Definitivamente o Rock in Rio não é só um palco de estrelas ascendentes
ou o último ciclo daquelas que estão no limiar de seus derradeiros brilhos.
Aquilo é uma ágora, onde a competência de discorrer sobre os sonhos, os
amores, os projetos e todas as outras condições humanas não permitem que a
diferença estética e ideológica das bandas, das musas e dos handsomes estabeleça a supremacia de um
sobre o outro.
Nem mesmo
a hierarquia subliminar entre Palco Mundo e Sunset é capaz de desconstruir a
democracia que o evento vem renovando a cada edição.
E o
Rock in Rio é um evento tão igualitário que ninguém tem um tempo
excepcionalmente maior que o outro para expor a sua mediocridade ou o seu
refinamento.
Se o Festival foi concebido com esse propósito
de conexão de tribos, de ideais, não podia mesmo ser uma seara apenas de
metaleiros, embora o progressismo do metal esteja sempre à frente de qualquer
outro barulho vindo dos batuques, dessa nova fornada pop e de todas essas
misturas de ritmos e gêneros que sempre teve espaço nas edições do Rock in Rio.
Não é difícil enxergar os fantasmas que aparecem a
todo instante no espetáculo das luzes, nas performances, nos timbres, nas
batidas e nas coreografias. Desde os astros que se foram àqueles que ainda
pisam neste plano, eles aparecem em cada apresentação como a sombra de seus
seguidores.
É
como se o Fred Mercury, o Michael Jackson, o Kiss, os Rolling Stones, o Guns N'
Roses, o U2, Bob Dylan, além de Bob Marley, Ella Fritzgerald, Chuck Berry, Louis Armstrong
e outros expoentes estivessem presentes em tempo real.
São os
sofistas, que de uma forma ou de outra, persuadiram as gerações seguintes, cada
um em sua vertente teatral ou circense.
A
influência musical e o alinhamento irrestrito ao estilo de outras épocas. A
musicalidade, a poesia, a mensagem inserida nas letras, nos requebros,
eternizadas e atualizadas em novos arranjos e batidas, sobem ao palco como
herança de tudo que já foi discursado, tocado e cantado para outras grandes
plateias.
O
sucesso e o brilho das próximas edições do Rock in Rio vão depender sempre dos
mitos e das lendas vivas.
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