sábado, 17 de outubro de 2020

BANALIZANDO A MALANDRAGEM

    Vivemos um tempo em que certas coisas absurdas tomam formato de algo natural, normal. Eu digo que vivemos porque pode ser passageiro também. Pode ser que lá na frente haja uma mudança de rumo e tudo que agora parece normal volte a ser bizarro novamente. Claro, quando a sociedade em sua grande maioria entender que todo processo deve ser interpretado da forma como ele é em sua origem, ou seja, não se pode inverter os valores ou a ordem das coisas como se isso fosse, sei lá... permitido por lei.
   Em mais um episódio de bizarrice que já ilustra o cenário político faz tempo o senador Chico Rodrigues(DEM-RR) é flagrado com dinheiro público que seria destinado ao povo de seu estado, Roraima, para o combate ao Covid-19. O que deveria chamar mais a atenção é o ato em si, o roubo, a sacanagem com o dinheiro, não a forma como ele se manifesta. Não interessa se a grana estava na cueca do sujeito. Seria um dinheiro sujo de qualquer maneira se estivesse em gaveta, mala ou baú.
   O que não pode é uma ação dessa natureza, tipificado como crime perante a lei em vigor no país, se banalizar assim, naturalmente, e não haver nenhuma expectativa de penalidade como efeito da vigilância do povo com a coisa pública. 
   Que se deixe de lado esse corporativismo que estimula as práticas ilícitas. Já era para todo o Senado estar mobilizado para cassar o mandato do senador Chico Rodrigues, independente de partido, corrente ideológica. É a honra do Senado que está em jogo. Esse sujeito certamente ocupa a cadeira que alguém usou no passado para dignificar o Senado Federal e o estado representado ali. 
   Mesmo que o senador Chico Rodrigues não se envergonhe de decepcionar o seu eleitorado em Roraima, o Conselho de Ética da casa não pode hesitar em cassar o mandato do parlamentar, cujo partido, o Democratas, também deve tomar uma posição em nome da moralidade pública, e não ficar sob as amarras do compadrio e do corporativismo só porque é a sigla do presidente da casa, David Alcolumbre, e também do Conselho de Ética, Jayme Campos.
   Não há nada que possa amenizar a culpa e má-fé do senador Chico Rodrigues, não há atenuantes quando o  dinheiro público for o objeto da malandragem. Há, sim, um agravante, pois o recurso desviado era destinado à área de saúde, em que vidas humanas estão envolvidas, principalmente agora nesses tempos de pandemia.
   Não precisa ser de Roraima pra se indignar, basta ser brasileiro, basta ser humano. A sociedade brasileira não pode mais conviver com o ilegal, o errado, e achar que é normal, que é assim mesmo, tipo tá tranquilo, irmão e segue o barco.
   O senador Chico Rodrigues só faz isso porque não frearam o ímpeto de seus pares no passado. Será que convencionou achar que isso mudaria com tempo? Não. Simplesmente, banalizaram o ilegal junto com a impunidade. Esse sujeito, Chico Rodrigues, é o fiel representante de um pais atrasado, aquele Brasil que no passado institucionalizou a bandalha, a canalhice, a sacanagem com o povo brasileiro. 
   É  por causa de gente assim como o senador Chico Rodrigues e tantos outros que parte da sociedade trata essa imoralidade como coisa normal. 
   Cabe ao povo brasileiro vetar esse projeto de lei para o Brasil.

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