segunda-feira, 29 de agosto de 2011

O bonde sem freio


    Vai dar muito que falar esse acidente com o bonde de Santa Tereza, muito mais pelas falhas de manutenção do que as vítimas fatais e os feridos como resultado do sinistro. Mesmo nessa hora em que começa todo mundo a deitar falação, jogo de empurra e outros palavreados é bom que se saiba que a culpa é de todos. Eu também me sinto culpado por ter presenciado o encosto do banco do bonde sem parafusos e não ter reclamado ao motorneiro ou ao Sr. Sérgio Cabral, quando fiz aquele passeio, dias desses.
      A angústia por que passa os turistas no seu rolé pelo Largo da Neves e adjacências se soma ao martírio dos moradores de Santa Tereza em sua rotina normal, cotidiana, porque afora a natureza paisagística e aprazível, o local acumula os mesmos problemas dos outros bairros da cidade, também infestados de lixo pelas esquinas, falta de segurança, favelização, e como não poderia deixar de ser, transporte público deficiente.
     Se não tem parafuso na tampa da caixa de óleo do eixo do bonde, também sobram pneus carecas nos ônibus urbanos; vagões de Metrô, vez ou outra, sem extintores de incêndio; barcas à deriva na Baía de Guanabara, num retrato de abandono e descaso do poder público com a integridade de moradores e visitantes da nossa ainda maravilhosa cidade.
     Mas se falta explicação dos governantes para tamanha inércia, não se vislumbra qualquer iniciativa da população para mudar esse quadro. E se alguém levantar a voz para qualquer barbaridade ao nosso redor a grita não passa de fato isolado, que não chega a ecoar nos ouvidos das autoridades.
      Já existem vários canais de comunicação para que o cidadão possa externar sua indignação e ver resultados. Na Câmara dos Vereadores é bem provável que a Comissão de Transportes Público da Casa dê alguma explicação acerca das políticas envolvendo o setor, antes mesmo que o eleitor resolva esperar o dia das eleições para fazer mudanças nos assentos do Palácio Guanabara e da Cidade Nova.
     Independentemente das curvas que o bonde faz, a população carioca precisa tomar outro rumo no destino que damos em nosso voto.    
  

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