sexta-feira, 25 de julho de 2014

Rio dos gambás


  Domingo, dia 20 de julho, o jornal O Globo publicou uma matéria dando conta da frequência de gambás em algumas localidades da zona sul do Rio, assim como a ocorrência de gaviões, canários, capivaras e tartarugas em outros pontos da cidade.
   Na mesma edição, reportagem alerta para a proliferação de edificações ilegalmente construídas na região do Itanhangá, aos pés do maciço, em direção à Floresta da Tijuca.
  Tão estarrecedor quanto à presença de animais de várias espécies no meio urbano é a falta de comprometimento da publicação em dispensar aos seus leitores a relação de causa e efeito entre os dois eventos.
   Já não basta que o poder público permita construções irregulares em áreas que já poderiam estar protegidas de qualquer processo de degradação, através de mecanismos que pudessem efetivamente erradicar a ocupação do solo urbano sem o mínimo controle dos órgãos governamentais.
   Antes mesmo de a mídia espetacularizar a presença de aves, mamíferos e répteis no convívio humano, as três esferas de governo há muito tempo trata com total descaso a questão ambiental, ou pelo menos de forma tímida os projetos de desenvolvimento das grandes cidades.
   Seja em tragédias de grandes proporções ou em eventos aparentemente inofensivos, a verdade é que a falta de fiscalização que o prefeito Eduardo Paes admite ser difícil executar contribui para transformações urbanísticas distante de tudo que foi discutido em encontros anteriores, principalmente a Rio+20, cujo propósito da sustentabilidade, se posto em prática, poderia desenhar um cenário mais adequado às urgências que se verificam agora.
   Com isso, a população assiste a esse crescimento desordenado que culmina com o desequilíbrio ecológico inserido na vida urbana de uma grande metrópole como o Rio, onde o despreparo do poder público anda em descompasso com a realidade da cidade maravilhosa, com a contribuição da imprensa espetaculosa.
   Lamentável! 

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