domingo, 4 de outubro de 2020

O BÁSICO DAS PALAVRAS E AÇÕES

    Ainda existe aquele mito de que é difícil falar de economia. Para muita gente fica complicado acompanhar ou interpretar a fala dos especialistas, aquelas pessoas que têm o notório saber. Eu acho até que mesmo quando eles falam de forma simples e se esforçam para que todos entendam, ainda assim sai um monte de palavras difíceis, termos rebuscados, principalmente quando há a verdadeira intenção de explicar algo que não traz solução alguma.
   É um expediente comum a outras áreas de atuação humana, não só no ambiente de economia, finanças, essas coisas, porque como muita gente já percebeu, toda vez que se pretende camuflar, disfarçar, desviar ou mesmo sonegar informações,  fatos e realidade das coisas, é justamente o jogo de palavras a ferramenta utilizada.
   Só que esse recurso se estende também para as ações homem, o outro estágio depois das falas inúteis. 
   Todo mundo tem acompanhado o esforço do governo para criar esse benefício, o Renda Cidadã, para as classes menos favorecidas, dentro da política assistencial que todo governo adota como meio de sobrevivência, não necessariamente do povo, mas do próprio governo.
   Porque é isso mesmo que a gente vê nessa agenda econômica que o presidente Bolsonaro e sua equipe tentam emplacar nesses tempos de pandemia. É evidente que  o presidente quer fazer graça com os mais necessitados sem que outros setores sejam sacrificados. O governo quer criar recursos para o benefício, sem furar o tal teto de gastos, quando seria  melhor conter gastos, o que implicaria cortar despesas de outros setores. Dá para fazer isso, o problema é que ninguém quer dar sua cota de sacrifício. 
   Seria até bizarro acreditar que o presidente ainda insiste em instituir o Renda Cidadã com recursos do Fundeb, o fundo das crianças da educação básica, mas a equipe vai além e cogita empregar o dinheiro de dívidas que a União tem de pagar por força de decisão judicial. Imagine um aposentado que ganhou uma causa do governo por correção de proventos; um cidadão que finalmente vai receber uma indenização para compensar uma perda; ou a compra de computadores para uma escola que vai ficar para depois. 
   Pois é, são esses que seriam sacrificados, não os detentores de grandes fortunas, que em outros países estariam tranquilamente subsidiando essa ajuda do governo. Seria uma maneira de distribuir renda e viabilizar a economia do país de forma mais saudável. Do jeito que Bolsonaro quer fazer apenas aumenta temporariamente o poder de compra dos mais pobres em itens básicos, sem que isso aumente de fato o poder aquisitivo dessa parcela. 
   Ainda há muito receio de fazer o dinheiro circular saudavelmente. Essas crises que rolam no mundo, que de vez em quando abalam as estruturas é fruto justamente disso, o dinheiro mal distribuído no mundo. A maior parte do dinheiro só circula no mesmo lugar de sempre, nas mãos das mesmas pessoas. 
   Aqui no Brasil é a mesma coisa, ninguém quer contribuir em subir o nível das pessoas de baixo. Muito pelo contrário, se aproveitam e aumentam o preço dos alimentos em plena pandemia. Bancos cobram juros de quem atrasou pagamento por causa da crise do coronavírus. São dois grupos econômicos que poderiam contribuir para melhorar a vida das pessoas, mas, não.
   Pois bem, é assim. Dá para falar de forma simples como dá para agir de maneira menos complicada também. 

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