imediato, aquela coisinha cai no chão com a velocidade de lavar tudo ao mesmo tempo, entende? Pois é, aí você apanha o bagulho do chão. Quer dizer, você tenta, né, porque ele gruda no chão, e quanto mais você vai forçando para sair, ele toma até outra forma, tipo aquela massinha das crianças.
A essa altura, a água nas costas fustigando as costelas e a alma ao mesmo tempo, e o cara tentando arrastar o sabonete para aquelas divisas entre um piso e outro, fazer uma alavanca, tirar o troço e dar fim a todo o martírio. Um sofrimento que na verdade, nem deveria tá rolando, pois, dava pra usar o shampoo, né, ô, cabeção!
Tudo bem, não há garantias de que o frio interfere nas funções cerebrais, mas desconfio.
Para quem gosta de frio, bem vindo ao inverno, aproveite, receba.
Texto bem humorado. Adorei . Sigo gostando do sol.
ResponderExcluirQ visão linda essa atitude de compreensão q vivemos epicentro frio,calor, chuva,sol etc... Abrs
ResponderExcluirJá que o inverno existe que venha e vá logo,pois não vejo a hora de ver o sol reinar
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