Um grupo de jogadores das séries A e B se reuniu
para reivindicar algumas mudanças no futebol brasileiro, com vistas,
principalmente, à carga de jogos de um calendário para lá de extenuante para
uma parte considerável dos boleiros.
Fora do curso dos clubes de futebol, dificilmente a
CBF e as Federações vão atender aos pedidos do movimento.
Com relação à redução dos jogos, item
principal da lista de reivindicações do grupo, o Campeonato Brasileiro só
sofreria alguma alteração se diminuíssem o número de clubes participantes do
torneio, a não ser que ressuscitassem aquela velha fórmula de disputas por
grupos e chaves, em detrimento do bem-sucedido mecanismo de pontos corridos.
Nesse caso, os clubes é que iriam se levantar
para deixar quieta essa fórmula que deu certo para todos, inclusive com a anuência
das federações, cujo poder depende do apoio de alguma agremiação que
eventualmente fosse alijada em virtude da mudança proposta.
Já ventilaram também a possibilidade de extinção dos
Campeonatos Estaduais como alternativa de enxugamento do calendário, o que
implicaria uma compensação ao prejuízo político e financeiro também das
Federações.
E para o corporativismo do futebol não ficar
restrito à entidade maior, às representações nos estados e aos próprios clubes,
eis que as emissoras que detêm os direitos dos certames não moveriam muita
palha para flexibilizar o calendário, considerando as altas receitas que o
televisionamento dos jogos proporciona, por conta de contratos já firmados com
clubes e marcas.
Em política não há bom senso, só interesses. E
no meio futebolístico não é diferente essa prática de esgotamento do outro
extremo frágil, como o torcedor, que à espera de grandes espetáculos, não tem
nenhuma satisfação garantida, e o atleta, que apesar de ser recompensado com
salários vultosos, também sofre na pele o arrocho que o mundo do futebol herdou
da vã política.
Mas, não se pode
atribuir apenas à ganância de dirigentes, clubes e mídia o esgotamento físico
de atletas profissionais. Com a inserção cada vez maior de novas tecnologias no
preparo de jogadores, o futebol vai aos poucos renovando e modificando o
universo dos principais protagonistas do espetáculo do futebol, tal qual
acontece em outras modalidades esportivas.
Com o tempo, por
mais que se invista em ferramentas de ponta para excelência de jogadores, a
estrutura física e biológica de atletas com mais idade não conseguirão
acompanhar essa evolução que sugere resultados imediatos dentro das quatro
linhas.
Com isso, a
experiência de jogadores já rodados não será suficiente para o entrosamento
pleno em esportes coletivos como o futebol. Tanto que técnicos atentos a essa
nova tendência já mesclam seus planteis com jogadores da base, jovens, com mais
vigor físico, de forma a acompanhar e atender uma nova demanda de táticas mais
eficientes para ocupação do espaço em campo.
Com toda a
consideração e respeito à trajetória de grandes jogadores que contribuíram para
a história do futebol com sua arte e talento, é bem provável que renomados
boleiros abreviem suas carreiras por força das circunstâncias.
E são justamente
estes que lideram esse movimento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário